domingo, 27 de janeiro de 2008

A comunicação no casamento

A doação e aceitação recíprocas implicam a aceitação do outro tal como o outro é e não como gostaríamos que fosse, ou tal como se é nas representações mentais que fazemos acerca dele. Trata-se de aceitar o outro tal como realmente é, as suas virtudes e defeitos, com as suas características positivas e negativas, a maneira diferente como se comporta, até as suas manias. Convém ter presente que o outro é uma pessoa única, irrepetível, insubstituível, sem ninguém parecido, e que a sua singularidade não tem réplica.
(...)
A doação no casamento deve ser completa. O que um casal tem que dar mutuamente é a pessoa inteira - não só o corpo, embora também o corpo -, e na doação de toda a pessoa encontra-se a interioridade, a intimidade com os seus pensamentos, sentimentos, projectos, memórias, etc. O marido tem muitas coisas para dar à mulher se abrir a sua intimidade. A mulher receberá muitas coisas se as acolher com interesse e ternura, e não fizer ricochete com a informação que recebe. O mesmo sucede com a mulher a respeito do marido.

(...)
Pelo contrário, o que se não comunica separa; o que separa distancia; o que distancia afasta; e o que afasta rompe a unidade entre os cônjuges. A construção da fidelidade conjugal passa pela comunicação. Se a comunicação conjugal não funciona, é sempre possível que se abra um espaço entre eles, por onde pode aparecer um "terceiro" ou uma "terceira", ameaça que pode romper o vínculo de amor que havia entre cônjuges.

(Aquilino Polaino-Lorente, Catedrático de Psicopatologia, Universidade San Pablo-CEU, Madrid. Conferência em Setúbal)

Sem comentários: