Para avaliar bem um qualquer episódio da nossa vida é essencial que haja passado um período generoso de tempo que permita às superficialidades desvanecerem-se e ao essencial revelar-se.
Só a verdade perdura. Muitas coisas boas são, afinal, más... algumas más são, apesar de tudo, boas. Só o tempo revelará o verdadeiro valor de cada hora.
As paixões pequenas extinguem-se enquanto as verdadeiras se engrandecem. Aquilo que nos parece grande, quase sempre é, na verdade, pequeno... mas algumas coisas insignificantes são, na realidade, divinas.
Claro que para viver bem uma hora da vida, há que mergulhar nela sem a comparar com outra qualquer... boa ou má, entreguemo-nos à luta. Ainda que seja uma das piores horas, ainda que a vitória pareça impossível...
Importa viver na certeza que navegamos tempestades, por vezes subimos de forma magnífica, chegamos a voar, para depois, quase sempre, cair vertiginosamente... alguns aprendem a vencer estes mares, conquistando-os com a coragem de quem vive para além das dores... outros, lutam apenas para se manterem à superfície como se isso fosse uma grande vitória... outros ainda, desistem muito antes de terem molhado os pés...
Quanto ao futuro, vê-se melhor o que virá amanhã do que aquilo que poderá acontecer daqui a um ano... O depois longínquo presta-se a todas as utopias. Boas e más. Quase sempre quiméricas e nada úteis.
Difícil, mas decisivo para a felicidade, é encontrar em cada momento o lugar certo para onde dar o próximo passo... sem cuidar de entender...
As cruzes de hoje revelarão o seu sentido amanhã.
Um dia, compreenderemos tudo.
Por José Luís Nunes Martins
publicado em 12 Out 2013 no jornal "i"
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