sábado, 12 de novembro de 2011

Textos Rádio Costa D'Oiro da primeira quinzena de Novembro


Textos “Algarve Pela Vida”
De 01 a 14 de Novembro de 2011

Dia 01 de Novembro – Terça-feira

Recordo o cheiro dos lençóis lavados, a guerra para lavar os dentes, histórias contadas antes de adormecer. O desejo de chegar a casa, o aconchego e, depois, outra vez a vontade de sair.
Corria para a minha mãe quando caía e me magoava. Não para o meu pai, porque seria preciso dar muitas explicações e ouvir de novo o racional "Eu já te tinha avisado...".
Um prato especial nos dias de festa. Birras. É preciso vestir aquela roupa nova. É a tua vez de lavar a louça.
Depois do jantar fazíamos jogos e entretínhamo-nos uns com os outros. Por vezes, quando era Verão, saíamos a passear e apanhávamos pirilampos.
A chuva lá fora, o calor dentro de casa. Um livro. Um amigo que vem lanchar. Um ralhete porque desta vez passámos dos limites e as calças vêm cheias de lama. Acordar com um beijo. Adormecer com uma oração.
Natal. Os primos. Visitas a casa dos avós. Brincadeiras. É tão bom ser pequenino...
Coisas pequenas. Diárias. Vulgares. Mas enormes, únicas, cheias de magia.
Ao crescer, descobri que para se ter os lençóis lavados e passados a ferro é preciso frequentemente deitar-se mais tarde e dormir menos.
Vim assim a saber que o cimento da família é aquilo que se faz pelos outros, deixando de fazer aquilo de que se gosta, para os ver felizes, para os construir, para os ajudar a chegar a onde devem chegar.
Aquelas pequenas coisas da minha infância foram grandes, afinal, porque eram feitas de um amor sacrificado e escondido. Esse amor toca naquilo que é pequeno e engrandece-o. Desenha flores no pó do quotidiano. Só ele permanece.
Texto de Paulo Geraldo, professor.

Dia 02 de Novembro – Quarta-feira

O psicólogo John Money, falecido em 2006 é considerado o "pai" da teoria da chamada "identidade de género" e que afirma que os géneros feminino e masculino são apenas culturais e não características inatas do ser humano.
Para defender a sua teoria, Money conduziu durante anos várias experiências com os gémeos Bruce e Brian, dois rapazes norte-americanos.
Bruce fora acidentalmente castrado aos oito meses, e em consequência, Money sugeriu aos pais que a criança recebesse uma intervenção cirúrgica, hormonas femininas e uma educação com perfil feminino.
E assim Bruce tornou-se "Brenda". Na sua adolescência, porém, "Brenda" sentia-se rapaz pelo que os seus pais decidiram revelar a verdade aos seus dois filhos. "Brenda" insistiu, então, em voltar a ser rapaz. Perturbados com a descoberta, ambos os irmãos acabaram por sofrer sérios problemas psicológicos que em 2002 e 2004 os levaram ao suicídio .





Dia 03 de Novembro – Quinta-feira

Um estudo realizado pela Deco/Proteste, junto de candidatos e de pessoas que conseguiram adoptar uma criança, concluiu que o processo em Portugal, além de burocrático demora em média três anos e 12% dos inquiridos aguardaram mesmo mais de cinco anos.
Aguentar o tempo de espera e a falta de apoio psicológico durante esse tempo, são de resto as principais preocupações manifestadas pelos inquiridos”.
Por sua vez, o principal factor que pode levar a desistir é a idade da criança que, em média, pretendem crianças com idades até aos três anos, embora alguns aceitem ficar com crianças mais de cinco anos.
Segundo o último relatório do Ministério do Trabalho, no ano 2009, havia quase 10.000 crianças, sem pais, e internadas em instituições de acolhimento.
Para quando mudar este panorama?

Dia 04 de Novembro – Sexta-feira

Os governos impõem a educação sexual nas escolas
Sempre ouvi dizer, embora como eufemismo, que praticar sexo é fazer amor, mas então como se pode administrar boa educação sexual se não se explicar primeiramente aos alunos, em que consiste realmente o amor ?
No sei se o governo ou o ministério têm algumas directivas sobre o que é o amor. Mas se o sexo é a consequência do amor e o ministério não ensinar o que é amor mas apenas o que é o sexo, está a ensinar a consequência, sem ensinar o que lhe está na origem.
Então vai ensinar o quê?
Se ensinar os métodos contraceptivos, então estará a ensinar primeiros socorros ou farmacologia, mas não estão certamente a dar educação sexual e muito menos a falar sobre o que é o amor.

Dia 07 de Novembro – Segunda-feira

O divórcio "à la carte", na hora, o divórcio "simplex", radicado na ideia de que o importante é ser feliz a cada momento, os outros que tratem de si, criando a sensação que a felicidade está na infantilização dos adultos, nos Peter Pan eternos, lança diariamente para a pobreza mães e filhos. Na anterior lei, o divórcio só era obtido uma vez regularizada a situação dos filhos. Agora, com esta lei, os filhos não são entrave. Na hora, o homem sai de casa, deixa filhos e mulher, empregada ou desempregada, tendo ela sacrificado ou não a sua vida profissional à família que queria construir. Ele divorcia-se legalmente bastando invocar essa vontade. Ela e os filhos, para reaverem alguns direitos, têm de ir a tribunal. Resultado: os tribunais estão completamente assoberbados de processos sem solução à vista, os filhos ficam sem pai e sem meios. Foi a lei mais brutalmente machista aprovada desde há muitos anos em Portugal por detrás de uma cortina de discursos de modernidade, de igualdade de género e de felicidades descartáveis ao virar de cada esquina.
A ausência de ética e de responsabilidade na sociedade, na família e em cada português eis o mote da crise actual que é, reconheça-se, uma crise sobretudo ética e de valores.




