quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz Ano Novo de 2009 para todos !



Free Hugs

Ética e confiança

Excelente entrevista ao Dr. Raúl Diniz, especialista em ética e professor da AESE, sobre ética empresarial

Aqui

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Desenvolvimento Fetal

Um video lindissimo sobre o inicio da vida, para iniciar bem o ano:)

O valor jurídico da vida intra-uterina e os direitos das crianças


No último número da Revista da Ordem dos Advogados encontrei dois textos muito oportunos:






- Um (excelente, diga-se, embora bastante técnico), intitulado "A Própria Vida como dano?" da autoria do Prof. Dr. Manuel Carneiro da Frada, do qual fui aluno, sobre o valor jurídico da vida, em geral, em termos de indemnização civil e da vida intra-uterina, em particular.










- E outro, sobre os direitos das crianças, da autoria do Prof. Dr. José de Melo Alexandrino, onde se aprofunda, do ponto de vista jurídico, a natureza e a forma de aplicar o princípio geral do "superior interesse das crianças.




domingo, 28 de dezembro de 2008

Diminuição da natalidade



O adiamento da idade em que se é pai ou mãe e a redução no número de filhos são as razões principais da alteração verificada no modelo de fecundidade português, o que levou à diminuição da natalidade.


A conclusão é de Maria Filomena Mendes, demógrafa do Departamento de Sociologia da Universidade de Évora, num dos trabalhos apresentados durante o seminário promovido pela Associação Portuguesa de Famílias Numerosas.


Filomena Mendes alerta para o facto de que o adiamento do momento em que se tem um filho pode não só diminuir o número de filhos que um casal tem, como pode impedir que esse mesmo casal venha a ter filhos, quando finalmente se decide a tê-los. É que, como explica, com o passar do tempo e da idade pode haver alterações na fertilidade do casal.Por outro lado, ao estar muito tempo sem ter filhos o casal pode perder a intenção inicial de ter a sua própria prole, avisa a demógrafa.Filomena Mendes desmistifica a ideia de que uma das causas da quebra da natalidade seja o maior nível de instrução e a empregabilidade das mulheres. Bem pelo contrário, no seu entender, pois esses dois factores levam a um aumento do rendimento do agregado familiar, o que propicia a disponibilidade para terem filhos.


Outra das conclusões a que a demógrafa chegou foi a de que o número de filhos que os homens e mulheres questionados disseram que gostariam de ter é inferior àquele que efectivamente têm.


Assim sendo, Filomena Mendes diz ser necessário criar condições para que os jovens tenham os filhos que desejam.


Para isso, defende que devem ser criadas as necessárias condições, o que passaria por «mais tempo para a família, no caso dos pais que trabalham, maior flexibilidade de horários, uma rede de equipamentos de guarda e cuidado das crianças mais alargada e ajustada às reais necessidades dos pais, licenças de maternidade mais prolongadas, maior apoio financeiro às famílias com filhos, discriminação fiscal positiva em função do número de filhos, políticas favoráveis de habitação e de juventude, entre outras».


A porca



Da experiência do último referendo, já fiquei bem ciente das estratégias pouco limpas do senhor primeiro ministro que promete coisas que depois não cumpre (refiro-me à promessa de regulamentação moderada de prática do aborto vs regulamentação selvagem que veio depois a ser aprovada).


Agora, o meu amigo António Pinheiro Torres, destaca no seu blog, mais um paradoxo:


Em Diário da República, o concurso para coveiro, com um salário de 450,00€ exige apuradas e exigentes provas de admissão; o concurso para assessor do IPJ, com um salário de 3.500,00€ apenas exige "apreciação e discussão do curriculim vitae" (vulgo, cunha) .


Vejam, está aqui

sábado, 27 de dezembro de 2008

Pensar os caminhos da escola portuguesa

Muito (ou devo antes dizer "pouco"?) se tem falado, nos últimos tempos, de Educação, em Portugal. É, de facto, preciso repensar a Educação e o Sistema Educativo Português. Fica um filme sobre uma escola portuguesa que ousou ser diferente, adaptar-se à sua realidade local e ser protagonista da participação em comunidade. Para nos fazer pensar...


sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O Natal de 2050, em Portugal

Apreensiva a leitura que fiz há dias. Que em dois mil e sete Portugal registou um valor do índice de fecundidade de 1,3 filhos por mulher. Que tem vindo a diminuir substancialmente e que, se acaso esta situação não melhorar, em dois mil e cinquenta chegar-se-á a uma situação insustentável, com uma idade média acima dos cinquenta anos e um rácio de idosos sobre população activa superior a 0.6. A previsão lógica é que acabem as pensões de reforma ou os activos se revoltem com os impostos e taxas que terão que pagar. Dá que pensar. Deu-me que pensar.
Também não foi há muitos dias que fui visitar o lar. Faço-o de vez em quando. Quando o faço, quase sempre regresso a casa com algo para pensar. Os lares são locais propícios para pensar a vida.
A época do Natal é propícia igualmente para pensar a vida. Porque Ele também quis viver como nós. Mas não foram estes os meus pensamentos desta visita. A manhã estava fria, mas tinha um sol a vislumbrar-se ao longe. Um pouco longe. Depois de falar com os utentes do lar sobre o amor que Deus nos tem, um amor tão grande que O obriga a tornar-se o mais próximo de nós possível, assumindo uma vida igual à nossa, com sofrimentos e tudo, sentei-me para almoçar ao lado deles. Enquanto dava voltas ao bacalhau, lembrei como vou juntar a minha família, nesta consoada, à volta do bacalhau. Por isso, e por curiosidade, perguntei quantos utentes iam passar o Natal a Casa. Informaram-me que seriam 10 % no máximo. Como achei aquilo absurdo, insisti se não tinham filhos? A resposta deixou-me ainda mais espantado. Praticamente todos.
E foi nesse momento que fiz contas à vida. Por este andar, em dois mil e cinquenta os velhos vão ser em número muito superior aos novos e os pais aos filhos. Se já hoje os filhos não dão o mínimo de atenção aos pais, pior será quando o número de filhos for menor. Em dois mil e cinquenta passaremos o Natal sozinhos nos lares de terceira idade. Praticamente todos.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O Natal e a mentalidade de natal



E na noite de Natal, eis que seria bonito se, a nossa sociedade, em vez de uma cultura de morte, fosse criando as raízes de uma cultura a favor da vida.

Uma cultura onde a concepção de uma criança, independentemente das condições adversas, pudesse chegar sempre a bom termo, sem juízos de censura, cálculos de matemática ou discussões violentas.

Lembrei-me do filme Children of Men, um filme de ficção no qual, pelo simples facto das mulheres de todo o mundo se terem tornado estéreis, todos passaram a venerar a concepção da vida.

Digamos que seria uma forma de promover uma cultura da vida motivada não por razões filosóficas, políticas ou religiosas mas por simples razão de sobrevivência.

O filme está longe de ser uma obra prima, mas com a diminuição galopante dos nascimentos, coloca questões muito pertinentes.

A ONU e a ameaça aos direitos humanos

Quando se celebram os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a maior ameaça ao documento e aos princípios ali proclamados vem da própria entidade que deu vida ao texto: a ONU.

Neste mês de aniversário da Declaração de 1948, Zenit entrevistou mons. Michel Schooyans, renomado especialista em filosofia política e demografia.


Mons. Schooyans é membro da Pontifícia Academia para a Vida, da Pontifícia Academia das Ciências Sociais e professor emérito da Universidade de Lovaina (Bélgica).


–Fale-nos, por favor, do surgimento da Declaração de 1948.

–Mons. Michel Schooyans: A ONU foi criada em 1945 com a carta de São Francisco e, de certa forma, consolidada em 1948 com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Foi consolidada na base de uma missão essencial que é a promoção dos direitos de todo ser humano. Todo ser humano tem direito à vida, afirma o artigo terceiro da Declaração. O texto convida todos os homens, países, governantes a reconhecer a dignidade de cada ser humano, qualquer que seja a sua força, a cor da sua pele, a sua religião, idade. Todos merecemos ser reconhecidos simplesmente pelo fato de sermos homens. É sobre esta base, diz a Declaração, que vamos poder construir novas relações internacionais, uma sociedade de paz e de fraternidade.
Se houve a Guerra Mundial que terminou em 1945, é porque houve um desconhecimento da realidade desses seres humanos que, todos, têm direitos inalienáveis e imperecíveis. A Declaração situa-se na continuidade de todas as grandes declarações que marcaram a história política e jurídica das nações ocidentais. Por exemplo, a Declaração da Independência dos Estados Unidos, de 1776, a Constituição dos Estados Unidos de 1787, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da França, em 1789, são as declarações clássicas. A Declaração de 1948 se situa na tradição mais fiel àquelas Declarações que demonstraram a sua eficácia no campo do reconhecimento e da promoção dos direitos humanos. Esses direitos são reconhecidos em decorrência de uma atitude moral e antropológica. Eu reconheço a realidade do meu semelhante. Eu me inclino na sua presença. Reconheço a sua dignidade. Ainda que ele seja doente, esteja no início ou no final da sua vida, ele tem uma dignidade igual à minha.

–Que tipo de documento é a Declaração de 1948?

–Mons. Michel Schooyans: A Declaração não é um documento de Direito no sentido técnico da palavra. O documento enuncia os direitos básicos. Mas para que esses direitos básicos sejam colocados em prática, eles necessitam de uma tradução em textos legais. Precisam ser codificados. Devem ser prolongados em instrumentos jurídicos apropriados, no que se chama o direito positivo. Isso significa que os direitos proclamados em 1948 devem se exprimir em leis que serão aplicadas pelos governos das nações e controladas pelo poder judicial. São, portanto, duas coisas: primeiro, o reconhecimento da realidade de seres humanos que têm a mesma dignidade e os mesmo direitos básicos, e, por outro lado, instrumentos jurídicos que dão uma forma concreta, exigível, àqueles direitosreconhecidos como fundamentais.

Quando se trata da Declaração de 1948, convém perceber que os mesmos direitos fundamentais podem dar lugar a codificações diferentes de acordo com as diversas tradições jurídicas dos países. As nações podem traduzir diferentemente o mesmo respeito que elas têm aos direitos fundamentais dos homens.

O que acabamos de evocar é o que se chama a tradição realista. Essa tradição se inclina frente à realidade de seres concretos: você, eu e a universalidade dos seres humanos. Essa mesma tradição comanda todo o edifício das nações democráticas, não só o edifício jurídico, mas o edifício político, que também se baseia no reconhecimento da igualdignidade. Agora, hoje em dia, a Declaração de 1948, que se inspira nítida e explicitamente na tradição realista, e que foi redigida com a colaboração de um dos brasileiros mais ilustres da história, Alceu Amoroso de Lima, está sendo contestada.

–Que tipo de contestação?

–Mons. Michel Schooyans: Uma contestação que vem da influência da teoria positivista do Direito, elaborada sobretudo por um autor chamado Kelsen (1881-1973). Sob a influência de Kelsen, propagou-se uma nova concepção do direito e, portanto, dos direitos humanos. Tudo o que a gente explicou a respeito dos direitos inatos do homem que, por ser homem, tem naturalmente direitos, é contestado. Tudo isso é negado, é colocado entre parênteses, é desprezado e esquecido. Só subsistem as normas jurídicas; só subsiste o direito positivo, barrando toda referência aos direitos que os homens têm naturalmente. Nesse contexto, as determinações jurídicas são a única coisa que merecem estudo e respeito. Agora esses ordenamentos jurídicos, essas disposições lavradas nos Códigos, podem mudar ao sabor de quem tem força para defini-las. São puro produto da vontade de quem tem poder, de quem consegue impor a sua visão do que seja tal ou tal direito humano. De modo que, como salta aos olhos, a visão puramente positivista dos direitos humanos depende finalmente do arbítrio de quem tem a possibilidade de impor a sua concepção própria dos direitos humanos, já que não há mais nenhuma referência à verdade, concernente à realidade do homem.

–Quais as consequências?

–Mons. Michel Schooyans: São trágicas. O positivismo jurídico abriu e abre o caminho para todas as formas de ditadura. Como o próprio Kelsen dizia, na União Soviética de Stalin havia estado de direito, já que havia leis. Era um ditador, mas ele fazia a lei. Mas que lei? A lei que era a expressão da vontade dele, da brutalidade dele. Não tinha referência a direitos que seriam naturais, que seriam objeto de uma verdade à qual a gente adere e que se impõe pelo seu fulgor. A lei no tempo de Stalin era reflexo da vontade do mais forte. Hoje em dia, a lei que permite o aborto, que permite a eutanásia, não é outra coisa. É uma lei que permite que vença a força do mais forte, que diz: já que tal é a minha vontade, nós vamos decidir quem pode ser admitido à existência e quem não pode.

Essa mentalidade entrou em várias agências da ONU. E a ONU hoje em dia está se comportando como uma superpotência global, transnacional, na linha exata de Kelsen. Ele mesmo diz que as leis nacionais, as que conhecemos nos nossos Códigos nacionais, devem ser submetidas à aprovação, validação, de um centro de poder piramidal. A validez das leis nacionais depende da validade outorgada, concedida pelo poder supranacional aos códigos nacionais, particulares. Isso significa que as nações ficam totalmente alienadas da sua soberania e os seres humanos de sua autonomia. A gente observa isso todos os dias, nas discussões parlamentares. Muitos parlamentos são simplesmente teatros de marionetes que executam determinações vindo de fora, cumprem a vontade de quem impõe suas decisões, eventualmente comprando os votos, através da corrupção.

Isso tudo se passa sob o simulacro da globalização, que merece muito a nossa vigilância. É que, na mentalidade de quem adere a essa concepção puramente positivista do direito, a lei não está a serviço dos homens e da comunidade humana; está apenas a serviço deste ou daquele centro de poder. Este pode ser uma nação como os Estados Unidos, mas pode ser sobretudo a trama das vontades que se aglomeram nas Nações Unidas, apoiadas por numerosas ONGs, e também por algumas sociedades secretas, como a maçonaria. Isso mostra que hoje em dia o direito internacional tende a prevalecer sobre os direitos nacionais, a esmagá-los, pois estão sendo aos poucos desativados. É uma coisa terrível! Estamos assistindo à emergência de um direito internacional tirânico porque puramente positivista, ignorando os direitos humanos inalienáveis proclamados em1948. E a gente não percebe...

–Um novo tipo de totalitarismo?

–Mons. Michel Schooyans: Sim, porque daqui em diante a soberania das nações é pura fachada. Kelsen explica muito bem isso: o direito internacional, que dita sua lei às nações, deve ser ele mesmo validado, aprovado, pelo topo da pirâmide, pela instância suprema. Vejamos um exemplo: no momento em que estamos falando, há uma discussão na sede das Nações Unidas sobre a introdução ou não do aborto como “novo direito humano”. Seria uma nova versão da Declaração de 1948. Uma modificação calamitosa porque introduziria sub-repticiamente um princípio puramente positivo numa declaração que é antropológica e moral. Ali se colocaria também o direito à eutanásia. Restaria às nações particulares ratificar estes “novos direitos humanos” emanando da instância suprema. Isso significa que, como a referência aos direitos naturais dos homens já teria sido desativada, essa nova Declaração se tornaria um documento de direito puramente positivo, que deveria ser aplicado por todas as nações que aderissem ao novo texto da Declaração ou a algum outro documento similar.

É uma coisa pavorosa o que está quase acontecendo. E vai mais longe. A Corte Penal Internacional, que foi instituída há alguns anos, vai ter como área de competência julgar as nações ou as entidades que se recusarem a reconhecer esses “novos direitos” inventados ou a serem inventados. A Igreja Católica é um dos alvos possíveis dessa Corte Internacional. Já houve quem dissesse há anos que o Papa João Paulo II poderia ter sido intimado a comparecer no Tribunal Internacional por se opor a um “novo direito”, o “direito” da mulher ao aborto. Ameaça semelhante paira sobre Bento XVI. E no domínio da educação é a mesma coisa com a ideologia do gênero. Em virtude de um “novo direito humano”, as pessoas escolheriam o seu gênero, poderiam mudar de gênero. Então o gênero deve ser ensinado nas escolas. É doutrinação ideológica em grande escala, a ponto de quem não subscrever a essa ideologia ser passível de punição por uma corte internacional.

–Discute-se então uma alteração do texto da Declaração?

–Mons. Michel Schooyans: A Declaração de 1948 enuncia princípios fundamentais. São verdades primeiras, fundadoras. Nós reconhecemos esse fato, que o ser humano tem naturalmente direito à vida, à liberdade, à propriedade, a se casar, a se associar, a se exprimir livremente e que tudo isso não decorre da vontade arbitrária dos homens. Mesmo antes de entrar numa sociedade política, organizada, o homem já tem direitos humanos fundamentais. E os direitos precedem a lei. Mas o homem precisa que a sociedade se organize para que esses direitos sejam aplicados, respeitados e que, eventualmente, as infrações sejam reprimidas. Tudo isso está sendo questionado atualmente. Circulam abaixo-assinados. Há um abaixo-assinado a favor do aborto e outro contra. Mas os que mais alto gritam são os partidários da introdução de uma modificação da Declaraçãode 1948 que alteraria a natureza da Declaração, bem como da própria ONU.

–Isso é fruto unicamente da manipulação do poder ou também de um ‘obscurecimento das consciências’, utilizando uma expressão de Bento XVI?

–Mons. Michel Schooyans: Bento XVI tem motivos dos mais sólidos para insistir no papel e na nobreza da razão. Tudo o que acabamos de discutir são problemas de antropologia e de moral natural. Note-se que a defesa do ser humano não é um privilégio da Igreja; faz parte do patrimônio das grandes tradições morais da humanidade. A necessidade de defender o homem, de reconhecer a dignidade do homem é uma coisa à qual a gente tem acesso através do uso correto da razão. Infelizmente estamos assistindo a uma espécie de perversão da própria razão. A razão é utilizada para ser levada a certas armadilhas dela mesma. O homem é capaz de ser manipulado; é capaz de ser dominado. Em português há uma expressão muito bonita, ao que parece usada no candomblé, para dizer isso: a gente pode ‘fazer a cabeça’ de alguém. É exatamente isso. A razão de um indivíduo ou de um povo pode ser desconectada. E você pode encher a cabeça de alguém com idéias completamente malucas. É o caso do aborto e da eutanásia.

