domingo, 7 de julho de 2013

O perigo dos extremismos


 


A série televisiva, de grande qualidade,  “Hitler- The rise of evil” começa com uma citação de Edmund Burke, um politólogo do Séc.XVIII, que diz o seguinte “A única condição necessária para que o mal floresça é que os homens bons nada façam para o evitar”.

De facto, o mal cresce como as ervas daninhas; não necessita ser cultivado pois cresce de forma natural e espontânea a partir do nosso próprio interior e no seio dos grupos e das comunidades humanas. Já o bem tem de contrariar e de ir contra-corrente e exige treino, preparação e esforço.

Depois dos horrores da II Grande Guerra Mundial, e em particular, devido às garantias decorrentes da fundação da ONU, pensava-se que certos crimes hediondos já não mais se repetiriam na história humana.

Porém, os massacres e assassinatos de natureza étnica e religiosa ocorridos em Cambodja, Uganda, Argélia e na ex-Jugoslávia desmentiram essa convicção e já no século XXI, novos massacres e terrorismos se repetem no Iraque, Tchéchenia, Sudão, Líbia, Paquistão, Nigéria, Egipto e presentemente na Síria.

Se tomarmos atenção, verificamos que a base principal destes horrores têm origem no extremismo Islâmico. E logo aqui, há que dizer que o Islão, enquanto religião, nada tem a ver com o extremismo Islâmico que é um aproveitamento político e humano que alguns fanáticos fazem da religão Islâmica.

O próprio Bin Laden que supostamente seria um místico clérigo, líder espiritual, tinha na casa onde foi morto, dezenas de filmes pornográficos, o que nada tem a ver com os ensinamentos do Alcorão.  

Há uns anos atrás, convivi mais de perto com alguns marroquinos e pude atestar a sua boa vontade, a autenticidade da sua devoção religiosa e a sua veneração sincera por Alá. Mas o que vemos, agora, na Nigéria, Egipto ou na Síria são extremistas que ameaçam e matam alguém por ter outra religião ou pertencer a outra etnia.

No Egipto recentemente um sacerdote cristão copta foi morto à queima-roupa quando estava no seu carro.

Na Síria, há uns dias atrás, um ermita franciscano François Murad foi raptado do seu convento e, no meio do júbilo de crianças e adultos que filmavam tudo com os seus smartphones foi, a frio, decapitado por rebeldes ligados à Al-Qaeda, com uma faca de cozinha. A cena anda pelo Youtube.

E na mesma Síria, também há poucos dias, uma jovem cristã foi sucessivamente violada, durante 15 dias seguidos, por esses mesmo rebeldes até que, por fim, a executaram por se ter alegadamente tornado demente. Já para não falar do episódio, também gravado e a correr no Youtube, do comandante rebelde que retirou o coração de um adversário e comeu-o perante a alegria dos seus seguidores.

São horrores que acontecem não em livros de história, mas hoje, neste preciso momento e o que vemos é a indiferença da sociedade dita moderna e a total incapacidade e impotência da ONU, criada precisamente para que, entre outras coisas, estas aberrações não voltassem a acontecer.

Se estes extremismos não forem combatidos na sua origem e se as pessoas com responsabilidades nada fizerem, outros Hitlers surgirão e outros regimes e grupos maliciosos ocuparão partes do globo espalhando o terror e a morte a outras pessoas só porque têm outra religão ou pertencem a outra étnia.

E o pior dos males nem é a vontade malévola dos extremistas, mas sim a indiferença e total alheamento dos bons.

 

Artigo de opinião da edição de Julho do “Notícias de S.Brás”

Miguel Reis Cunha

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