quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Balanço sobre 3 anos de Interrupção Voluntária da Gravidez, eufemismo de aborto


Esta notícia da Rádio Renascença (1) merece-me, em notas de rodapé, alguns comentários:

Mais de 700 mulheres que fizeram abortos voluntários até meados de 2010 tinham feito laqueação de trompas para evitar novas gravidezes. Este foi o dado que sobressaiu esta tarde na audição parlamentar ao coordenador nacional sobre saúde reprodutiva.

A questão partiu do deputado do CDS-PP Serpa Oliva com dúvidas sobre o grande número de mulheres que interromperam a gravidez, mesmo fazendo contracepção
(2) . “Cerca de 11531 [mulheres] tomavam a pílula e 416 tinham laqueação de trompas em 2009, mais 325 em 2010”, disse o deputado centrista.

Jorge Branco, coordenador nacional da saúde reprodutiva e administrador da Maternidade Alfredo da Costa, explica que é menos estranho do que parece. “É o método mais seguro, é o método mais eficaz mas, mesmo assim, também falha. Não é por erro de técnica cirúrgica, falha porque o organismo tem outros mecanismos que dão a volta às dificuldades
(3) ”, refere.

Nesta audição parlamentar discutiu-se o último relatório sobre a interrupção voluntária da gravidez desde a despenalização que entrou em vigor há três anos e meio com PSD e CDS a exigirem medidas e explicações para o aumento do número de mulheres que optam por abortar e, sobretudo, o número de mulheres que o fazem mais que uma vez.

Jorge Branco diz não haver números a nível nacional mas avança com os dados da Maternidade Alfredo da Costa em 2009 e não os considera preocupantes. “Tivemos 1632 interrupções de gravidez, tivemos 78 repetentes – 4,7% -, o que não é um número alarmante. Inferir daqui que há um falhanço total do programa nacional de saúde reprodutiva é abusivo. Destes 78, apenas três tiveram três interrupções e apenas uma teve mais que três
(4) ”, diz Jorge Branco.

O responsável não tem números a nível nacional, como não tem – admite - sobre o impacto da despenalização do aborto na redução dos abortos clandestinos. Jorge Branco admitiu aspectos a corrigir, mas recusou o tom das críticas que se ouviram do PSD e do CDS-PP de que passados três anos e meio a despenalização do aborto resultou num rotundo fracasso
(5).

(1)- Se fizermos uma busca no Google Notícias veremos que só a Rádio Renascença é que se deu ao trabalho de fazer uma reportagem sobre esta audição parlamentar.

Todos os outros órgãos de comunicação social, eivados pelo espírito de esquerda que inspira a esmagadora maioria dos seus profissionais, promovem um total branqueamento destas notícias. Já não se fazem fóruns, nem debates, isso já não interessa nada.

Agora, que façam os abortos à vontade, desde que não chateiem.

Nem no tempo da censura salazarista se encontraria melhor "selecção". Afinal de contas, há que preciso garantir a boa eficácia das lavagens ao cérebro dos cidadãos.


(2)- O aborto funciona como meio supletivo de contracepção, isto é, avança se os outros falham. A utilização de contraceptivos orais e a laqueação de trompas falham, assim como falha o uso do preservativo.


(3) Na sequência do que referi em (2), se este responsável confirma que a natureza acaba por impor as suas regras, mesmo em casos onde realiza a laqueação de trompas, então, talvez fosse altura dos responsáveis olharem mais para o que o natureza diz, em matéria de cíclo fértil, em vez de insistir tanto em métodos artificiais de contracepção.


(4) É espantoso, para não dizer arrepiante ou mesmo assustador ver como este médico fala. Em termos relativos, diz, os números (pelo menos, os da Maternidade Alfredo da Costa) são animadores: 74 mulheres realizaram 2 abortos consecutivos, 3 mulheres realizaram 3 abortos consecutivos e, pelo menos, uma realizou, pelo menos, 4 abortos consecutivos.
Afinal de contas, são só números, não são pessoas e a responsabilidade e a responsabilização dos actos praticados não interessa nada, fazem parte do que o Tribunal Constitucional apelidou de "Soft Law".
O carácter irrepetível e insubstituível de cada Ser Humano é totalmente secundarizado, desde que os números, em termos relativos, sejam bons. Serão, talvez, danos colaterais inevitáveis e, por isso, irrelevantes.

(5) Quando o responsável não sabe se os abortos clandestinos baixaram ou não, quando o aborto surge como um método contraceptivo supletivo ou mesmo de 1ª linha, quando milhares de portugueses são eliminados, contribuindo para o decréscimo da população, quando milhões de euros são gastos nos hospitais com o objectivo de eliminar vidas viáveis, "só porque sim", quando se pagam subsídios de "maternidade" a mulheres que abortaram como prémio do seu aborto, não se pode deixar de concluir que estamos um "rotundo fracasso" da nova legislação.


Bem vindos ao mundo-cão !

1 comentário:

Luís Botelho Ribeiro disse...

A mentalidade instalada é a grande causa da legislação assassina... Mas temos de agir agora, mesmo assim!