Na Bélgica, o aborto foi criminalizado pela lei em 1867. Quem mandou aprovar essa lei não eram os católicos, mas sim os liberais, que, naquela época, eram mais de tendência maçônica, como até hoje, aliás. Foram eles que fizeram essa lei. Os católicos aprovaram, mas a iniciativa veio dos liberais, então maioritários. Quer dizer que a razão funcionava. A razão deles tinha descoberto que era evidente que o ser humano devia ser protegido antes do nascimento. É uma questão de razão. Os tempos mudaram. Pode-se alterar a capacidade de raciocínio. Hoje assistimos a várias manobras que vão nesse sentido. Há os casos de aborto, de eutanásia, do gênero. Há o problema da homossexualidade: há 30 anos, quem teria pensado em promover um “novo direito” à homossexualidade? A razão humana é capaz de genialidade, mas é também uma faculdade delicada, vulnerável, frágil, uma faculdade que pode ser desmobilizada, hibernada. A pior forma de escravidão é a escravidão mental, a escravidão da razão, que comporta um brinde: o naufrágio da fé, porque não há ato de fé que não seja razoável. Então se você entra naquela confusão mental de dizer que o aborto é um direito, a eutanásia é um direito, você entra num processo que acaba corrompendo não só a sua razão, mas também a sua fé.
Entrevista daqui.

Secundário perde 25% dos alunos em 10 anos

Contas feitas, o público perde alunos devido à queda da natalidade e à absorção de cerca de 40 mil estudantes pelo privado. O Estado tinha, em 2006, menos 230 mil alunos do que 10 anos antes.

O maior papel dos privados pode ser uma explicação para a redução do número de alunos, mas a maior responsbilidade será a diminuição na taxa de natalidade que tem vindo a cair desde o início da década de 80. Só para se ter uma ideia, enquanto que em 1982 (a data de nascimento da maior parte dos alunos que entraram no secundário em 1996) nasceram 152.102 crianças, em 1992, nasceram apenas 115.018.
Ver mais aqui.

Fanatismo pró-gay continua

Depois da última ofensiva junto da ONU, o fanatismo pró-gay continua.

Um dos pontos mais sagrados para a magistratura é a sua irresponsabilidade, isto é, nenhum magistrado pode ser responsabilizado pelas suas decisões, quando muito deve-se delas recorrer mas nunca responsabilizar o respectivo Juíz pela sua decisão;

Esta tem sido, pelo menos, a orientação do Conselho Superior de Magistratura em Portugal.

Já em Espanha um Juíz acaba de ser condenado a 2 anos de inabilitação e ao pagamento de uma indemnização por alegadamente ter "atrasado" a adopção de uma menor pela companheira lésbica da respectiva mãe.

Ao ponto a que chegámos!

Não se pode dizer que se acha a homossexualidade uma aberração da natureza porque isso é homofóbico; não se pode opinar contra a homossexualidade porque isso pode ser e é já crime em vários países do mundo e não se pode muito menos defender que, num determinado caso concreto, para um menor não é positiva a adopção por parte de um casal de homossexuais ou lésbicas.

Caminhamos para novas formas de ditadura enquadradas e mascaradas em roupagens supostamente democráticas.

A forma ofensiva e mal educada como alguns bloggers reagem a opiniões contrárias à homossexualidade e a alguns dos seus alegados direitos é apenas (mais) uma manifestação dessa nova forma de totalitarismo que se avizinha se nada fizermos para a combater.

Meus senhores, um pouco mais de relativismo, se faz favor !

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Testemunho impressionante de vida: Paulo Azevedo

Paulo Azevedo nasceu no dia 29 de Outubro de 1981.


Sem aviso, e após uma gravidez de oito meses, a ainda adolescente Clara via-se com um filho diferente nos braços.

O bebé não tinha mãos nem pernas e os médicos não auguraram nada de bom. O choque foi tremendo. Mas a fé, a coragem e a determinação foram maiores.

Com a família, que o protegeu mas nunca o escondeu, o Paulo aprendeu a aceitar-se e a lutar para ser uma pessoa autónoma e independente.

Sem mãos e sem pernas, o Paulo tem hoje uma vida normal.

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Testemunho impressionante de vida: Irene Sabino (II)






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Testemunho impressionante de vida: Irene Sabino (I)

Sem modelo de ninguém que tivesse passado pela mesma situação, Irene, uma jovem mulher e mãe de 34 anos, determinada como poucas, acabou por socorrer-se, espontaneamente, da sua «heroína», a avó Irene, para pregar uma partida à morte que a espreitou durante os 70 dias em que se manteve em coma induzido e onde teve de ser amputada de braços e pernas, dada a septicemia e a púrpura fulminante que galoparam em três dias pelo seu corpo, ameaçando-a de morte iminente.

Irene Sabino foi apanhada, nos finais de 2005, nas malhas de um «provável erro ou negligência médica», no Hospital do Montijo, sua terra natal, onde lhe diagnosticaram um «pequeno foco infeccioso numa trompa», tratado com «simples anti-inflamatórios» e «sem exames adequados». Uma «assistência negligente» inicial, segundo a família, que poderia ter sido fatal.

Irene acreditou e conseguiu reorganizar-se, conseguiu adaptar-se. Entendeu que renasceu e que esta era a sua segunda grande oportunidade de vida, portanto não a iria deitar fora, iria reorganizar-se.

E ela aí está, passados três anos sobre a tragédia que abalou todas as suas estruturas familiares, a dar passos decisivos no seu renascimento. A andar, a trabalhar e ainda a oferecer-se como voluntária para transmitir o seu incrível testemunho de força, esperança e de vontade de viver, especialmente pela sua filha, Carla, agora já com 11 anos e uma experiência de vida que lhe mastigou a puberdade.

Daqui.

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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Falhas nos preservativos VII

O preservativo - solução para todos os males (gravidez, DST, etc..), de acordo com várias mentes iluminadas, rompe-se ou salta...

Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar aborto ilegal


Integrantes da chamada Frente Parlamentar pela Vida conseguiram estimular a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Aborto, para investigar a venda irregular de medicamentos como o Citotec, além de uma rede clandestina de clínicas de aborto no país.


De acordo com reportagem do jornal "O Globo" publicada neste domingo, a Frente, que também fez lobby forte contra a liberação das células-tronco embrionárias, reuniu 220 assinaturas. No entanto, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), resolveu passar a instalação da CPI para o seu sucessor, que deverá ser eleito no início de fevereiro.


Os autores da CPI afirmaram que, caso a comissão não seja instalada até março, haverá uma grande manifestação na Esplanada dos Ministérios, além de um abaixo-assinado com cerca de cinco milhões de assinaturas, com o objetivo de pressionar o futuro presidente da Câmara. Eles pretendem convocar para a CPI mulheres que já praticaram o aborto, o que vem causando o receio na bancada feminina, além de entidades de direitos humanos, que temem uma maior exposição ao constrangimento.


domingo, 21 de dezembro de 2008

Estudo confirma risco de depressão em mulheres que abortam

Scandinavian Journal of Public Health, Vol. 36, No. 4, 424-428 (2008)

DOI: 10.1177/1403494807088449


Abortion and depression: A population-based longitudinal study of young women

Willy Pedersen
Department of Sociology and Human Geography, University of Oslo, Blinderen, Oslo, Norway


Aim: Induced abortion is an experience shared by a large number of women in Norway, but we know little about the likely social or mental health-related implications of undergoing induced abortion. International studies suggest an increased risk of adverse outcomes such as depression, but many studies are weakened by poor design. One particular problem is the lack of control for confounding factors likely to increase the risk of both abortion and depression. The aim of the study was to investigate whether induced abortion was a risk factor for subsequent depression. Methods: A representative sample of women from the normal population (n=768) was monitored between the ages of 15 and 27 years. Questions covered depression, induced abortion and childbirth, as well as sociodemographic variables, family relationships and a number of individual characteristics, such as schooling and occupational history and conduct problems. Results: Young women who reported having had an abortion in their twenties were more likely to score above the cut-off point for depression (odds ratio (OR) 3.5; 95% confidence interval (CI) 2.0—6.1). Controlling for third variables reduced the association, but it remained significant (OR 2.9; 95% CI 1.7—5.6). There was no association between teenage abortion and subsequent depression. Conclusions: Young adult women who undergo induced abortion may be at increased risk for subsequent depression.


Key Words: Abortion • adolescent • depression • female


Porta Amiga


A associação "Uma Porta Amiga" que integrou o nosso stand da Feira de Santo Iria no passado mês de Outubro, organizou, em Tavira, um bazar com venda de produtos cujo produto reverterá para a sua festa de Natal.


O bazar funciona nos dias úteis das 9 às 19 horas na rua Major José de Castro Sousa nº1 C, em Tavira (Telemóvel 919994719).


A festa de Natal será no próximo dia 22, 2ª feira, pelas 16 horas e é aberta a todos os que quiserem participar. Apenas será necessário levar um bolo ou bebida.


A associação "Uma Porta Amiga", entre outras finalidades, procura promover a integração de crianças, jovens e adultos em perigo e tem actualmente a funcionar em Tavira um ATL e um Centro de Acolhimento.

sábado, 20 de dezembro de 2008

DVD "Demographic Winter" já disponível no mercado



O DVD "Demographic Winter - o declínio da família humana" já está disponível legendado em português, espanhol, romeno e russo, para ser enviado directamente pelo produtor.

Poderão ver o "trailer", legendado em português, carregando na imagem abaixo:

ou, caso não consigam visualizar a imagem, seguirem o seguinte link:

http://www.youtube.com/watch?v=VZ3QvIdyQZE

Ao contrário do que acontece com outros filmes ou documentários, trata-se de um documentário com cada vez maior actualidade, à medida que iremos assistir aos diversos governos a adoptarem medidas erradas para fazerem face à actual crise, por não saberem ou não quererem saber quais as suas reais causas.

