Como todos sabemos, Portugal está a envelhecer a um ritmo preocupante. Desde há 30 anos
que não conseguimos assegurar a renovação das gerações! Nascem cada vez menos crianças e
estamos a caminho de ser o 2º país mais envelhecido do mundo, superado apenas pela Bósnia!
Os estudos sobre pobreza em Portugal mostram que as famílias com filhos são as que têm
maiores índices de pobreza e as crianças são o grupo etário que sofre de maior privação.
O Estado considera as crianças como cidadãos mas, muitas vezes, ignora a sua existência ou
considera
‐as como uma percentagem variável. Vejamos o que se passa em vários domínios:
•
Taxa do IRS – cada filho vale zero;
•
Deduções personalizantes do IRS – cada filho vale cerca de 75%;
•
Deduções de educação, saúde,…(entre os 3º e 6º escalão do IRS) – cada filho vale 10%;
•
Abono de família – cada filho vale meia pessoa – 50%;
•
Taxas moderadoras – cada filho vale 0;
•
Passe Social Mais ‐ cada filho vale 25%.
Estas situações revestem
‐se de uma enorme injustiça e acarretam ao país graves
consequências, pois comprometem o crescimento económico e a coesão social,
nomeadamente, a sustentabilidade da segurança social e do sistema de saúde.
Quando se olha para o rendimento é justo não esquecer quantas pessoas esse rendimento
alimenta e veste. Será que esse rendimento sustenta 2 pessoas? Ou sustentará 3 (pai + mãe +
1 filho), ou 4 (pai+ mãe + 2 filhos), ou 5 (pai + mãe + 3 filhos) ou muitas mais? Justo seria que o
rendimento da família fosse avaliado em função do número de pessoas que sustenta. Ou seja,
que fosse dividido pelo número de elementos da família! Isso sim, seria justo.
É por essa razão que um grupo de cidadãos e organizações se juntou para lançar o Manifesto
“UM FILHO VALE UM” cujo texto se segue.
MANIFESTO “UM FILHO VALE UM”
Todos os dias a sociedade pede mais às famílias. Mais impostos. Mais tempo. Mais
responsabilidade e dedicação.
Afinal as famílias são aquela estrutura que está sempre lá. Conta
‐se com ela para o dia‐a‐dia e
para os momentos extraordinários. É a solidez das famílias que confere resiliência às
sociedades. E o que distingue muitas vezes uma crise de uma catástrofe é apenas a existência
de redes familiares suficientemente fortes e funcionais para absorverem e reagirem aos
diversos problemas e desafios que marcam cada geração.
Mas para que as famílias possam cumprir a sua missão é preciso darmos
‐lhes condições para que possam resistir, crescer e ter os filhos que desejam. Se a decisão de ter filhos for feita com verdadeira liberdade e responsabilidade, teremos mais crescimento económico, mais capacidade de pagar melhores reformas, saúde e educação.
O nascimento de um filho representa um momento muito especial. Para os pais, um filho tem
um valor incomensurável, valerá sempre muito mais do que um. Verdadeiramente o seu valor
é tanto que não é possível contabilizá
‐lo. Sempre assim foi e assim continua a ser. O nosso
manifesto, porém, não exige tanto. Pede apenas que cada filho possa ser visto e considerado
como aquilo que é: um filho. Um filho tem de valer um!
O Estado reconhece as crianças como cidadãos mas, muitas vezes, ignora a sua existência ou
considera-as
como uma percentagem variável. Esse equívoco deve ser corrigido. Essa injustiça
tem de ser reparada. A capitação dos rendimentos familiares para efeitos fiscais e de acesso
aos serviços sociais deve ser a regra. Para os pais um filho vale tudo. Para o Estado um filho
deve valer um.
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