sábado, 1 de janeiro de 2011

TEXTOS RÁDIO COSTA D’OIRO


DIA 28 DE DEZEMBRO

Recordo o cheiro dos lençóis lavados, a guerra para lavar os dentes, histórias contadas antes de adormecer. O desejo de chegar a casa, o aconchego e, depois, outra vez a vontade de sair.
Corria para a minha mãe quando caía e me magoava. Não para o meu pai, porque seria preciso dar muitas explicações e ouvir de novo o racional "Eu já te tinha avisado...".
Um prato especial nos dias de festa. Birras. É preciso vestir aquela roupa nova. É a tua vez de lavar a louça.
Depois do jantar fazíamos jogos e entretínhamo-nos uns com os outros. Por vezes, quando era Verão, saíamos a passear e apanhávamos pirilampos.
A chuva lá fora, o calor dentro de casa. Um livro. Um amigo que vem lanchar. Um ralhete porque desta vez passámos dos limites e as calças vêm cheias de lama. Acordar com um beijo. Adormecer com uma oração.
Natal. Os primos. Visitas a casa dos avós. Brincadeiras. É tão bom ser pequenino...
Coisas pequenas. Diárias. Vulgares. Mas enormes, únicas, cheias de magia.
Ao crescer, descobri que para se ter os lençóis lavados e passados a ferro é preciso frequentemente deitar-se mais tarde e dormir menos.
Vim assim a saber que o cimento da família é aquilo que se faz pelos outros, deixando de fazer aquilo de que se gosta, para os ver felizes, para os construir, para os ajudar a chegar a onde devem chegar.
Aquelas pequenas coisas da minha infância foram grandes, afinal, porque eram feitas de um amor sacrificado e escondido. Esse amor toca naquilo que é pequeno e engrandece-o. Desenha flores no pó do quotidiano. Só ele permanece.
Texto de Paulo Geraldo, professor.

DIA 29 DE DEZEMBRO

Este ano, por cada dia que passou, foram feitos 53 abortos legais. Em 2007, os números não ultrapassaram os 36. O número de interrupções voluntárias da gravidez tem crescido sucessivamente desde que a prática foi despenalizada há três anos.
"A tendência no Norte da Europa é para uma estabilização passado dois ou três anos. E depois um decréscimo . Se cá não baixam é preocupante: legislou-se, mas não se iniciou um programa a sério de prevenção da gravidez", critica Luís Graça, director do serviço de obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O especialista, que foi um dos maiores defensores da aprovação da lei em 2007, está desiludido com os resultados. "Tomam-se medidas pontuais, mas não se tomam medidas de acompanhamento. Não há políticas preventivas e, assim, o aborto vai continuar a ser usado como um método de não concepção."
E, mais do que com os resultados, está desiludido com as mulheres: 354 foram reincidentes e fizeram mais do que um aborto em 2008 e 2009. "Fui ingénuo. Tenho pena que não tenham estimado uma lei feita para salvaguardar a sua saúde: era para protegê-las das complicações dos abortos clandestinos, não para fazerem dois ou três abortos em dois anos."
Este texto é da autoria do diário “i”


Dia 30 DE DEZEMBRO

Em 2009, houve 19 572 contra os 18 607 abortos praticados em 2008 (mais 965). E, até Agosto de 2010, os casos já atingiram o patamar dos 13 mil. Ou seja, a manter-se a média actual, 2010 vai fechar ligeiramente acima do ano anterior, o que contraria a tendência decrescente noutros países europeus que optaram pela legalização.
Para Daniel Serrão, não há qualquer razão que justifique o aumento dos abortos praticados no país, já que "é uma intervenção completamente desnecessária, que, independentemente de ser feita de forma legal, só traz riscos para a mulher
A lei do aborto não foi acompanhada por medidas que educam para a sexualidade. Se os métodos contraceptivos são gratuitos, não há nenhuma razão para as mulheres não terem uma vida sexual sem necessidade de abortar", lamenta o médico e especialista em ética da vida.
Além das falhas no planeamento familiar, o especialista aponta para a necessidade de controlo das repetições de abortos. "Na maior parte dos países, as mulheres só podem fazer um aborto. Aqui é a la carte", acusa. O registo dos motivos que levam as mulheres a abortar seria, na opinião do especialista, o primeiro passo para perceber "se o fazem por fome ou miséria, por falta de companheiro ou só porque sim".
Este texto é da autoria do diário “i”

DIA 31 DE DEZEMBRO
O ano termina e é tempo, por isso, de fazer um balanço.
Se olharmos para trás certamente veremos que, em muitas ocasiões, andámos a perder o nosso tempo precioso em momentos de ócio estéril e de inactividade ou que o desperdiçámos com ninharias e em situações onde nos quisemos procurar mais a nós do que aos outros.
Quando um avião, caí ou tem um problema técnico, logo as autoridades competentes procuram fazer uma investigação exaustiva para apurar a origem de tal problema e a forma de o poder prevenir e evitar, no futuro.
Também na nossa vida, a forma inteligente de aproveitar esta passagem de ano passará por pensar no que fizemos de mal ou de menos bem e do como é que poderemos melhorar e corrigir os nossos defeitos, e maus hábitos. E ninguém esperará que nos transformemos de um dia para o outro.
Resta a consciência de que se, ao menos, tentarmos, com autenticidade e um verdadeiro querer, já estaremos a ser e a fazer o mundo muito melhor.

Dia 3 DE JANEIRO
O amor pela vida faz-nos amar, em primeiro lugar, a nossa vida e fazer tudo para que esta seja verdadeira e, por isso, santa. Este é o primeiro resultado da fé que leva à descoberta do grande valor da vida. Um compromisso sério com a nossa própria vida.
O amor, em segundo lugar, faz-nos ainda querer partilhar a vida e ajudar os outros, faz-nos ir ao encontro de todos, sem fazer aceção de pessoas e ajudar cada um nas suas necessidades imediatas ou mais profundas.
Mas, caríssimos, a primeira obra e a mais importante é a família. Cada um cuide bem da sua família e ajudemo-nos nesta tarefa. Defender a verdadeira família implica que os esposos se amem e concorram para o bem do outro em tudo, crescendo na consciência de que o verdadeiro amor passa por dificuldades e exige sacrifícios para reforçar a unidade e aumentar os frutos e só assim se pode ser feliz. Cuidar da família é cuida a educação dos filhos. Uma educação que passa muito mais por um acompanhar do que por um dar coisas ou dizer muitas palavras, que passa por sentir a responsabilidade com a própria vida para testemunhar o gosto de viver santamente e querer que os filhos sejam santos e não apenas por querer que os filhos não tenham problemas e sejam importantes neste mundo ou ricos.
Este é um excerto da mensagem lida na festa de Natal da Federação Portuguesa pela Vida.

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