sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Eutanásia em crianças: uma barbárie

 
 
O paraíso pós-moderno, a Bélgica, legalizou a eutanásia para crianças, ou seja, uma criança belga com uma doença debilitante pode pedir a morte medicamente assistida. Vamos lá ver se nos entendemos. Nós achamos que uma criança não tem discernimento político, é por isso que a idade política começa aos 18 anos. Nós achamos que uma criança não tem discernimento moral, é por isso que a idade criminal começa aos 16 anos. Nós achamos que ter sexo com uma criança é crime, porque consideramos que esse acto é um abuso da sua falta de discernimento. Mas, na Bélgica, esta criança já pode pedir a sua própria morte através da decisão mais absoluta e irrevogável. O absurdo lógico e moral salta à vista. 
Como é óbvio, os pediatras belgas estão contra a nova lei, porque consideram que uma criança não tem o discernimento moral para compreender os conceitos de eutanásia, morte, para sempre. O óbvio ululante. Além disso, os médicos dizem que o pedido de eutanásia pode surgir num momento particularmente difícil, num momento de dor excruciante que pode obstruir de forma momentânea o juízo da criança e dos pais. E depois? Depois não há volta a dar, depois já não há arrependimento porque tudo acabou. 
Vamos lá ver se nos entendemos. A conversa dos direitos humanos é para levar a sério, não é só para criticar os americanos quando eles não têm um Presidente negro. Se acreditamos mesmo nos tais direitos humanos, devemos defender sempre a inviolabilidade da vida humana, seja qual for a sua geografia, cultura ou condição genética. Um pessoa doente ou mais fraca não perde o direito à inviolabilidade da sua vida. Ora, a lei belga pressupõe o inverso e traça tagentes a uma ideia perigosa, a saber: há vidas que não devem ser vividas porque não dão prazer, porque só dão sofrimento. É a glória final e fétida do utilitarismo. A jusante, esta ideia utilitarista legitima aqueles que acham que têm o direito ou o dever de acabar com vidas imperfeitas e doentes. É o argumento que legitima a morte medicamente assistida e precoce de qualquer criança com trisomia 21, porque, ora essa, essas crianças são fracas, imperfeitas, dão muito trabalho e sofrimento à família, não são seres plenamente sencientes como nós. E o pior é que este raciocínio já não quer exterminar apenas as deficiências genéticas, também quer acabar com as indisposições psicológicas temporárias. Parece que a proposta inicial da lei belga determinava a legalização da eutanásia para crianças que estivessem fartas de viver por causa da anorexia, por exemplo.   
Henrique Raposo
Expresso

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