sábado, 2 de fevereiro de 2008

Quando Deus dá um filho, dá também o pão para ele…



Era esta uma frase que os mais velhos outrora diziam, com uma profunda sabedoria. Quando um filho é anunciado, brota energia de fontes desconhecidas, surgem forças inesperadas de onde menos se espera, ocorrem pequenos milagres no quotidiano que ajudam os pais a andar para a frente, mesmo quando o momento é complicado, mesmo quando os tempos são difíceis. Quando um primeiro filho nasce, os jovens pais crescem e amadurecem. Quando, mais tarde, outros filhos chegam, os pais, independentemente da sua idade, como que rejuvenescem.

De entre os múltiplos problemas e acidentes de percurso que a sociedade hoje enfrenta, um dos que causa mais receio reside numa gravidez inesperada ou indesejada. Ou no receio de levar por diante uma gravidez com alguma probabilidade de gerar uma criança deficiente. Ou ainda num espectro mais assustador, o cenário de outrora de ser pai de um “rancho de filhos”. Não que seja impossível sustentá-los, alimentá-los, educá-los convenientemente. Mas simplesmente porque alteram o estilo de vida a que a sociedade nos habituou. Estes medos da nossa sociedade encontram uma resposta crescente, muito para além do mero planeamento familiar e da contracepção, no simples recurso ao aborto, tornado quase natural. É uma solução cada dia mais facilitada, cada dia mais acessível e incentivada e promovida. Em todo o mundo dito civilizado. Os anúncios das clínicas estão todos os dias nos jornais diários por todo o país. Aqui em Portugal, em tamanho “garrafal”, em particular no jornal Público. No metropolitano de Paris alguns anúncios recentemente colocados mostram jovens rapazes e raparigas sorridentes e entusiasmados. como se acabassem de sair de uma festa, sob o título: “sexualidade, contracepção, aborto, um direito, a tua escolha, a nossa liberdade!”

O aborto é o mero corolário da tendência da sociedade para o comodismo e o usufruto individual de todos os recursos. Para salvaguardar um padrão de vida aceitável, ou um determinado estatuto social, ou a mera liberdade sexual, torna-se necessário garantir e assegurar uma sexualidade “à prova de bala”, completamente inócua, 100% estéril. Uma gravidez inesperada abala fatalmente toda a estrutura económica, profissional e social de um jovem, de uma jovem, até mesmo de um casal perfeitamente estável. As consequências dos relacionamentos esporádicos dos jovens e das relações extraconjugais dos menos jovens necessitam uma vigilância apertada, quase policial, evitando-se surpresas desagradáveis ou situações irremediáveis. A margem de erro é mínima.

Estamos num ciclo vicioso em que a sociedade corre, consome, gasta, come, bebe, vive em aparente festa permanente, mas na realidade vai ficando desumanizada, desvitalizada, envelhecida, fechada em si mesma, sem força anímica e sem sangue novo nas veias. Este fim de ciclo em que o aborto passou a ser aceite e vulgarizado é a outra face da moeda de uma sociedade que estraga recursos, que desperdiça todos os dias, que deixou de ter princípios, que perdeu o Norte, e que se vai afundando sem perceber porquê. Nos tempos do holocausto nazi, também foi difícil perceber até onde se tinha chegado. Mas com Hiroshima e Nagasaki rapidamente o mundo viu o precepício à sua frente e a guerra acabou. Na verdade, o aborto é, como dizem as diversas confissões religiosas, o holocausto da actualidade. E é também, de uma forma surpreendente e paradoxal, uma maneira de repôr as taxas de mortalidade infantil nos níveis terríveis de antigamente. Ou seja, depois de décadas de avanços civilizacionais no sentido de impedir que a natureza cobrasse elevadas taxas de mortalidade infantil nas nossas famílias, eis senão quando é a própria sociedade que promove e estimula, através do aborto, a fortíssima recuperação e o aumento brutal dessas mesmas taxas de mortalidade infantil (desta feita pré-natal), por decisão própria e consciente!

Inacreditável! Lamentável.

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