Para o encomendar, poderão ir ao site http://www.invernodemografico.org/.

O custo é de 19.95 dólares americanos, mais portes. Estão disponíveis importantes descontos de quantidade.

A APFN continuará a ter disponível DVD´s a 15.70 EUR apenas para sócios ou à venda em eventos por nós promovidos.

Este documentário já está disponível na internet, na sua versão integral, embora apenas em inglês.
Poderão vê-lo procurando "Demographic Winter" em Google videos, carregando na imagem abaixo, ou seguirem o link http://video.google.com/videoplay?docid=-5405261826557501257.

A ELFAC - European Large Families Confederation, que tem vindo a colaborar com o produtor na legendagem nas diversas línguas europeias, tem direitos para a sua divulgação no continente europeu, pelo que poderão ser feitas apresentações públicas desde documentário.


Não tem, no entanto, direitos para a sua transmissão na íntegra na televisão ou fora do espaço europeu.


No entanto, por já ter uma ligação privilegiada ao produtor, terá todo o gosto em colaborar com outras organizações, europeias ou não europeias, para obterem direitos para a sua divulgação.

Solicita-se a divulgação desde extraordinário documentário, que poderá ser feito com a utilização do banner que se inclui abaixo, com link para o site http://www.invernodemografico.org/.


Fonte: A.P.F.N. (Comunicado)

Vida Universitária

Tal como já referiu a Liliana, também eu aqui saúdo o relançamento da associação "Vida Universitária":

Universitários pela vida e pelo voluntariado social

Sejam, de novo, bem vindos.

O processo de luto dos pais de crianças com doenças fatais


A Intervenção Precoce (I.P.), genericamente, procura ser uma valência de actuação destinada a crianças pré-escolares com alterações no seu desenvolvimento psicomotor ou em situações de alto risco, que interferem no seu normal desenvolvimento. De acordo com as novas práticas, os objectivos de actuação da I.P. centram-se, assim, na criança e na sua família (Serrano e Miranda, 1998:13), de modo a minimizarem-se os factores de risco, para que a família possa desenvolver eficazmente as suas capacidades parentais e a manter o necessário equilíbrio.


Contrariamente ao esperado, um casal pode ser atingido pela morte prematura da sua criança, pelas mais variadas circunstâncias (morte perinatal, malformação, doença fatal), para a qual nunca se encontra preparado. Na verdade, a morte de uma criança apresenta-se como um acontecimento “contra naturam” que origina uma ruptura no equilíbrio familiar. Como defendem Sá (citado por Urra, 2007:146), e Mattei (2006:9), «os filhos são, realmente, a eternidade possível dos pais; engravidamos deles muito antes da sua gravidez» e «uma mulher grávida já vive como mãe muito antes do primeiro exame pré-natal», pelo que um acontecimento inverso desencadeia um processo de reacção. A perda experimentada ocasiona um sentimento de luto (normal), para todos os membros da família que envolve sintomas psicossomáticos.

No caso da morte de um filho com uma doença fatal antes do tempo, com «reacção de sofrimento emocional», acarretando ajustamentos psicológicos, familiares e individuais, difíceis de serem vividos e aceites (Ferreira et alii, 1990: 399), a I.P. pode agir como melhorativa, quando procura proporcionar as melhores condições de vida possíveis à criança até ao seu termo e procura a autonomia da família, para poder lidar com os novos problemas, procurando reduzir os efeitos negativos da sua perda no seio da família a que pertence. É, então, de suma importância que os serviços de I.P. sejam prestados por equipas interdisciplinares (profissionais da área da Psicologia/Psiquiatria, da Educação, da Saúde, do Serviço Social), de forma a poder dar-se resposta à gama de problemas de cada família, de acordo com as suas especificidades próprias.

A vivência da morte e do luto, processo mental e de sentimentos humanos de pesar, está dependente, entre outros, de variáveis como o contexto social e étnico da morte, o historial de mortes anteriores, a natureza da morte, a posição e função da pessoa no sistema familiar e a altura da morte no ciclo de vida. Apesar destas variáveis, os padrões de reacção são basicamente os mesmos (Bowlby, 2004:123).
Passaremos de seguida a apresentar o processo de luto atravessado pelos pais de crianças com doenças fatais, apresentando também algumas das necessidades básicas de intervenção em tais circunstâncias.


O comportamento dos pais durante a gravidez pauta-se por naturais fantasias e expectativas, sendo que o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança depende também das relações precoces que estabelece com a sua mãe (Teixeira e Leal, s/d:191). No caso de primeira gestação, verificam-se alterações ao nível da própria identidade sexual, sendo que a mulher deixa de ser filha para se tornar mãe (Ferreira et alii, 1990:399). A expectativa da família em relação à chegada do seu bebé é composta de sentimentos como o amor, o medo, a ansiedade, a preocupação ou a insegurança, porém, em caso de ruptura do desenvolvimento da fantasia materna, em caso de situações de crise, com a perda do bebé-real ou imaginário, estes sentimentos agudizam-se, influenciando e/ou alterando os padrões iniciais.


A perda de um ente querido é dolorosa, como descreve Sanders (citado por Melo, s/d:3): «A dor de uma perda é tão impossivelmente dolorosa, tão semelhante ao pânico, que têm que ser inventadas maneiras para se defender contra a investida emocional do sofrimento.», porquanto a influência dos laços afectivos no processo de luto – teoria da vinculação (Bowlby referenciado por idem, s/d:4). Quanto mais forte for o laço estabelecido entre duas pessoas, maior será o impacto e o sofrimento advindos da ruptura desses laços.

O processo universal de adaptação à perda, período de dor e sofrimento, enquanto processo necessário e fundamental para que o vazio deixado, com o tempo, possa voltar a ser preenchido, denomina-se de luto. O fazer do luto é condição essencial para a adaptação à perda. A sua ausência traz consequências graves e é sinal de alarme, passando o luto de normal a patológico (idem, s/d:3; Bowlby, 2004:158). Sanders (1999, referenciado por Melo, s/d:5), considera que o luto representa «o estado experiencial que a pessoa sofre após tomar consciência da perda, sendo um termo global para descrever o vasto leque de emoções, experiências, mudanças e condições que ocorrem como resultado da perda».

Bowlby (2004:127) refere alguns estudos de pais que perderam os seus filhos de que é possível retirar algumas informações sobre o seu comportamento e a experiência psicológica no período em que a criança esteve doente e após a sua morte. Os estudos pecam, todavia, por se restringirem a famílias de culturas ocidentais e à leucemia, pelo que o próprio autor pede cautela nas generalizações feitas.

Para Bowlby (ibidem), o luto obedece a um processo mais ou menos definido de três fases que passaremos a expor. No caso de pais de crianças com doenças fatais, o processo de luto desencadeia-se com a comunicação do diagnóstico, sendo que a morte do filho, quando manifestada, ocorre pouco depois, ainda na infância. Manifesta-se, assim, uma grande desconfiança na exactidão do diagnóstico e dos prognósticos, com a tentativa de provar o erro dos médicos. Sentindo-se atordoados, os pais necessitam de vários dias para assimilar realmente a notícia (idem, 2004:128). Esta fase, a de torpor, é também interrompida por explosões de raiva dirigidas contra o médico que transmite o diagnóstico (idem, 2004:128).

Na fase de descrença e tentativa de modificar o resultado, as manifestações são diversas, mas, no geral, a mensagem do médico é recebida com veemente contestação (idem, 2004:128), ocorrendo pensamentos como ‘Sei que isso aconteceu a outros, mas não pode acontecer com o meu filho.’ (idem, 2004:128). Pode ocorrer negligência do trabalho doméstico, do cuidado com outros filhos, e as insónias ou a perda de apetite serem comuns (idem, 2004:130). Refere Bozeman (citado por idem, 2004:130), que para algumas mães ‘a vida parava para muitas delas, e nenhum assunto novo podia ser examinado até que a enfermidade terminasse, de um modo ou de outro.’.

Nalguns casos, constata-se uma procura incessante e desordenada de informações médicas sobre a doença em causa, com o fim de provar a excepcionalidade do filho (idem, 2004:129). Alguns pais mantêm-se excessivamente ocupados, procurando cuidar e distrair a criança, prejudicando outros interesses (idem, 2004:129). Alguns procuram o contacto físico com os seus filhos ou multiplicam-se em cuidados para com eles. Bowlby (ibidem:129), menciona que «Se essas actividades de cuidados são benéficas ou não depende, é claro, da extensão em que o pai ou mãe consegue controlá-las, de maneira conveniente para a criança, ou as conduz compulsivamente, sem levar em conta os interesses da criança.». A culpa e/ou autocensura é um sentimento verificável nesta fase. Com a necessidade de responsabilizar alguém, a mãe, por exemplo, culpa-se a si mesma ou interpreta a doença como castigo de Deus (idem, 2004:130). Uma forte descrença e irritação podem persistir por tempo alargado, por semanas ou meses. Em casos como este, o processo do luto toma já um percurso variável de distúrbio (idem, 2004:129).

