segunda-feira, 2 de julho de 2012

Os efeitos negativos da crise demográfica



Nos países envelhecidos da Europa do Sul (globalmente, com mais de 15% de população com mais de 65 anos e número de jovens em declínio), os índices de dependência (relação entre população activa e passiva) vão aumentando por causa deste desequilíbrio nas suas estruturas demográficas.
Isto traz repercussões dramáticas, que vão desde as excessivas deduções para a segurança social, de forma a garantir as pensões e a disponibilidade de outros serviços sociais a toda a população, a sérios desequilíbrios nas estruturas de produção e consumo, assim como as ramificações nas áreas sociais e económicas que possuem uma estreita ligação com a idade, como são, por exemplo, o emprego, a educação, a habitação e os cuidados de saúde.
Neste sentido, a lista de efeitos negativos que derivam de uma situação de elevada dependência, como a que está a ocorrer em todo o mundo ocidental, especialmente na Europa (e muito especialmente nos países da Europa meridional, os países mais envelhecidos do mundo), é muito extensa: diminuição do número de pessoas que compõem a população activa; envelhecimento progressivo dessa mesma população activa; desequilíbrios que obrigam a alterações nas políticas de reforma; desequilíbrios no investimento e poupança a nível colectivo e familiar; diminuição do rendimento familiar disponível; aumento dos gastos em saúde; subutilização e redundância no sector da educação; primazia dos valores conservadores na política; desequilíbrios nas estruturas familiares; aumento da problemática de socialização intergeracional; fragilização das relações primárias de apoio; possível quebra do sistema de Segurança Social.
  Todos estes transtornos podem levar à desagregação das estruturas familiares, especialmente com a actual proliferação dos divórcios, uniões de fato, famílias monoparentais, casamentos tardios e sem filhos, uniões de pessoas do mesmo sexo, e uma diminuição da nupcialidade, levando a uma fragilização dos laços de apoio primários dentro da família. 
Uma das formas utilizadas para atenuar os problemas de baixa natalidade e envelhecimento demográfico noutros países europeus -, por exemplo, na Suécia - foi a criação de um Estado providente de grandes dimensões, de tal maneira que a exígua população activa fosse capaz de gerar riqueza suficiente para manter adequadamente a população idosa desproporcionadamente elevada. Esta política foi um fracasso, entre outras coisas, pela tremenda pressão fiscal sobre a população activa, de tal forma que se recorreram, finalmente, a políticas pró-natalistas que, contudo, não deram o resultado esperado.
A mais efectiva foi a famosa política do terceiro filho posta em marcha em França pelo governo de François Mitterrand, que aproximou as taxas de natalidade do nível de reposição da população (renovação de gerações).
Outra forma de atacar os problemas de baixa natalidade e de envelhecimento é através da abertura das fronteiras, talvez de forma selectiva, como a imigração a partir de outros continentes. Isto rejuvenesce a população e estimula a natalidade, mas também traz consigo problemas de assimilação, inserção ou integração, e poderá exacerbar o racismo ou xenofobia possivelmente latentes em alguns países europeus, e que – como claro sintoma de perigo - fazem despoletar sinais de alarme, como é o caso dos confrontos recentes na Grã-Bretanha - ou os movimentos políticos extremistas que se encontram actualmente em incubação, por exemplo, em França e na Grécia.
 

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