Textos “Algarve Pela Vida”
Outubro 2013
Dia 29 de Outubro
2013- Terça Feira
Uma
sociedade tolerante não é aquela que aceita tudo. Não pode aceitar a guerra da
Líbia, a instabilidade do Iraque, ou a violência da China... não aceita o
inaceitável.
Não
derruba os pilares-base da vida social, nomeadamente o princípio de que a vida
humana é inviolável. Esta verdade não é negociável, numa sociedade digna.
A
verdade fundacional da democracia é que o ser humano, pelo simples facto de o
ser, possui uma respeitabilidade intocável.
No dia
em que uma vida humana seja dispensável, quebrou-se o princípio e a vida humana
passou a ser um valor relativo.
Se uma
sociedade aceitar que algumas pessoas sejam mortas, segundo determinados
critérios, ninguém está a salvo, porque nenhum critério resvaladiço subsiste
depois de se derrubar o princípio de que a vida humana é inviolável.
Dia 30 de Outubro de 2013- Quarta Feira
Os educadores e psicólogos ressaltam a importância de
ensinar as crianças e adolescentes a lidar com as frustrações.
Mas como fazer isso de uma maneira eficiente?
Desde logo, os pais, mães e professores têm que dar exemplo
da forma como lidam com as suas frustrações do seu dia a dia, as do trânsito, do
trabalho, da esposa, do marido, etc Para lidar com as frustrações temos que
fomentar as virtudes da fortaleza, da paciência e da generosidade, saber
colocar-se no lugar do outro etc.
São as virtudes humanas que proporcionarão a sabedoria para
superar com alegria e bom humor as inúmeras contrariedades que a vida nos traz
e trará no futuro.
Dia 31 de Outubro de 2013- Quinta Feira
Um casal precisa ter objetivos vitais comuns.
A vida conjugal é uma canoa com dois remos.
Por isso, um casal precisa dividir momentos
juntos, porque a voragem cotidiana pode criar uma certa distância, de maneira
que aquilo que deveria ser tão perto, fica tão longe.
O zelo comum pela educação e formação dos filhos
é um dos melhores termômetros do grau de amor conjugal.
Um casal deve fomentar o respeito mútuo, porque
não há amor sem respeito; deve saber administrar o tempo livre; deve repartir as tarefas domésticas de forma
equitativa e zelar por uma boa comunicação, porque, além de saber escutar e
falar, é preciso um esforço por entender e, muitas vezes, ceder.
Viver o espírito dessas pequenas coisas – o
cuidado recíproco, esse estar pendente do outro ao longo dia – não é fácil,
sobretudo numa sociedade que, cada vez mais, quer que vivamos para trabalhar e
não trabalhar para vivermos.
Dia 1 de Novembro de 2013- Sexta Feira
Hoje em dia, há um grande desejo de viver,
sobretudo por parte dos jovens.
Eles querem experimentar a vida a todo o
custo.
Mas, muitas vezes, confundem vida com
vivência.
Eles pensam que o recheio da vida está no
facto de terem muitas vivências.
A vida não está dependente da quantidade das
vivências, mas da sua qualidade.
A vida não é, antes de mais, consumir, mas
percecionar, sentir, provar e saborear.
Não é a quantidade de coisas que eu tomo
para mim que decidem se eu vivo realmente, mas o modo como eu perceciono e
experimento aquilo que me é oferecido. Tem a ver, sobretudo, com a intensidade
da vida.
Dia 4 de Novembro de 2013- Segunda Feira
«Ninguém te pode magoar a não ser tu mesmo-
Uma condição decisiva para experimentarmos realmente a vida é que não nos
magoemos continuamente.
Há muitos que tornam a sua vida difícil,
porque se deixam sempre magoar ou porque se magoam a si mesmos; desvalorizam-se, sentenciam-se,
culpabilizam-se, procuram em si mesmos a razão de cada conflito que acontece.
Com um coração grande posso experimentar a
grandeza e a liberdade da vida. Mas o caminho para esta grandeza do coração
atravessa a estreiteza da ordem e da renúncia. Para poder saborear, tenho de
aprender a renunciar.