Kaplan (citado por idem, 2004:130), constata que a vida em casal pode tornar-se instável e ser marcada por conflitos entre os pais, com brigas frequentes. O clima de instabilidade pode adquirir tais proporções que Bowlby (idem:130), questiona se, decorrente do desentendimento entre os pais e do aumento de desconfiança entre todos os membros da família, se deve dizer à criança e aos seus irmãos que ela se encontra gravemente doente. Com efeito, pode assistir-se ao isolamento da criança que sabe que está a morrer e cujos pais não querem que ela tenha conhecimento disso (Binger et alii citados por idem, 2004:130-131). Todo este processo pode ainda sofrer picos de euforia descontrolada, e.g., com a alta hospitalar, ou momentos de extrema dor, com uma recaída da criança, e o reconhecer das verdadeiras perspectivas, com o retrocesso à fase de descrença (idem, 2004:131).

Com o prolongar da doença e as esperanças de melhora desfeitas, os pais evoluem no sentido de reconhecer os prognósticos médicos. Assistimos ao chamado luto antecipado, mais completo no caso de crianças com doenças fatais (idem, 2004:131). Os estudos do “National Institute of Mental Health” mencionam o seguinte: «o desapego gradativo do investimento emocional no filho foi observado na maioria dos casos em que o curso da enfermidade foi superior a três ou quatro meses, e resultou numa diminuição da reacção de pesar, de modo que a fase final e a morte do filho foram frequentemente recebidas com uma atitude de ‘resignação filosófica’» (citados por ibidem). Poucos são, porém, os que desesperam com o filho em vida.

Com a morte da criança, segue-se a fase denominada de desorganização e reorganização. A descrença na morte do filho pode perdurar depois da sua morte, contudo, «Os pais cujo luto se processa de maneira favorável aos poucos reconhecem e aceitam os verdadeiros factos.» (idem, 2004:133). Da relação entre pais depende, não raras vezes, a boa ou a má evolução do luto, com partilha do sofrimento, união, conforto e apoio, ou conflito e falta de apoio, respectivamente.

Os estudos demonstram que, depois da morte do filho, é ainda elevado o número de pais que adoece ou cujas doenças se intensificam, que sofrem problemas matrimoniais com divórcio ou separação, que manifestam problemas com os filhos sobreviventes ou necessitam de assistência psiquiátrica (idem, 2004:133-134).

Se os pais são afectados pela morte do seu filho, não podemos esquecer os irmãos envolvidos no processo. Bowlby (ibidem:134), alerta que «Em cerca de metade das famílias, um ou mais irmãos e irmãs do paciente, que antes gozavam boa saúde, apresentaram sintomas que incluíam rejeição à escola, depressão e intensa ansiedade de separação.». Pode ocorrer que os outros filhos possam ser acusados da morte do irmão (idem, 2004:134,137), tornando-se esta acusação nociva ao seu desenvolvimento. Nos casos em que isso se registou, as crianças em causa tiveram de receber intervenção psiquiátrica (idem, 2004:137).

Pelo exposto, verificamos que poucas serão as famílias que saem ilesas deste processo, manifestando-se sequelas se o processo do luto não for feito e se não se der a reorganização da vida. Nalgumas famílias, sobretudo se os pais são ainda novos, opta-se por ter outro filho ou adoptar. Aconselha-se, então, um intervalo de pelo menos um ano até se ter um novo filho, de modo que os pais tenham tempo suficiente para puderem «reorganizar a imagem da criança perdida e assim conservá-la como uma lembrança viva, distinta de qualquer novo filho que possa ter» (idem, 2004:135). Um novo filho não pode surgir como substituto ou ser a tentativa de retorno do anterior, sob pena de desenvolvimento de uma relação adversa entre pais e filho. Noutras famílias, o nascimento de um natimorto ou a morte de um recém-nascido pode gerar, eventualmente, a recusa a outros filhos, o que está documentado pela literatura desta matéria (Wolff et alii citados por idem, 2004:137).

Relativamente aos pais de crianças que nascem mortas ou que morrem cedo, o processo de luto é idêntico, destacando-se sentimentos como torpor, aflição somática, anseio, raiva, irritabilidade e depressão. São frequentes imagens do bebé morto ou em sonhos (idem, 2004:135).

Os estudos nesta matéria e a crescente preocupação com os pais levaram a que os investigadores, Klaus e Kennell, dos E.U.A., e Lewis, do Reino Unido (idem, 2004:135), questionassem as práticas hospitalares, nomeadamente a eliminação dos vestígios do bebé morto e as poucas informações fornecidas aos pais. Lewis (citado por idem, 2004:135), relata o exemplo de uma mãe que demonstrou um forte desejo de pegar a sua criança morta e de a passear pelo hospital. Os conselhos vão, então, no sentido de os pais poderem ter autorização para visitar o bebé doente, de participarem dos cuidados dispensados, a estarem junto dele quando morre, a vê-lo, tocá-lo e segurá-lo, depois de morto, assim como a darem-lhe um nome, prestarem-lhe enterro e a darem-lhe um túmulo. Com o contrário, os pais «não têm a quem chorar», enfrentando um «não-acontecimento» (Lewis citado por idem, 2004:136).

Klaus e Kennell (citados por idem, 2004:136 e Ferreira et alii, 1990: 401), aconselham entrevistas de orientação com os pais juntos, a fim de serem mantidos os padrões de comunicação e relacionamento do casal. A primeira entrevista deverá ser logo depois da morte e a seguinte dois ou três dias depois, quando já menos chocados e em melhores condições de se expressarem. Uma terceira entrevista visará verificar se o luto segue o seu curso normal, caso contrário, os pais necessitarão de uma maior assistência. É imprescindível que os pais sejam ouvidos, numa escuta empática e activa, dando a oportunidade de o seu sofrimento ser discutido, falado, desabafado e chorado, verbalizando as fantasias relativas à origem e consequências do problema (Ferreira et alii, 1990:401). Ainda que por circunstâncias variadas, de acordo com estudos de Rebelo (2005:373), a entreajuda no apoio a pais em luto pode revelar-se um suporte social de apoio bastante eficaz.

Coimbra de Matos (citado por idem, 1990:400) diz que os psicólogos «Devem[os] ajudar [os pais] a ‘vestirem-se de luto’ por estas perdas, a expressar a sua dor, a deprimirem-se, a desequilibrarem-se para que se possam reequilibrar de forma estruturada, com o conflito ‘resolvido’ e não a pseudo equilibrar-se, organizando a sua vida numa fuga à depressão, que mantém no inconsciente o luto por viver.».

Worden (1991, citado por Melo, s/d:8), estabelece quatro tarefas básicas do processo de luto que têm de ser concretizadas para que se restabeleça o equilíbrio e para que o processo de luto fique completo: aceitar a realidade da perda, trabalhar a dor advinda da perda, ajustar a um ambiente em que o falecido está ausente, e transferir emocionalmente o falecido, conseguindo prosseguir com a vida. O mesmo autor advoga que o processo de luto termina quando as tarefas anteriores são completadas, verificando-se um período de tempo inconstante, pois o processo de sofrimento é variável, podendo estender-se a mais tempo do que a própria pessoa espera, inclusivamente progredir com épocas específicas (estações do ano, aniversários), com stresse ou extrema fadiga (Sanders, 1999, citado por idem, s/d:12). Melo (s/d:12) afirma que «Um sinal de uma reacção de sofrimento finalizada é quando a pessoa consegue pensar no falecido sem dor e quando consegue reinvestir as suas emoções na vida e nos vivos.».

O acompanhamento em circunstâncias como as descritas pode envolver casos de crianças cuja notícia de doença genética fatal e pouco tempo de vida após o nascimento é do conhecimento dos pais, conjugando-se o luto com o pós-parto.

Apesar de todas as reacções de incompreensão, assiste aos pais o direito de terem o seu filho e de lhes serem administrados todos os cuidados necessários, desde equipas de cuidados perinatais até cuidados paliativos (Mattei, 2006:12), proporcionando à criança uma vida «terminada» e não interrompida, ainda que esta se limite a algumas horas, dias ou semanas (Puech, 2006:89), assim como concedendo-lhes os instantes de alegria que ainda forem possíveis. A adaptação dos cuidados paliativos à maternidade implica outras reflexões e preparações, pelo que «A mãe deve permanecer no centro das preocupações, tanto no plano médico como no plano psicológico, sendo-lhe oferecidas todas as condições necessárias para que ela possa assumir este período de grande vulnerabilidade.» (idem, 2006:90-91). É importante que, em todo o acompanhamento, os pais sejam levados a encontrar um sentido, reabilitando «a imagem da criança que vai nascer como “criança”, já que ela desaparece frequentemente por detrás do diagnóstico, o qual, com a sua violência, pode destruir a identidade, ou seja a presença da criança por nascer in utero» (idem, 2006:89), e a dar um significado, perante a ilusão do bebé perfeito, como testemunha Mézerac (2006:17): «através da forma como encarámos o nosso filho que ia nascer, demos sentido à nossa própria existência, aceitando acolher essa nova vida até à sua morte natural.».

Em qualquer circunstância, a I.P., num plano individualizado de apoio à família, deve proporcionar o local e o tempo para que cada família possa pôr em prática os seus rituais de luto próprios, num clima facilitativo, procurando que dê sentido à existência e ajudando todos os membros da família a ultrapassar os momentos de crise.



BIBLIOGRAFIA

BARROS, Elizabeth Nunes de, Implicações Psicossociais, Emoções e Enfrentamento do Câncer na Infância Quando a Cura Não é Mais Possível, [http://www.praticahospitalar.com.br/pratica%2041/pgs/materia%2025-41.html], disponível em 5 de Maio de 2008.

BOWLBY, John (2004), Perda – Tristeza e Depressão, volume 3 da trilogia “Apego e Perda”, São Paulo, Martins Fontes.

FERREIRA, Lília Maria et alii (1990), “O Luto por Morte Perinatal e/ou Malformação do Bebé” in Análise Psicológica, 4 (VIII), pp. 399-402.

MATTEI, Jean-François (2006), Prefácio in MÉZERAC, Isabelle de (2006), Um Filho para a Eternidade, Estoril, Principia.

MELO, Ana Rita de Paulo Proença (s/d), “Processo de Luto: o inevitável percurso face a inevitabilidade da morte”, [http://namp.ist.utl.pt/documentos/luto.pdf], disponível em 14 de Junho de 2008.

MÉZERAC, Isabelle de (2006), Um Filho para a Eternidade, Estoril, Principia.

PUECH, Francis (2006), Introdução de “Reflexões em torno de um berço vazio, ou como introduzir as práticas paliativas na maternidade” in MÉZERAC, Isabelle de, Um Filho para a Eternidade, Estoril, Principia.

REBELO, José Eduardo (2005), “Importância de entreajuda no apoio a pais em luto” in Análise Psicológica, 4 (XXIII), pp. 373-380, [http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v23n4/v23n4a02.pdf], disponível em 16 de Junho de 2008.

SERRANO, Ana Maria, CORREIA, Luís de Miranda (1998), “Intervenção Precoce Centrada na Família: uma Perspectiva Ecológica de Atendimento” in CORREIA, Luís de Miranda (1998), Envolvimento Parental em Intervenção Precoce – Das Práticas Centradas na Criança às Práticas Centradas na Família, Colecção Educação Especial, n.º 2, Porto, Porto Editora.

TEIXEIRA, Isabel, LEAL, Isabel Pereira (s/d), “Expectativas e Atitudes de Mães Primíparas com Filhos Prematuros”, Notas de Investigação, pp. 191-193, [http://www.isabel-leal.com/portals/1/pdfs/1995_12_191.pdf], disponível em 5 de Maio de 2008.

URRA, Javier (2007), O pequeno ditador – da criança mimada ao adolescente agressivo, Lisboa, A Esfera dos Livros.


Palavras-chave:
Intervenção Precoce (I.P.)
Família
Sistema ecológico
Luto
Crianças com doenças fatais
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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Gomorra

Realizador: Matteo Garrone. Argumento: Maurizio Braucci, Ugo Chiti, Gianni Di Gregorio, Matteo Garrone, Massimo Gaudioso, Roberto Saviano. Intérpretes: Salvatore Abruzzese, Simone Sacchettino, Salvatore Ruocco, Vincenzo Fabricino, Vincenzo Altamura, Italo Renda. 137 min. M/16. (VXD) *

Assinado por José Maria Aresté Data: 15 Dezembro 2008

Impressionante olhar sobre a sinistra realidade da Camorra italiana, a partir da novela homónima de Roberto Saviano, ele próprio ameaçado de morte por estes criminosos, a ponto de precisar de contínua protecção policial. Entre as dezenas de histórias incluídas na obra original, o realizador Matteo Garrone escolheu cinco, muito representativas dos trágicos acontecimentos que se vivem em Nápoles e nos seus arredores.
As andanças de vários personagens entrecruzam-se como tramas de um tapete. Dom Ciro é um contabilista da máfia que nunca sujou as mãos e que, na complexidade de confrontos de clãs, não sabe a qual se há-de associar para sair ileso. Totó é um adolescente, jovem "cachorro", que aspira a ser considerado pelos mais velhos apto para ser admitido na organização criminosa. Marco e Ciro são dois rapazolas desmiolados, tão indolentes e pouco motivados como tantos outros rapazes honestos da mesma idade, mas que além disso desejam "fazer a guerra por sua conta", isto é, tentar a sorte juntando-se a um gang de narcotraficantes colombianos, saltando a hierarquia da Camorra. Roberto, jovem licenciado e rapaz às ordens de Franco, faz negociatas com indústrias químicas para eliminar resíduos tóxicos de modo a sair mais barato às empresas do que se estas cumprissem as normativas de segurança. Por último aparece Pasquale, um excelente alfaiate, que na iminência de ter de entregar um pedido urgente, é capaz de encomendar o trabalho a ateliers chineses clandestinos, sem conhecimento do chefe.
É um filme que retrata sem paliativos o horror do crime organizado da Camorra. Além disso, tem muita actualidade por incluir questões como a exploração de imigrantes ilegais, o desnorteamento de tantos jovens vazios de ideias, e a destruição do ambiente pela contaminação. A abordagem, valente, é de total desmistificação dos problemas: ficam descartados todos os processos mais ou menos românticos ou condescendentes de certo tipo de cinema dos Estados Unidos, que tem por trás pessoas do nível de Francis Ford Coppola, Martin Scorsese ou Brian De Palma (este último explicitamente criticado). Aqui não há lugar para qualquer tipo de fascínio, porque o quadro que Garrone pinta é a rotina mafiosa, absolutamente imoral: negócios corruptos para encher os bolsos, utilização de pessoas para fins horríveis, degradação da sexualidade - explicitamente apresentada -, negação do valor da vida, subjugação de pessoas, incluindo crianças, condenadas a ser párias se não aceitarem determinadas regras do jogo...
Com um tempo correctíssimo, como num verdadeiro documentário, real como a própria vida - muitos actores não são profissionais, na linha da tradição neo-realista italiana - o filme faz-nos testemunhas da evolução dos diferentes personagens, num mecanismo muito bem engrenado, onde impera o medo e a hipocrisia e que ninguém parece ter interesse em desmontar, em parte pelos muitos milhões envolvidos, inclusive em negócios legais. No meio deste panorama desolador e terrível que nos é apresentado, e sem mais violência que a estritamente necessária, Garrone tem o acerto de incluir personagens que se revoltam contra a situação, sem que a sua oposição signifique minimamente o fim da Camorra, mas apenas a constatação de que há gente que faz as coisas de forma correcta, embora isso implique ganhar menos dinheiro e ficar fora de jogo.

José María Aresté

Natal


quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Oxalá me engane...

....mas provavelmente esta será a discussão sobre o aborto daqui a uns anos em Portugal.

Obama eclético

Obama tem-se pautado ultimamente por uma caldeirada de tendências, posições, opções e escolhas caracterizadas pelo ecletismo.

Agora, ele que é pro-aborto e pro-direitos dos gays, escolheu o pastor Rick Warren para discursar na sua tomada de posse.

O pastor Rick Warren é um homem de grande credibilidade nos EUA e é contra o aborto e os direitos dos gays ao casamento.

Será que isto é só o levar à prática o relativismo ético que Obama defende ou será que o senhor anda com as ideias meio confusas ?

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Associação Famílias exige respeito pela vida humana

A Associação Famílias apresentou ontem de manhã, em Braga, uma Proposta de Carta para uma Cultura de Respeito pela Vida por meio da qual exige mais respeito pela dignidade da pessoa humana.


O novo documento que é da responsabilidade do Instituto Internacional “Familiaris Consortio” (IIFC) pretende, também, contribuir para um maior conhecimento da Declaração Universal dos Direitos do Homem, produzida na sequência da II Guerra Mundial e que assinalou ontem 60 anos de existência.


Na conferência de imprensa, na sede na Associação Famílias, Carlos Aguiar Gomes fez uma apresentação global da carta alertando para diversas situações nas quais, actualmente, os direitos humanos continuam a ser ignorados e desrespeitados. O presidente da associação destacou alguns dos 10 números que compõem a carta editada em quatro línguas – alemão, francês, inglês e português – e apresentada em diversos países por meio do IIFC.


Em concreto, o documento, dirigido a toda a comunidade humana, condena todas as tentativas de selecção eugenista, experiências sobre e com embriões humanos, clonagem e hibridação de gâmetas humanos com gâmetas de outras espécies. Também a eutanásia, o suicídio assistido e a pena de morte não escapam à crítica do documento apresentado ontem.


Num momento histórico, marcado por uma crise económica mundial, os autores da Carta para uma «Cultura de Respeito pela Vida» não deixam de lado o problema da fome e todas as formas de pobreza considerando-as «intoleráveis». A este respeito, Carlos Aguiar Gomes lamentou que em Portugal existam, nos dias de hoje, cerca de dois milhões de pobres, com tendência para o número aumentar.


A ecologia e os problemas ligados ao equilíbrio da natureza estão igualmente referidos nos pontos que compõem o documento, assim como a necessidade urgente de o Estado criar as condições desejáveis e necessárias para que os cidadãos possam ter direito a cuidados paliativos e a apoios domiciliários na fase final da vida humana.


O presidente da Associação Famílias disse, na palavra introdutória, que «infelizmente as agressões aos direitos humanos continuam» e denunciou algumas dessas formas de ataque: umas são «destacadas, descaradas e publicamente assumidas», ao passo que outras são «veladas e apresentadas como consequência e sinal do progresso de um mundo pós-moderno». E acrescentou: «tome-se como exemplo a “limpeza” eugénica que está a ser feita diariamente com o apoio e concordância dos diferentes poderes políticos, se não mesmo com a imposição deste».


Como resposta a esta situação, a Associação Famílias não se calará nem deixará de exercer o seu direito de denúncia. «Condenamos a eugenia nazi com a mesma veemência face à que hoje se pratica com meios muito mais sofisticados de muitos centros hospitalares». E prosseguiu: «todo o atentado à dignidade de toda e qualquer pessoa, a começar pelo seu direito natural e profundo a viver, merece a nossa mais viva repulsa».


