sábado, 12 de setembro de 2015
Rita Simões conta que, entre as pessoas que a rodeiam, com idades próximas da sua, a sensação que fica é que o facto de ainda não terem tido filhos resulta antes de uma escolha e não tanto da falta de condições. Por um lado, explica, os jovens saem mais tarde da faculdade, “para quem fica a fazer mestrados, por exemplo”. “Há uma maior dedicação à vida académica, que eu até acho bem. E acho que as pessoas procuram um momento ideal na relação para terem filhos. Até podem estar num bom momento profissional, mas podem não estar nesse bom momento da relação.”
Quanto a idades, na visão de Rita e olhando para as grávidas com quem se cruzou no curso de preparação para o parto, “a média está nos 30 anos”. “Vejo mães mais velhas – sempre a partir dos 29 ou 30. No meu curso pré-parto, havia uma grávida com 35 anos e outra com 22.” O que defende é que, tendo as condições necessárias para ter filhos, chega um momento em que se faz uma pergunta: “Devemos esperar ou não?”. Em causa, diz, está o “fator 30”.
“A certa altura, acho que percebemos que já chegámos aos 30 anos”. E essa sensação coincide com o que o INE aponta como a idade média das mulheres em Portugal quando têm o primeiro filho: 30 anos em 2014 – a idade mais avançada desde que existem dados para este indicador (1960). A idade média mais baixa foram os 23,6 anos no final da década de 1970.
Rita destaca a importância do apoio que ambos receberam dos locais de trabalho em relação ao nascimento do Miguel. E nessa sensação de apoio está, sobretudo, o facto de não ter havido qualquer imposição ou limitação no tempo que lhes foi dado. “Deram-me os meses de licença de maternidade e autorizaram que eu juntasse mais uns dias de férias. Conseguir esse tempo dá uma sensação de descanso e segurança, enquanto mãe ou pai. Acho que também é psicológico, mas dá a ideia de que não há qualquer entrave a ficar com um filho depois de nascer.”
Rita está agora de licença de maternidade e ficará com o Miguel até ao final de setembro. O pai dividirá um mês de licença em dois momentos diferentes. Logo a 1 de outubro, ainda antes de fazer seis meses, o Miguel irá para a creche. “Tem de ir porque todos os avós ainda trabalham.”
Quanto à experiência da gravidez, Rita diz que o acompanhamento que teve no Serviço Nacional de Saúde “funcionou muito bem”. “Num próximo filho também escolho um hospital público. Fui acompanhada no centro de saúde e no hospital.” E quando hoje fala com outras mães de bebés nascidos nos primeiros meses deste ano, Rita diz que há uma sensação em comum. “Acho que se conclui que não vale a pena estar a adiar ter um filho porque para o ano pode estar igual. Se calhar, 2016 é igual a 2015.”
FONTE: Expresso
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