O elogio do inútil
Porque é que o inútil é importante?
Porque o inútil subtrai-nos à ditadura das finalidades que acabam por ser desviantes em relação a um viver autêntico.
Condicionados por esta fi nalidade, e aquela, e aquela acabamos simplesmente por não viver, por
perder o sentido da gratuidade, a disponibilidade para o espanto e para a fruição. Recorrendo a uma expressão do teólogo Dietrich Bonhoeffer, a inutilidade é que nos dá o acesso à “polifonia da vida”, na sua variedade, nos seus contrastes, e na sua realidade escondida e densa. E a polifonia da vida outra coisa não é que a sua inteireza, tantas vezes sacrifi cada à prevalência contínua do que nos é vendido por útil.
Neste sentido, Jesus de Nazaré é verdadeiramente o Mestre do inútil!
como crescem. Não trabalham nem fi am… Pois eu digo-vos: nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles” (Lc 12, 22).
Num tempo de aperto, em que o útil nos constringe ao máximo empenho, é importante não esquecer o lugar que, precisamente nestes dias difíceis, temos de conceder ao inútil.
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