A verdadeira qualidade de vida está em experimentar a
grandeza do coração no meio da pequenez do dia a dia.
Quando eu percorro os conflitos diários e a pequenez que me
rodeia, com este grande coração, aí é que me torno verdadeiramente vivo e
livre.
Dia 5 de Novembro
de 2013- Terça Feira
Como
diz José Luis Nunes Martins, pode alguém acreditar no bem e não o protagonizar
na sua vida?
As
nossas ações realizam-nos, no sentido estrito do termo: tornam real algo que
era antes mera hipótese.
A nossa
vida é uma permanente e dinâmica construção do nosso ser, uma viagem que nos
leva de um quase nada, com potencial, a algo bem concreto.
Os
caminhos que escolhemos marcam a nossa existência, mas as nossas decisões
fundamentam-se naquilo em que acreditamos, naquilo que confiamos ser a verdade.
Ao limite, é sempre a fé que motiva para o bem...
Quando
nos damos a alguém, numa palavra ou gesto, estamos a construir felicidade nessa
pessoa.
Um
homem é a fé de que for capaz.
Dia 6 de Novembro de 2013- Quarta Feira
Para o professor
e filósofo Ricardo Stork a escola deve, desde logo, ensinar os alunos a pensar.
Hoje, em dia, as
pessoas conformam-se com poucas frases e muitas imagens.
Renuncia-se a explicar as coisas: apenas se
mostram.
A cultura da imagem não necessita de
argumentação para manipular a opinião pública.
É tal a força das imagens que mostrá-las já é
suficiente
Discorrer, pensar, torna-se assim cada vez menos
necessário.
Por isso as explicações do que vemos são
sumamente simples; o mais importante é o contato direto e imediato com a
notícia.
Isso afasta as pessoas do hábito de argumentar e
pensar, e por isso se vai dando cada vez menos importância às razões.
O velho costume das conversas ou tertúlias
vai-se perdendo.
É preciso
enriquecer a linguagem, é preciso fomentar o diálogo, o exercício mental de
raciocinar, de defender uma causa, de ter argumentos para as próprias decisões,
e de não fazer apenas o que os outros fazem
Dia 7 de Novembro de 2013- Quinta Feira
Como
diz José Luis Nunes Martins, a dureza e o peso da tristeza que se abate sobre
aquele que desespera chegam-lhe do vazio dos sonhos que deixou que se tornassem
impossíveis, da preguiça do egoísmo que o paralisou e o levou à perda de si
mesmo.
Só
pelas ações concretas podemos alcançar o céu da existência, mas o caminho para
se lá chegar passa por muitos pontos onde somos chamados a dar passos adiante
por cima do nada, por onde não se vê chão... por onde não há chão.
As
maiores dores são as que obrigam alguns homens a engrandecer-se para lhes fazer
frente e seguir adiante... é de fraquezas que se faz a força.
Dia 8 de Novembro de 2013- Sexta Feira
É urgente recordar este
poema de Eugénio de Andrade
É urgente o
amor
É urgente um barco no mar
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos, muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Dia 11 de Novembro de 2013- Segunda Feira
Como colaboram os avós na educação dos netos?´
Os conselhos e recomendações que vêm dos avós muitas vezes
aceitam-se melhor do que se viessem dos próprios pais.
A experiência de vida dos avós, a sua paciência, o tempo de
que dispõem, pode fazer dos avós excelentes educadores.
Ainda por cima, os avós representam um laço de união entre
as famílias e as gerações e isto dá à criança ou jovem um sentimento de
segurança e de pertencer a algo que o torna mais equilibrado.
Mas há no entanto o perigo do avô em vez de educar a
criança fazer precisamente o contrário quando, por exemplo, os avós protegem ou
mimam demais a criança, quando se mostram como “bons”, em oposição aos pais que
são “maus”.
É, portanto, importante fomentar as relações entre os pais,
filhos e avós e envolver os avós no papel secundário de ajudar os pais no seu
papel principal de educação dos netos.
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