terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Textos Rádio Costa D'Oiro dias 23 a 29 de Novembro



DIA 23 DE NOVEMBRO


Num mundo conturbado de violência e desigualdade social cabe a cada um de nós despertar para a realidade que permanentemente se desenrola aos nossos olhos: a pobreza e o sofrimento.
O Centro de Apoio ao Sem Abrigo (CASA), é uma associação sem fins lucrativos, inscrita como instituição de solidariedade social e tem por objectivo levar a cabo acções de solidariedade social, em particular dar apoio, alimentação e alojamento a favor de Sem-abrigo, crianças, adolescentes e idosos socialmente desfavorecidos, vítimas de violência ou maus-tratos, independentemente da sua nacionalidade, credo religioso, política ou etnia.
Tem sede em Lisboa e delegação em Faro, pretendendo, em abrir novas delegações no Algarve, em Albufeira e Portimão.
O número de refeições distribuídas diariamente pelo Centro de Apoio aos Sem Abrigo (CASA), em Faro, no Algarve, aumentou de 80 para 500 nos últimos 14 meses. Em face deste aumento, esta associações lança no Algarve desde o dia 20 até 31 de Dezembro, uma campanha de Natal denominada «Casa Mágica Solidária» para angariar cerca de dois mil brinquedos para crianças e para oferecer um almoço de Natal e cabazes de Natal a 600 carenciados do sotavento algarvio.
Poderá encontrar mais informações sobre esta associação e as suas actividades no site www.casa-apoioaosemabrigo.org/


DIA 24 DE NOVEMBRO
Constituir família continua a ser a resposta que colhe a maioria das respostas nos estudos de opinião acerca do que as pessoas desejam para as suas vidas ou ainda o que as pessoas indicam como factor determinante para a conquista da felicidade.
No entanto, os indicadores apontam em sentido bem contrário ao dos desejos expressos em tantas sondagens e estudos de opinião:
- redução do número de casamentos ,
- elevado número de divórcios (quase 30% dos casamentos),
- significativa instabilidade nas uniões de facto,
. aumento das famílias em situação de monoparentalidade (quase 12% das famílias).
Na verdade, a realidade está bem distante da expectativa expressa, do futuro sonhado.
Mas porquê esta divergência entre a meta e o realizado?
Dizia-me um advogado com larga experiência em casos de divórcio que o que mais o perturbava ao fim de muitos anos a lidar com casais desavindos, irreversivelmente desavindos, era a verificação que o que marcava a maior parte das discórdias era um punhado de coisa nenhuma: Insignificâncias acumuladas, desencontros e contratempos, silêncios, desencantos, cansaços, que um sorriso, uma palavra, um olhar atento, um segundo de atenção e vontade, teriam eventualmente impedido que a ruptura se instalasse.
Há quem defenda que a família está em crise, que a sociedade contemporânea requer formas mais versáteis e fluidas de vida comum que melhor se adequem à transitoriedade descomprometida das relações interpessoais dos nossos dias.Contudo, a sociedade, hoje como sempre, depende de comportamentos estruturados e estabilizados, fiáveis, indutores de segurança, promotores da indispensável coesão social.
A crise estará sim nas pessoas que perderam competências de relação, que desaprenderam que amar é também intuir o outro e sentir empatia, que desconhecem e descrêem que a vida comum depende da vontade de em cada dia construir uma vida em comum.
Este texto é da autoria de Maria do Rosário Carneiro, deputada da assembleia da República.


DIA 25 DE NOVEMBRO
O livro “Un enfant pour l’éternité”, de Isabelle de Mézerac, descreve a aventura emocionante de uma mãe diante do diagnóstico pré-natal de trissomia 18, e que decide continuar com a gravidez e acolher o seu filho condenado a morrer a partir do seu nascimento.
A leitura é muito difícil; para pessoas muito sensíveis e idealistas, é realmente doloroso. É muito duro seguir passo a passo esta mãe que quer com toda a sua alma o filho que leva no seu interior, e que está condenada a chorar a sua morte inexoravelmente anunciada.
Ao ler o livro, ficamos destroçados como ela, o seu marido e os seus filhos, diante da tormenta de sentimentos contraditórios que enfrentam penosamente durante esta espera.
“Ir o mais longe possível na relação com aquele que vai morrer, inclusive por tratar-se de um filho que vai nascer, deixa-nos tempo para dar tudo, dizer tudo e autoriza-nos a reerguer a vida”.
A dada altura, Isabelle de Mézerac dá o seguinte testemunho: “aceitar os limites da medicina, sem enganar, olhar o nosso sofrimento de frente, sem pretender esquivar-se, enfrentar a morte na sua hora, sem querer antecipá-la, é tudo o que aprendi com Emmanuel, e é por isso que reergo a vida!”.
Ela também nos confia a reflexão de um dos seus filhos, na noite da morte do seu irmão pequeno: “olhou-me intensamente, e através das suas lágrimas garantiu-me que agora sabia que eu o teria amado, até ao fim, mesmo se ele tivesse tido uma mal-formação!”.
A leitura deste livro causa-nos uma impressão violenta do mal-estar que rodeia a prática e o anúncio do diagnóstico pré-natal. Diante do conhecimento de uma malformação grave do seu bebé antes do nascimento, os pais encontram-se completamente vulneráveis, perdem a sua liberdade de escolha e encontram-se nas mãos dos cuidadores, os quais geralmente lhes propõem o aborto.
No caso de malformação mortal, o aborto é o normal, e a continuação da gravidez é uma alternativa que raramente é proposta pelos médicos.
Então, fica a recomendação - uma dose de realidade e de amor realista: Isabelle de Mézerac, Un enfant pour l’éternitéVale


DIA 26 DE NOVEMBRO

Esperanza Puente é uma autora espanhola que escreveu um livor para, nas suas palavras, dar a conhecer à opinião pública uma realidade social oculta- o aborto e para que se saiba o que uma mulher sofre quando aborta, para expressar o que é esta realidade: o que se vive e se sofre antes, durante e depois de um aborto provocado.
– E o que se sofre?
Antes do aborto, quando uma mulher está grávida, continua estando só, indefesa e desamparada. Ninguém explica que opções ela tem; ou que abortar não é uma solução, mas um grande problema; que há pessoas que podem lhe ajudar em suas preocupações...
Durante o próprio aborto sente-se dor e ruptura. É como uma ferida mortal que nos deixa devastadas por dentro, física e mentalmente.
Depois de acabar com a gravidez, o que sente é abandono, silêncio e solidão. Ninguém se interessa em escutar a mulher e tentar ajudá-la em seu problema, e isso acrescenta-se ao síndrome pós-aborto que ela já sofre. Em muitos casos, sofrer em silêncio , implica transformar a mulher numa espécie de «morto vivo», com ansiedade, pesadelos, culpa e auto-punição sempre que se olha para outras crianças e se recorda o filho que não se teve.


DIA 29 DE NOVEMBRO
Fala do Homem Nascido, de António Gedeão, retirado da obra Teatro do Mundo, de 1958


Venho da terra assombradado ventre de minha mãe

não pretendo roubar nada nem fazer mal a ninguém

Só quero o que me é devido

por me trazerem aqui

que eu nem sequer fui ouvidono acto de que nasci

Trago boca pra comere olhos pra desejar

tenho pressa de viverque a vida é água a correr

Quero eu e a natureza

que a natureza sou eu

e as forças da natureza

nunca ninguém as venceu

Com licença com licença

que a barca se fez ao mar

não há poder que me vença

mesmo morto hei-de passarcom licença

com licença com rumo à estrela polar

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