Notícia daqui.

IV Congresso Europeu de Famílias Numerosas

O IV Congresso Europeu de Famílias Numerosas organizado pela European Large Families Confederation – ELFAC – realizou-se no passado fim-de-semana em Barcelona com o tema: "Famílias Numerosas, o Futuro da Europa".


O Congresso teve início no dia 13 de Dezembro na Universidade Internacional da Catalunha (UIC), em Barcelona, com a colaboração do Instituto de Estudos Superiores da Família (IESF) e a participação das associações de famílias numerosas europeias.


Deram início aos trabalhos o Reitor da UIC, Dr. Josep Argemí e o Presidente da ELFAC, Engº Fernando Castro.


A conferência que se seguiu teve como tema: "A Família na Europa: Dados e Políticas Públicas" da responsabilidade de Raúl Sánchez, Director do IESF e Presidente do Intituto da Família.


Os diapositivos apresentados convidaram a uma reflexão sobre a forte queda do índice sintético de fecundidade na Europa, os diversos modelos de política familiar e taxas de sucesso e a consequente redução da sustentabilidade económica europeia.


A segunda parte contou com a apresentação do documentário: “Demographic Winter - The Decline of the Human Family”, seguido de mesa redonda com as participações do Dr. José Ribeiro e Castro, Eurodeputado por Portugal e Vice-presidente do Intergrupo da Família e Protecção da Infância do Parlamento Europeu, Dr. Laszlo Marki, Professor do Instituto Alfréd Rényi de matemáticas de Budapeste e Vice-presidente da ELFAC e Dr. Pau Serra, Professor de Geografia Humana da UIC.


As intervenções deram conta de um cenário hostil para as famílias com filhos onde a pressão e o preconceito substituem, cada vez mais, o apoio àquela que é, nas palavras do eurodeputado, a primeira ONG digna da justiça social mais elementar – A Família.


Das conclusões deste congresso retira-se a forte convicção que o capital humano, tal como tem evoluído, põe em causa a sustentabilidade da Europa. E, como concluiu o Presidente da ELFAC e da APFN, Eng. Fernando Castro, as famílias numerosas são as protagonistas desta “guerra” da sobrevivência.


O Congresso encerrou em festa, dia 14 de Dezembro, no parque temático de Port Aventura em Tarragona, com a entrega do prémio “Europa” ao Dr. José Ribeiro e Castro, pelo seu empenho na defesa da família, em geral, e das famílias numerosas em particular, no Parlamento Europeu.


Fonte: A.P.F.N.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Maior risco de pobreza nas famílias numerosas

A análise do risco de pobreza em Portugal, publicada hoje pelo INE, revela que as famílias numerosas são as mais penalizadas e com maior índice de pobreza. Neste estudo, que se anexa, o Instituto Nacional de Estatística confirma que as famílias constituídas por dois adultos e três ou mais filhos a cargo são, de longe, as que apresentam a maior taxa de índice de pobreza com 43%, sendo seguidas pelos adultos com mais de 65 anos com 37% e por agregados de um adulto com crianças dependentes com 34%. A taxa média de risco de pobreza é de 18% o que demonstra a desproporção dos números. Infelizmente o INE não mostra o resto da verdade. É que as famílias numerosas em vez de serem apoiadas pelo Estado, são penalizadas em inúmeros aspectos que vão desde o preço da água, ao imposto sobre a habitação, incluindo o próprio sistema fiscal – os dados apresentados reportam ao ano de rendimentos de 2006 e, neste mesmo ano, uma família com 12 filhos e com um rendimento de 22.000 euros anuais, teria que pagar IRS, ficando com um rendimento líquido pós-imposto que a colocaria abaixo do limiar da pobreza. Estranho país este em que pessoas abaixo do limiar da pobreza pagam IRS... E, mais uma vez, no Orçamento já aprovado para o próximo ano, o Governo continua a penalizar as famílias com filhos, em especial os pais casados, contrariamente à informação que foi largamente veiculada pela comunicação social. O INE também não mostra, dentro dos mesmos critérios de análise por agregado familiar, como evolui a situação antes e após as transferências do Estado, mas todos nós, pais de famílias numerosas, sabemos que, por cada filho nosso, entregamos em impostos indirectos ao Estado muito mais do que a pequena parte que o Estado por vezes nos devolve. Se juntarmos a estes factos a realidade do rigoroso “Inverno Demográfico” que se aproxima a passos largos, de que a APFN deu conhecimento a todos os políticos, que conduz o país para uma total insustentabilidade económica e social, e que o impede de ter recursos para subsistir quanto mais pagar rios de dinheiro em investimento público, não podemos deixar de concluir que este não é um Governo que não sabe, é um Governo que não quer saber. É inacreditável que se anunciem amplamente programas de “ajudas às famílias” verificando nós que cada vez mais estamos sobrecarregados e, em vez de ajudas, continuamos a ter penalizações. Para quando a adopção em Portugal das medidas que a Comissão Europeia recomenda e têm vindo a ser seguidas, com sucesso, por vários países europeus? Quando é que as famílias portuguesas com filhos têm direito a ser europeias?

Ética empresarial

A presente crise económica tem contribuído para o ressurgir de 2 temas que andavam meio adormecidos:- O regresso à apologia do socialismo e (com menos publicidade) o destaque para a importância da ética empresarial.
A referência para a primeira vem-nos da Venezuela, a referência para o segundo chega-nos via Prof. César das Neves.
Sem prejuízo de poder abordar a questão do ressurgir do socialismo (ou pelo menos, do Estatismo, entendido enquanto reforço da presença e da influência do Estado na sociedade e nas nossas vidas), em outra oportunidade, destaco agora aqui, nas palavras de um padre Jesuíta americano, professor universitário, a questão da ética empresarial.
A questão é relevante por causa disto, mas também porque nos deve servir de interpelação para o nosso dia a dia no mundo dos negócios.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Bolt ou a educação para os media



Tal como já tinha referido há uns tempos aqui e recentemente o prof. João César das Neves destacou aqui, existem vários desenhos animados que primam pela ausência de mensagem, pela agressividade sonora e verbal e pela alucinação da narrativa.
Esses são os desenhos animados neo-modernos que traduzem e espelham o frenesim estéril e inconsequente no mundo materialista e meio psicopata em que vivemos.

Não é o caso da recente produção da Disney Bolt que, além da mensagem construtiva e de ser um divertimento engraçado, conta uma história, sem recurso aos habituais histerismos sonoros ou visuais.

Em especial, o filme ajuda a desconstruir e desmontar a ficção do cinema e da televisão e isso é muito importante numa época em que as crianças e os jovens consomem horas a fio de televisão e jogos de computador.

Ora, esta é precisamente uma das vertentes da chamada Educação para os Media, mostrar aos jovens e crianças os bastidores da rádio, televisão e cinema para que saibam relativizar, descodificar e compreender melhor o que neles é transmitido.

P.S.1- A propósito de Educação para os Media, excelente este blog "Educar para os Media" com muita e variada informação, incluíndo referências a vários estudos mundiais sobre a relação entre os media e as crianças.

P.S.2- E já agora uma apreciação muito positiva para o novo canal infantil para crianças JimJam muito educativo, com desenhos animados "limpos" e de grande qualidade.
Se tiverem que os ver, aos menos, que seja alguma coisa de jeito....

sábado, 13 de dezembro de 2008

Testemunho de um sobrevivente dos ataques de Mumbai

As horas iam passando e o estado de espírito das pessoas continuava a ser de tensão, mas controlada. A certa altura, a luzinha vermelha do meu Blackberry começou a piscar. Era um colega do gabinete de segurança da minha empresa, a mandar-me sair imediatamente do sítio onde estava, porque os terroristas estavam a revistar o hotel de alto a baixo, à procura de americanos e britânicos, para os matarem. Eu tenho 1,85 m e sou nitidamente americano, especialmente numa cidade como Bombaim. Eles davam cabo de mim, mal me descobrissem.
Nesse momento, explodiu uma bomba, fazendo um ruído enorme, e começaram a ouvir-se nas escadas disparos de armas ligeiras. Presumi que o fim estivesse perto.
Mandei um rápido e-mail aos meus pais, agradecendo-lhes a vida e tudo o que me tinham dado. Depois, mandei outro e-mail à minha mulher e aos meus filhos: «Obrigado, Celeste, por teres sido a minha melhor amiga e a minha alma gémea. Amo-te!» Devastei a alma e o coração, em busca de umas quantas pérolas de sabedoria para deixar aos meus três filhos pequenos, que os edificassem e sustentassem pela vida fora, agora que iam ficar órfãos de pai. Pedindo ajuda ao Espírito Santo, expliquei-lhes que a vida era um dom, e que eles deviam fazer todo o possível por usufruir desse dom. Pedi-lhes que tomassem conta da mãe, uns dos outros, e das pessoas que os rodeiam – e que não tivessem medo de dizer que sim à vocação. Aconselhei-os a terem uma vida de oração e a viverem as normas de piedade que nós lhes tínhamos ensinado: «Vivam intensamente a vida, rapazes, e mantenham-se sempre em estado de graça.»
A dor que sentia no coração (e o ritmo cardíaco) intensificou-se à medida que os tiros de AK se foram aproximando. Aproximei-me do chefe da sala e perguntei-lhe discretamente se podia sair pelas escadas das traseiras, porque a segurança da minha empresa me tinha dado indicações para abandonar imediatamente o edifício. O sujeito garantiu-me que estávamos seguros, mas a expressão com que o disse denunciou o medo e a insegurança que sentia. Enquanto ele conferenciava com os dois paquetes, eu posicionei-me ao pé das escadas das traseiras.
Momentos depois, os paquetes anunciaram que iam começar a deixar sair algumas pessoas, o que gerou imediatamente uma investida em direcção às escadas. Embora eu estivesse perto da porta, ouvi entoar em coro, com um encantador sotaque indiano: «As mulheres e as crianças primeiro!» Ah, com certeza! Engoli em seco e desviei-me.
As mulheres e as crianças começaram a sair da sala em grupos de oito. Cerca de um minuto depois, os homens começaram a avançar pelo meio delas. Tendo visto passar por mim uma dúzia de homens, numa altura em que a maioria das mulheres já tinha saído, eu avancei também e consegui fugir.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Protecção de crianças na internet


Baseando-se no sucesso do seu antecessor, que abrangia o período 2005/08, a partir de 1 de Janeiro de 2009 a União Europeia (UE) passará a ter um novo programa Para uma Internet mais segura, para o período 2009/13.