Dia 08 de Novembro – Terça-feira

Os principais motivos para os casais não desejarem ter mais filhos prendem-se com os entraves que as mulheres sentem em conseguir integrar o mercado de trabalho; com as dificuldades na conciliação família-trabalho; com os custos associados ao crescimento das crianças; e com as dificuldades relacionadas com a sua educação. Problemas de saúde, na gravidez, parto e cuidados infantis são também outros factores mencionados.
Em face deste quadro, o economista prof. João Duque defende a necessidade políticas urgentes de incentivo à natalidade e acrescenta mesmo que uma população envelhecida tem um perfil “menos empreendedor e menor propensão para o risco e para a inovação”. Por sua vez, Luís Campos e Cunha, ex-ministro das finanças vai mais longe e afirma que, parte do défice público “está relacionado com o envelhecimento” pelo que sugere aos reformados um papel mais activo nas empresas
Conciliar de forma harmoniosa o trabalho com a vida em família eis o grande desafio para todos nós.

Dia 09 de Novembro – Quarta-feira

Em cada uma das nossas casas, existem pequenos pormenores que, de forma quase subtil, podem contribuir de forma muito positiva, para garantir o reforço e consolidação dos laços familiares. Eis alguns:
- Evitar ser pessimista e enaltecer o positivo.
- Ser compreensivo e afectuoso, renunciando, se necessário, às próprias preferências pessoais.
-Saber escutar, de forma atenta e autêntica, se necessário, parando o que estamos a fazer.
- Evitar dar lições de moral. Melhor é dar exemplo e ser subtil na forma como se tenta passar as mensagens.
- Cumprimentar à entrada e saída de casa.
- Estar atento às pequenas tarefas coisas da casa, tais como arranjos, limpezas e arrumações.
- Arranjar tempo para estar com as pessoas da família, de preferência, uma a uma, a sós.
- Nas refeições, agradecer e elogiar o cozinhado. Ser agradecido.
E, por fim,
- Ter habitual e periodicamente um pormenor de atenção para quem vive connosco, por exemplo, através da compra de uma pequena prenda ou comida que seja do seu agrado

Dia 10 de Novembro – Quinta-feira

Afirma a psicóloga Maria Góis que da sua experiência “sem excepção, todas as mães que, por terem sido ajudadas, decidiram não interromper a gravidez, chegaram ao final da mesma com um estado de espírito completamente diferente daquele que tinham no início. Talvez a palavra que melhor caracterize este sentimento seja satisfação.
Estas mães, por muitos problemas pessoais, sociais ou económicos que tivessem, acolheram os seus filhos com grande satisfação. Por os terem tido, mas, acima de tudo, o sentimento lactente era o de, afinal, não ter sido necessário interromper o desenvolvimento da vida de cada um deles!
É esta a principal mensagem que esta psicóloga gostaria de passar:
É possível, quando confrontados com uma mãe que quer abortar, fazermos um caminho com ela.
Um caminho que exige disponibilidade, entrega, confiança, eficácia na condução e resolução dos problemas e, acima de tudo, uma grande capacidade de gerir as prioridades, ou seja, garantir o bem-estar da mãe e do filho.




Dia 11 de Novembro – Sexta-feira

Quem paga as reformas de uma geração é a geração seguinte.
As pessoas devem receber uma reforma proporcional à contribuição que deram à constituição da geração seguinte.
Há duas formas de contribuir para a sustentabilidade da segurança social:
a) ou tendo mais filhos
b) ou sofrendo a aplicação do "factor de sustentabilidade da segurança social".
Não é justo que dois casais com o mesmo rendimento, o casal A (com 3 filhos) e o casal B (com zero filhos), tenham o mesmo rendimento na reforma. O casal A passa pela vida com mais dificuldades criando os filhos que depois vão pagar a reforma ao casal B, sendo que o casal B usou o dinheiro que não gastou com filhos a investir, a viajar, a comprar bens importados agravando os problemas do país, a aforrar, a investir em PPR e outros benefícios fiscais.
Quem não teve filhos pode aforrar mais e por isso ter uma pensão menor. E quando esta medida de elementar justiça for tomada Portugal deixará muito rapidamente de ter a 3ª menor taxa de natalidade da Europa.

Dia 14 de Novembro – Segunda-feira

O que é a teoria da anomia?
Este termo foi cunhado por Émile Durkheim em seu livro “O Suicídio”
A anomia é um estado de falta de objectivos e perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno.
A partir do surgimento do Capitalismo como forma de explicar o mundo, há um brusco rompimento com valores tradicionais, fortemente ligados à concepção religiosa.
A Modernidade, com os seus intensos processos de mudança, não fornece novos valores que preencham os anteriores valores demolidos, ocasionando uma espécie de vazio de significado no quotidiano de muitos indivíduos. Há um sentimento de se "estar à deriva,"
Por sua vez, Robert Merton, em 1949 no seu livro “Estrutura Social e Anomia”
associa a anomia à prática de certos crimes e comportamentos anti-sociais (alcoolismo e toxicodependência).

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