terça-feira, 4 de junho de 2013

Sobre o filme da reacção do lobby gay a quem pensa de forma contrária

 
 
O  filme dos estudos sobre a coadopção gay, que agora corre no Corta-Fitas e no Jugular, é uma sequela do que tive a honra imerecida de protagonizar há uns tempos. Começou e acabou da mesma maneira, mas desta vez foi muito mais rápidoA primeira cena é igual. Alguém escreve uma evidência, por exemplo que os casais gays são mais instáveis ou mais promíscuos e isso desaconselha a adopção. Pedem-nos estudos científicos que confirmem essa evidência, que não passaria de preconceito. É um desafio legítimo, mas, se citarmos estudos a favor da nossa posição, segue-se a tentativa de descredibilização (cena central), que  pode ter duas versões: os estudos não são actualizados ou não têm peer review.
Se os estudos são actualizados e têm peer review, passa-se à cena seguinte: a tentativa de descredibilização dos autores dos estudos. Também aqui há duas versões: ou os autores têm convicções religiosas que os tornam homofóbicos ou não têm o reconhecimento da comunidade científica. As duas coisas estão geralmente ligadas. Não ter reconhecimento da comunidade científica significa, na linguagem do activismo gay, ser alvo de um processo disciplinar na ordem ou na universidade por “homofobia” ou ir contra o “consenso” da comunidade científica. Como aconteceu a Abel Matos Santos, alvo de uma queixa pública na Ordem dos Psicólogos por alegadamente se prestar a um papel “pouco digno e pouco sério”, segundo a Ana Matos Pires.
O objectivo desta sequência é impedir a circulação dos estudos contrários à adopção gay e reservar o estatuto de cientificidade para os autores que a defendem, como se só as conclusões a favor fossem científicas. O mecanismo mais eficaz para criar um falso consenso científico é a tomada de posição pública de uma associação profissional. O caso sempre citado é o parecer favorável à adopção gay da American Psychological Association (APA), em 2004. Apresentado como científico, trata-se apenas de uma moção, votada pelos membros da APA, em apoio das conclusões de um grupo de trabalho da APA chamada Gay, Lesbian and Bisexual Issues, formado por activistas LGBT com o objectivo de combater a discriminação sexual (leia-se: a discriminação de que supostamente seriam alvo os LGBT). As conclusões de um tal grupo de trabalho são previsíveis, mas são também o clímax do filme.
A adopção gay torna-se, assim, o único caso de estudo das ciências sociais em que só uma conclusão é possível – sob pena de processo disciplinar ou descrédito académico. A isto chama o activismo LGBT “consenso científico”, mas este consenso tem pouco de científico porque contraria a própria ideia de investigação: recusa o debate entre hipóteses e nasce do ostracismo do adversário. As associações profissionais e os departamentos universitários pró-LGBT são a nova Inquisição. Mas o fundamento do “consenso” é o mesmo: a eliminação de qualquer visão alternativa.
A partir daqui, e se insistimos em apresentar argumentos que põem em causa as APA e quejandos, resta o insulto. O filme aproxima-se a passos largos do fim. No meu caso, o insulto incluiu até os meus filhos (dei alguma luta e o verniz, ou o que restava dele, estalou por completo). No caso do Abel Matos Santos e do João Távora, o verniz estalou muito mais cedo e passou-se rapidamente dos estudos ao insulto. O verniz está cada vez mais fino. The end.
 
Pedro Picoito

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