terça-feira, 4 de setembro de 2007

Desenhos animados


Nos anos de 1996-1997, participei, em regime de voluntariado, no apoio a uma associação de telespectadores, a APET, Associação Portuguesa de Espectadores de Televisão, presidida pelo recém-falecido Prof. Manuel José Lopes da Silva.
Um dia decidimos fazer um estudo sobre desenhos animados exibidos na TV. O desafio era exigente uma vez que não existia muita coisa sobre o assunto. As 3 principais figuras, nesta área, em Portugal, eram a Prof. Maria Benedita Monteiro, do ISCTE de Lisboa; o Prof. Manuel Pinho, da Universidade do Minho e a Dra. Maria Emília Brederode dos Santos, investigadora e consultora da RTP2, na altura.

O objectivo era basicamente dar uma ideia aos nossos associados e ao público em geral, sobretudo aos pais com filhos menores, sobre o tipo de desenhos animados que estavam no ar e as suas respectivas características. Para isso, contámos com a colaboração da Prof. Helena Águeda Araújo, Professora da Faculdade de Psicologia de Lisboa que nos sugeriu a classificação da programação infantil segundo vários critérios objectivos.

Desta forma, um conjunto de pessoas procurou visionar a totalidade da programação infantil e classificá-la de acordo com os tais critérios que iam desde a agressividade da música, da linguagem e da imagem das personagens, à análise do conteúdo em termos, por exemplo, de saber se os fins justificam os meios ou se o conteúdo era pedagógico ou meramente lúdico, etc...
Modéstia à parte, penso que fizemos um excelente trabalho, apesar das críticas de que fomos alvos por parte do semanário “Expresso” a quem, aliás, tínhamos dado, numa 1ª fase, o exclusivo da divulgação. O sucesso foi tal que, mais tarde, vários jornais, universidades, semanários e rádios fizeram a cobertura do nosso estudo.


Hoje a APET chama-se ACMEDIA, mas, desde Julho de 1997, nunca mais foi divulgado qualquer estudo sobre os desenhos animados.
A questão é importante uma vez que, quer queiramos, quer não, os filhos acabam sempre por ver desenhos animados.
O que é indispensável é que os pais possam realizar uma boa monitorização sobre esse visionamento e actuem, quer propondo alternativas mais formativas, quer interagindo com eles, discutindo o conteúdo do que estão a ver.

Em minha casa, por exemplo, sempre que digo ao meu filho de 4 anos que aqueles bonecos são feios e ele diz “sim, eu também não gosto”, avanço logo com um DVD alternativo com desenhos animados que sei que ele aprecia.

Na altura em que se discutiu a questão da violência na televisão, era Ministro da Presidência, o actual líder do PSD, Dr. Marques Mendes, surgiram duas correntes: uma minimalista que defendia que os bonecos tipo Dragan Ball Z só afectavam crianças que já de si viviam num ambiente familiar social e económico instável e degradado e outra, por nós defendida, segundo a qual, para além desse grupo, todas as outras crianças de menor idade, pela sua natural vulnerabilidade psicológica, sentiam-se afectadas pelos desenhos animados mais agressivos, não só ao nível da repercussão da violência, mas também do medo e da insegurança, provocando fobias e insónias.

Para terminar, aqui fica, com todos os naturais condicionalismos, a minha classificação da programação infantil, a título exemplificativo, na perspectiva de pai de um filho com 4 anos:


Bons


Noddy; Bob, o construtor; Yacari, Uma família feliz; A ilha das cores; Ruca; Mundo de Richard Scarry; Abre-te Sésamo; O mundo do Simão; Bali, O pequeno ursinho; Pocoyo, Miffy e os amigos; O carteiro Paulo; Harry e o balde de dinossauros; Little People; O mundo de Todd, Pandadoc; Pandatelier, Panda Cozinha, Rua do Zoo 64, Martha e George; Oliver e Benji; Pigi e os seus amigos.


Maus


Ttodos os desenhos animados do canal Cartoon Network; Lola & Virgínia; Histeria; Creepschool, Winx Club II, Caleidostar; Ninja Hatori, Pandas Galácticos; Megaman; Mew Mew Power


Vejam se concordem e perguntem aos vossos filhos a opinião deles...


P.S.- Post baseado no artigo publicado em Agosto no jornal regional "Notícias de S.Brás".

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