A série televisiva, de grande
qualidade, “Hitler- The rise of evil”
começa com uma citação de Edmund Burke, um politólogo do Séc.XVIII, que diz o
seguinte “A única condição necessária
para que o mal floresça é que os homens bons nada façam para o evitar”.
De facto, o mal cresce como as
ervas daninhas; não necessita ser cultivado pois cresce de forma natural e
espontânea a partir do nosso próprio interior e no seio dos grupos e das
comunidades humanas. Já o bem tem de contrariar e de ir contra-corrente e exige
treino, preparação e esforço.
Depois dos horrores da II Grande
Guerra Mundial, e em particular, devido às garantias decorrentes da fundação da
ONU, pensava-se que certos crimes hediondos já não mais se repetiriam na
história humana.
Porém, os massacres e
assassinatos de natureza étnica e religiosa ocorridos em Cambodja, Uganda,
Argélia e na ex-Jugoslávia desmentiram essa convicção e já no século XXI, novos
massacres e terrorismos se repetem no Iraque, Tchéchenia, Sudão, Líbia,
Paquistão, Nigéria, Egipto e presentemente na Síria.
Se tomarmos atenção, verificamos
que a base principal destes horrores têm origem no extremismo Islâmico. E logo
aqui, há que dizer que o Islão, enquanto religião, nada tem a ver com o
extremismo Islâmico que é um aproveitamento político e humano que alguns
fanáticos fazem da religão Islâmica.
O próprio Bin Laden que
supostamente seria um místico clérigo, líder espiritual, tinha na casa onde foi
morto, dezenas de filmes pornográficos, o que nada tem a ver com os
ensinamentos do Alcorão.
Há uns anos atrás, convivi mais
de perto com alguns marroquinos e pude atestar a sua boa vontade, a
autenticidade da sua devoção religiosa e a sua veneração sincera por Alá. Mas o
que vemos, agora, na Nigéria, Egipto ou na Síria são extremistas que ameaçam e
matam alguém por ter outra religião ou pertencer a outra etnia.
No Egipto recentemente um
sacerdote cristão copta foi morto à queima-roupa quando estava no seu carro.
Na Síria, há uns dias atrás, um
ermita franciscano François Murad foi raptado do seu convento e, no meio do
júbilo de crianças e adultos que filmavam tudo com os seus smartphones foi, a
frio, decapitado por rebeldes ligados à Al-Qaeda, com uma faca de cozinha. A
cena anda pelo Youtube.
E na mesma Síria, também há
poucos dias, uma jovem cristã foi sucessivamente violada, durante 15 dias
seguidos, por esses mesmo rebeldes até que, por fim, a executaram por se ter alegadamente
tornado demente. Já para não falar do episódio, também gravado e a correr no
Youtube, do comandante rebelde que retirou o coração de um adversário e comeu-o
perante a alegria dos seus seguidores.
São horrores que acontecem não em
livros de história, mas hoje, neste preciso momento e o que vemos é a
indiferença da sociedade dita moderna e a total incapacidade e impotência da
ONU, criada precisamente para que, entre outras coisas, estas aberrações não
voltassem a acontecer.
Se estes extremismos não forem
combatidos na sua origem e se as pessoas com responsabilidades nada fizerem,
outros Hitlers surgirão e outros regimes e grupos maliciosos ocuparão partes do
globo espalhando o terror e a morte a outras pessoas só porque têm outra
religão ou pertencem a outra étnia.
E o pior dos males nem é a
vontade malévola dos extremistas, mas sim a indiferença e total alheamento dos
bons.
Artigo de opinião da edição de
Julho do “Notícias de S.Brás”
Miguel Reis Cunha
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