domingo, 22 de maio de 2011

A educação do carácter e da vontade dependem do contexto




Em “Out of Character: Surprising Truths about the Liar, Cheat, Sinner (and Saint) Lurking in All of Us”, os responsáveis pelo estudo agora publicado em livro, David DeSteno e Piercarlo Valdesolo, argumentam que a visão tradicional que temos do carácter – ilustrada comummente pelo anjinho e diabinho alojados nos nossos ombros e cuja “voz” de um ou de outro escolhemos ouvir – está plenamente errada.





Em termos neuronais e para estes dois investigadores, o carácter é um produto em flutuação constante devido a impulsos beligerantes no cérebro, sendo que uma das “facções” se concentra em recompensas de curto prazo e a outra nas de longo curso. Ou seja, em termos muitos gerais, esta guerra não tem necessariamente a ver com os conceitos de bem e de mal, mas sim com a situação ou com o momento em causa.

O carácter não é algo que possa simplesmente ser ‘ensinado’ a partir de uma estratégia de fornecimento de regras e de (bons) exemplos”, afirma DeSteno numa entrevista que concedeu à revista Scientific American. E acrescenta que não basta dizer a alguém que deve ser bom, que não deve roubar e assumir que essa pessoa seja capaz de fazer o bem apenas confiando na sua força de vontade.

Para o investigador, a educação moral tem de ter como base um conjunto de competências, e os pais deverão dizer aos seus filhos “não só qual é o objectivo, mas também como lá chegar, ou seja, que ‘partidas’ poderão as suas mentes lhes pregar e que estratégias devem estes utilizar para ‘convencer’ o seu carácter a mover-se na direcção adequada”. É que aqui a questão não é “você é uma boa pessoa no geral?”, mas sim “você é uma boa pessoa neste momento em particular?”.

É este contexto situacional que os autores defendem como uma das suas grandes “certezas”, ou seja, que o nosso comportamento moral é moldado pelo contexto em que nos encontramos em determinado momento.

P.S.- Mais uma prova, acrescento eu, em como a educação sexual não pode ser só a disponibilização de informação, sem mais !!!




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