Pensando o futuro
Falando no simpósio sobre cuidados paliativos que decorreu no Hospital da Luz, Zylics avisou médicos e enfermeiros que "vão aumentar os pedidos de eutanásia no futuro". E os governos serão chamados a tomar decisões éticas sobre o acompanhamento dos doentes em final de vida.
Zylics sublinhou que o medo, o sentimento de abandono e o sofrimento existencial são determinantes para a eutanásia. "As equipas devem apresentar alternativas e clarificar os limites", disse.
O médico, que liderou equipas de cuidados paliativos no Reino Unido e na Holanda - país onde há mais tempo vigora a eutanásia -, apresentou "10 razões pragmáticas" para as equipas médicas se oporem. Segundo disse, o "prognóstico incerto" é uma delas.
"As pessoas podem viver mais do que originalmente esperado", argumentou. Por outro lado, "as pessoas mudam muitas vezes de ideias", acrescentou.
Outra das razões dizem respeito à definição de "sofrimento incontrolável". De acordo com o especialista, "não é possível definir com objectividade ". A manipulação é outro dos obstáculos levantados. "Os pacientes podem manipular - recusar os sedativos e analgésicos - para forçar a eutanásia". O médico considerou ainda que a eutanásia "amputa o processo de aprendizagem" dos médicos e "pode aumentar a pressão da família para que o doente requeira a morte".
O debate sobre a eutanásia está a fazer-se em Portugal. O BE inclui no programa eleitoral a sua legalização e, em Fevereiro, deste ano o socialista Almeida Santos defendeu a realização de um referendo nacional sobre o tema. O assunto não é pacífico nos dois maiores partidos de governo - PS e PSD - fracturando as posições de reserva à legalização. Só o CDS é frontalmente contra, tendo incluído nas listas de deputados a directora de cuidados paliativos do Hospital da Luz, Isabel Galriça Neto.
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