quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Uma mãe

Uma mãe é um ser praticamente místico.

Quando acontece um acidente com um filho,
veste a capa, põe a espada, enche-se de uma
força sobrenatural, age e reage em piloto automático,
como se fosse desprovida de emoções.

Uma mãe até pode conseguir ver sangue,
assistir a cada ponto que o médico espeta na carne
que, não sendo a sua, é profundamente sua.

Uma mãe conduz, estaciona, diz frases com sentido,
resolve, decide, informa, trata.

Uma mãe ri-se, dos nervos, e dá força, dá ânimo,
desvaloriza todos os acontecimentos,
apoia os que, em redor, estão mais aflitos.

Uma mãe pode tudo,
mesmo quando juraria não poder nada.
Uma mãe é valente,
mesmo quando garantiria ser frágil.


Uma mãe em emergência é tudo isto.

Depois, quando a emergência passa,
uma mãe tira a capa, arruma a espada
e sente-se menos que uma mãe,
menos que uma mulher,
menos que uma pessoa.

Sente-se um trapo do chão.


Sónia Morais Santos

Daqui


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