Cinco filhos e mil euros no bolso
Cinco filhas depois, esta mãe garante que nada falta à família. Quando o ordenado chega a primeira preocupação é pagar as contas: renda, água, luz e gás. O que sobra é para gerir entre as compras de supermercado, o material escolar e eventuais gastos inesperados.
“Não é fácil”, conta a jovem dona de casa. Mas o seu trabalho é facilitado pelas cinco filhas, com idades entre os seis e os dezasseis anos, que compreendem que não é possível comprar tudo o que desejam.
“Quando vamos a qualquer lado elas não dizem: - eu quero aquilo. Antes dizem: - eu gostava de ter. A mãe quando pode dá. São crianças que sabem encarar a realidade”, conta.
O facto de serem todas meninas permite alguma poupança dos gastos em roupa e calçado. Aquilo que serviu às mais velhas passa para as mais pequenas, mas há sempre vontade de comprar coisas novas. Quando recebem o abono de família, ou uma “notinha” dos tios, aproveitam para acrescentar mais uma peça ao guarda-roupa ou comprar algum material escolar.
No entanto, as filhas mais velhas guardam sempre algum dinheiro para, se necessário, ajudar os pais nos últimos dias do mês. “As vezes até chegam a ter mais dinheiro que eu”, brinca Teresa.
Como qualquer família numerosa compram tudo em grandes quantidades, só para quinze dias gastam perto de 120 euros. No entanto, o investimento é estudado ao pormenor: optam pelas grandes superfícies comerciais, levam sempre lista, e preferem comprar produtos de marca branca.
Setembro é uma das alturas do ano mais complicadas para uma família com muitos filhos em idade escolar. Fora os livros, só em material gastam cerca de 150 euros. Este gasto extra só é possível porque desde há dois anos deixaram de ir de férias para fora de Lisboa.
No dia-a-dia vão sempre surgindo outras despesas, como uma máquina de lavar que se estraga, ou um seguro para pagar. Quando têm de comprar alguma coisa mais dispendiosa recorrem ao crédito, mas “só se fizer mesmo falta porque não somos pessoas de comprar só para ter”, explica Teresa.
Apesar da gestão cuidadosa, poupar é cada vez mais difícil. “Há uns tempos atrás ainda dava para ir ponto de parte 30, 50 euros. Agora não dá. Chegamos ali ao dia 27, 28 e já não dá para espremer mais. Vai-se levando, umas vezes melhor, outras vezes pior”, confessa com um sorriso.
Para gerir uma família de sete pessoas, que às vezes acolhe mais um hóspede, Teresa e o marido tiveram de abdicar de alguns luxos. Um jantar a dois ou uma ida ao cinema foram sendo cada vez mais raros. “Está tudo tão caro”, brinca. No entanto a boa disposição mantém-se e todas as noites há sempre tempo para um momento de descontração em família. Para trás fica o sonho de ter um sexto filho.
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