Um novo inquérito Eurobarómetro, publicado a 9 de Dezembro, revela que 75% das crianças, com idades compreendidas entre os 6 e os 17 anos, já têm acesso à Internet e 50% das crianças de 10 anos possuem um telemóvel.


Segundo dados do estudo, 60% dos progenitores europeus estão preocupados, temendo que os seus filhos possam ser vítimas de aliciamento (o chamado grooming, ou desenvolvimento de supostas “amizades” que conduzem ao abuso sexual das crianças), enquanto 54% receiam que os seus filhos possam ser intimidados em linha (assediados através de sítios Internet ou por meio de mensagens por telemóvel).


O novo programa, com orçamento de € 55 milhões, pretende combater estes comportamentos desviantes, ao tornar mais sofisticados e mais seguros os programas de acesso à Internet e as tecnologias de telefonia móvel.


Para Viviane Reding, Comissária da UE para a Sociedade da Informação e Meios de Comunicação Social, “Hoje em dia as crianças mergulham no mundo da Internet e da telefonia móvel muito cedo, tornando-se frequentemente adolescentes com pleno domínio da tecnologia e da navegação na Internet. Porque estas tecnologias os ajudam a estudar e lhes proporcionam novas formas aliciantes de socializar com os outros, utilizam-nas amiúde com mais à-vontade do que os próprios pais. É preciso assegurarmo-nos de que, cada vez que recorrem a serviços da Internet ou de telefonia móvel, possam reconhecer os riscos potenciais e saber lidar com eles”.

Fonte: Portal do Cidadão


P.S.- E já agora aqui ficam algumas sugestões de filtros para internet

Direitos... Direitos...

A população faminta ronda agora os 963 milhões (equivalente a quase cem vezes a população portuguesa). O suficiente para eliminar dez anos de progressos no combate ao flagelo.

Em 1990 o objectivo era claro: reduzir os números da fome a metade, nos vinte cinco anos seguintes. Durante quinze anos, até 2005, pensámos que seria possível. Aos poucos, embora mais lentamente do que se queria, a meta parecia cada vez mais alcançável. O número de famintos era cada vez menor.
Nos últimos dezoito meses, contudo, o retrocesso foi brutal. O ano passado, em pleno pico dos preços alimentares, 75 milhões (exacto: 75!...) vieram juntar-se ao exército dos sem comida.
Desde Janeiro deste ano, o preço dos alimentos reduziu-se a metade, mas continua tão alto que outros 40 milhões vieram engrossar o imenso exército dos com fome.
A população faminta ronda agora os 963 milhões (equivalente a quase cem vezes a população portuguesa). O suficiente para eliminar dez anos de progressos no combate ao flagelo. Mas há pior. A queda dos preços dos bens alimentares não bastará para inverter a situação. Algumas culturas poderão deixar de ser rentáveis e as produções podem tornar-se ainda mais escassas. A crise que começou entre os ricos da América e da Europa arrastará os mais pobres dos pobres para uma situação ainda pior.Segundo a FAO, um investimento de 30 mil milhões de dólares, nos países mais pobres da Ásia e da África, bastaria para tornar de novo possível o objectivo do milénio. O dobro do que a América se propõe gastar para apoiar apenas os três maiores construtores da indústria automóvel.
Eis o escândalo. Sessenta anos depois da Declaração dos Direitos do Homem, impõe-se dar cumprimento a um: o direito a não ter fome!
Opinião daqui.

Em casa e na estrada, junto prevenimos mais

Operação de Natal 2008

Aqui e aqui

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

APAV: Há marcas que nunca se devem ter

França rejeita legalização da eutanásia



Não é admissível a legalização da eutanásia ou do suicídio assistido, o que devemos é melhorar as medidas de assistência ao doente terminal. Esta é a conclusão da comissão de estudos do Parlamento francês, liderada pelo deputado Jean Leonetti, que agora publica o seu relatório
Fonte: Aceprensa 9 de Dezembro de 2008
A comissão parlamentar defende que não existe um "direito a morrer", reivindicável perante a sociedade, para justificar o suicídio assistido (provocado por um produto letal) ou a eutanásia (gesto activo para causar a morte a pedido de um doente).

Em França existe desde 2005 uma lei sobre o fim da vida (cfr. Aceprensa 20-05-2005), também conhecida como lei Leonetti por ter sido preparada por esse deputado. A lei reconhece o direito do paciente a recusar tratamentos considerados inúteis, prevê o "testamento vital", admite tratar a dor assumindo o risco de abreviar a vida, e estabelece a obrigação dos hospitais disponibilizarem camas para cuidados paliativos nos hospitais. Mas não reconhece a eutanásia.
Nos últimos anos alguns casos comoveram a opinião pública, como o de Chantal Sébire, doente de um cancro que lhe desfigurava o rosto. Sébire pediu sem êxito a eutanásia, e depois suicidou-se (cfr. Aceprensa 14-04-08). Por causa deste caso foi criada a comissão presidida por Leonetti, para avaliar a aplicação da lei de 2005. Composta por quatro parlamentares de partidos diferentes, a comissão ouviu o testemunho de 58 pessoas e visitou quatro países (Inglaterra, Holanda, Bélgica e Suiça) para estudar a respectiva experiência.

Uma parte do relatório dedica quarenta páginas muito argumentadas a examinar os fundamentos éticos e psicológicos da reivindicação do "direito a morrer", e as consequências previsíveis que teria para a sociedade, a justiça e a medicina.

Faz especialmente notar que a eutanásia ou o suicídio assistido não são um prolongamento dos cuidados paliativos, pertencem, antes, a outra lógica e têm a potencialidade de corroer a relação essencial de confiança entre o médico e o doente.

Em vez de admitir um direito a morrer, a comissão Leonetti propõe que se dê mais a conhecer, a doente e médicos, as possibilidades da lei de 2005, que, segundo a comissão, permitem abordar as situações dramáticas.

Propõe também que o Código Deontológico dos Médicos precise o modo de aplicar uma sedação terminal quando cessaram os tratamentos activos e o doente está inconsciente. Isto permitiria evitar as agonias dolorosas.

Como as situações de fim de vida podem causar momentos de incompreensão entre as famílias e os profissionais de saúde, a comissão propõe criar em cada departamento um médico de referência em cuidados paliativos, que poderia mediar nessas situações complexas.

Também sugere que seja atribuída uma licença laboral para o acompanhamento, no domicílio, de um familiar em situação terminal. Esta licença de 15 dias poderia ser remunerada pelo seguro de doença, embora a incerteza sobre o custo desta medida aconselhe a realização de um estudo prévio.
Os deputados apontam ainda para a conveniência de criar um Observatório das práticas médicas do fim de vida, para conhecer melhor as condições em que os doentes morrem. E recomenda-se, na linha da lei de 2005, reforçar a formação dos médicos em cuidados paliativos.

A última liberdade?

Em França, e noutros países, o debate sobre a legalização da eutanásia é relançado ciclicamente a propósito de certos casos limite, que emocionam a opinião pública e que são instrumentalizados para exigir o direito a uma "morte digna".

Estes casos não justificam uma mudança na legislação, afirma Axel Kahn num livro que acaba de publicar, A última liberdade? (Ed. Plon). Kahn é um cientista geneticista, que de 1992 a 2004 pertenceu ao Comité consultivo nacional de ética, e que agora é reitor a Universidade Paris Descartes.

Kahn pensa que a lei francesa de 2005 conseguiu um bom equilíbrio, o melhor nesta matéria actualmente na Europa. Kahn, agnóstico, fica incomodado por ver este debate ser apresentado como se fosse uma luta entre livre-pensadores de um lado e crentes do outro, quando há razões não religiosas para rejeitar a eutanásia.

É especialmente crítico com a Associação pelo Direito a Morrer com Dignidade (ADMD), censurando-o pelo uso que faz dessa expressão. O erro seria que se passasse a ideia de que essa organização "representa o sector esclarecido da opinião pública que, em colaboração com a imprensa mais corajosa, iria remover a muralha de chumbo que esconde as hipocrisias nacionais...".Axel Khan considera que uma alteração da lei actual teria o perigo de levar a França pelo mesmo declínio escorregadio da Holanda, cuja evolução lhe parece "assustadora".