sexta-feira, 6 de junho de 2008

Censura à la carte

Não sou um grande adepto de touradas, embora compreenda as pessoas que o são.
Para muitas essa é uma forma de arte e engenho.
No caso da tourada portuguesa não há morte na arena.
Por outro lado, também compreendo as pessoas que são contra as touradas. É uma matéria onde respeito e não me choca a diferença de opções.
Já me choca que uma pessoa que seja contra as touradas seja, ao mesmo tempo, a favor do aborto livre. Essa sim, acho uma aberração e uma inversão de valores.

A recente decisão de um tribunal ao proibir a divulgação de uma tourada através da RTP é algo sobre a qual não sou nem totalmente contra, nem totalmente a favor. Só lamento que em outras situações análogas a entidade reguladora para a comunicação social ou a ex- Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) não tenham actuado da mesma forma.

Fui entre 1996 e 1998 membro da direcção da APET (Associação Portuguesa de Espectadores de Televisão), actual ACMEDIA e, nessa qualidade, colaborei em várias queixas apresentadas à então AACS relativamente a programas de tv com violência manifesta e cenas de sexo explícito divulgadas em horário diurno.
Quase todas foram arquivadas por serem consideradas cenas aceitáveis num mundo aberto e "moderno".

Se calhar até poderei aceitar a decisão do tribunal, mas gostaria que existisse uma maior igualdade de critérios. Pena é que a entidade administrativa que regula esta área, à semelhança de todas as suas antecessoras tenha uma actuação tão débil

4 comentários:

Muffi disse...

Por mais que seja a morte do Touro na arena a ferir a susceptibilidade de muitos, a mim o que me parece selvagem é espicaçá-lo para depois arrancar (muitas vezes cortando a pele com facas) a sangue frio as bandarilhas e fazer o animal sofrer o transporte para o matadouro e abate.
Para mim é mais humano matar o touro na arena de uma só estocada.

Mas realmente humano seria abandonar o espectáculo degradante da tortura de um animal para contentamento do público.

Anónimo disse...

Eu gosto imenso de touradas e gostaria seguramente muito mais que houvesse touros de morte como em Espanha.
Sou católico e penso que as touradas não têm mal nenhum. São apenas animais irracionais, não têm uma alma sobrenatural a salvar, não são imortais como nós, são bons para matar e comer, para a nossa alimentação!
O nosso querido Papa João Paulo II, tanto quanto sei, gostava muito de touradas e admirava a valentia dos toureiros que enfrentavam os touros nas pegas!
Respeito muito opiniões contrárias mas não entendo que se diga que «não faz sentido nenhum que os que são a favor da vida serem a favor das touradas».
Um abraço amigo.
Pedro

Anónimo disse...

Não se percebe a hipersensibilidade para com os animais, e o total anestesiamento em relação ao bem dos homens.
Vale a pena reler o Catecismo, nos pontos a seguir.

O RESPEITO PELA INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO

2415. O sétimo mandamento exige o respeito pela integridade da criação. Os animais, tal como as plantas e os seres inanimados, são naturalmente destinados ao bem comum da humanidade, passada, presente e futura(155) O uso dos recursos minerais, vegetais e animais do universo não pode ser desvinculado do respeito pelas exigências morais. O domínio concedido pelo Criador ao homem sobre os seres inanimados e os outros seres vivos, não é absoluto, mas regulado pela preocupação da qualidade de vida do próximo, inclusive das gerações futuras; exige um respeito reli­gioso pela integridade da criação (156).

2416. Os animais são criaturas de Deus. Deus envolve-os na sua solicitude providencial (157). Pelo simples facto de existirem, eles O bendizem e Lhe dão glória (158). Por isso, os homens devem estimá-los. É de lembrar com que delicadeza os santos, como São Francisco de Assis ou São Filipe de Néri, tratavam os animais.

2417. Deus confiou os animais ao governo daquele que foi criado à Sua imagem (159). É, portanto, legítimo servimo-nos dos animais para a alimentação e para a confecção do vestuário. Podemos domesticá-los para que sirvam o homem nos seus trabalhos e lazeres. As experiências médicas e científicas em animais são práticas moralmente admissíveis desde que não ultrapassem os limites do razoável e contribuam para curar ou poupar vidas humanas.

2418. É contrário à dignidade humana fazer sofrer inutilmente os animais e dispor indiscriminadamente das suas vidas. É igualmente indigno gastar com eles somas que deveriam, prioritariamente, aliviar a miséria dos homens. Pode-se amar os animais, mas não deveria desviar-se para eles o afecto só devido às pessoas.

Anónimo disse...

Abomino touradas. Sou grande amiga de quem com elas viveu/vive desde o berço e, apesar de todos os argumentos, não consigo compreender o deliciamento com a dor dos pobres bichos...

Partilho da mesma ideia: «Já me choca que uma pessoa que seja contra as touradas seja, ao mesmo tempo, a favor do aborto livre. Essa sim, acho uma aberração e uma inversão de valores.»

Liliana