segunda-feira, 23 de abril de 2012
"A economia social representa hoje, a nível europeu, cerca de 8% das empresas e instituições e também cerca de 10% de todo o emprego, calculando-se que cerca de 25% dos cidadãos europeus estejam a ela ligados, nos mais variados aspectos.
Para Jonet, “a diversidade, a força e o conhecimento” das várias organizações que integram a Economia Social - cooperativas, fundações, IPSS, misericórdias, associações mutualistas, ONGD e associações culturais entre tantas outras – “são indispensáveis para melhorar e preservar a vida dos cidadãos, nomeadamente dos mais carenciados.
É o caso dos 19 Bancos Alimentares em actividade, que apoiam com alimentos mais de 2100 instituições, que os levam a cerca de 320 mil pessoas com carências alimentares comprovadas. Só no ano passado foram entregues 36 milhões de quilos de alimentos, numa média diária superior a cem toneladas.
Também a UDIPSS – Porto tem 350 organizações associadas nos serviços à população, que apoiam 90 mil pessoas na sua área de influência. Carlos Azevedo, coordenador-geral desta União Distrital sublinhou a necessária capacitação profissional dos seus quadros e dirigentes, bem como a procura de meios de financiamento alternativos a uma histórica dependência do Estado e uma abordagem na sua gestão diferente da tradicional, traduzida nas afirmações “o lucro não é pecado” e “é necessário construirmos marcas”.
No seu entender, a criação de negócios sociais “deverá ser a próxima etapa para a autonomização e sustentabilidade das organizações, cujo maior activo é a proximidade das pessoas e a confiança que geram nelas”.
Crítico, Pedro Krupenski defendeu que “à semelhança de outros, o princípio da subsidiariedade é letra morta”, considerando que se princípios como este fossem cumpridos, “as ONGD teriam um papel muito mais preponderante”.
Referindo-se à necessidade de diálogo no âmbito da concertação social, o Presidente da Direcção da Plataforma Portuguesa das ONGD e Director de Desenvolvimento da OIKOS – Cooperação e Desenvolvimento, questionou quem está, afinal, mais capacitado para resolver os problemas sociais. A retórica da experiência no terreno e conhecimento de causa das organizações merece, parte de Krupenski, a resposta óbvia a uma questão que provavelmente já não se deveria colocar: “as ONGD também têm o direito de poder cumprir o que entendem ser útil e necessário, com o apoio do Estado”.
Na sua opinião, as organizações sociais “devem tornar-se agentes competitivos na economia social (o que será “uma pista de fora para dentro”, comenta), mas só poderão fazê-lo encarando-a como “uma economia de partilha, sem “capelinhas” e onde o conhecimento e boas práticas das organizações são reconhecidos ao nível da economia nacional.
Os contributos para uma economia social eficiente passam por “uma revolução cultural em quatro frentes”, defende ainda Pedro Krupenski. São elas:
1) a afirmação de uma identidade do Terceiro Sector;
2) a eliminação do tabu associado ao conceito de “não lucrativo”, reforçando a aposta na eficiência e na autonomia das escolhas (“talvez o desafio mais problemático”, diz);
3) a revisão do âmbito das acções de voluntariado, “porque não chega a boa vontade ou fazer qualquer coisinha pelos outros, é preciso fazar muito mais do que isso”;
4) e, por último, o reforço das parcerias, alianças e fusões, evitando o desperdício de recursos que “são maiores do que os benefícios, quando se trabalha sozinho
”.
Daqui
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