Infertilidade: Algumas questões
- Na realidade, o factor mais influente é na nossa sociedade ter os filhos quando mais convém. Não é só uma questão laboral, porque há pessoas que bem cedo têm um bom trabalho. Essas pessoas querem estabilidade e "gozar" a vida e preferem adiar o momento de ter filhos. É sintomático que haja gente que usa as técnicas de reprodução artificial e guarde os seus embriões para os implantar mais tarde, ou os seus óvulos para os fecundar depois.
(...)
- Pode prevenir-se a infertilidade com a educação sexual?
- As mulheres não conhecem os seus ciclos porque não são ensinadas. A única coisa que sabem é quando têm o período e quando têm que tomar a pílula. Também sabem pouco ao que se refere à evolução da fertilidade ao longo da vida. Muitas mulheres com mais de trinta anos que não conseguem ficar grávidas surpreendem-se quando o médico lhes diz que a sua época de maior fertilidade já passou. Há também mulheres que desconhecem as consequências que pode ter sobre a sua fertilidade o simples facto de seguir uma dieta rigorosa de moda.
- Falamos de falta de educação precisamente quando existe saturação de educação sexual...
- Não há realmente educação sexual. O que há é uma educação profilática, para evitar a gravidez. Nem sequer se educa para desfrutar da sexualidade. A educação sexual deve servir para conhecer-se a si mesmo e conhecer o outro. O actual planeamento educativo da sexualidade carece de uma base antropológica. Fazem falta sexólogos com formação adequada para saber ensinar a partir desta perspectiva.
- Que se poderia fazer para remediar estas deficiências?
- A solução passa por uma mudança de mentalidade na qual a educação tem um papel decisivo. O que toda a gente devia ter claro em primeiro lugar é o que é na realidade um filho. Um filho é um bem, algo a que toda a gente pode ter acesso, é um mero fruto de um desejo? O objectivo deveria ser organizar uma sociedade menos consumista para evitar que as pessoas tivessem uma ideia utilitária dos filhos.
Também, consequentemente, devem ser criadas estruturas que permitam que a mulher que trabalha possa ficar grávida mais cedo, no momento que o seu corpo está na realidade melhor preparado para isso. Muitas mulheres sofrem nos seus trabalhos por esta razão.
Álvaro Lucas
Fonte: Aceprensa
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