quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

VW, Dakar, e Tata’s people car...


Eis que o maior grupo económico indiano, o grupo Tata, apresenta o “carocha” dos tempos modernos. O Volkswagen (em alemão, “carro do povo”) terá agora, passados 60 anos, um homólogo indiano produzido pela Tata e desvendado este 10 de janeiro 2008. Trata-se de um carro que é anunciado como tendo um preço de 2 mil e quinhentos dólares! 1700 €, 350 contos? Impossível? Veremos. Por outro lado, o grupo Tata anunciou que está na corrida (mais propriamente, na poll position) à compra da Jaguar e Land Rover, marcas que a Ford pretende vender, face às suas actuais dificuldades financeiras. O grupo Tata havia comprado também em 2006 a 2ª maior empresa produtora de aço da Europa, a ex-anglo-holandesa Corus, por 8 biliões de dólares... A Europa, já muito receosa das exportações chinesas de bens manufacturados, ou latino-americanas de bens agrícolas, tem agora novas ameaças, na Índia, na Rússia, nos países do Golfo, ameaças claras à sua independência e pujança económicas.

Por falar em automóveis, vivemos este fim de semana algo impensável, inédito e inquietante: ao fim de 30 anos de vida, o rali Dakar foi pela primeira vez cancelado, horas antes do início da competição. É certo que a geopolítica francesa relativa ao Norte de África terá tido um peso determinante, é certo que Portugal, país anfitrião, e a Mauritânia, parente pobre entre vizinhos magrebinos influentes, não tinham a mesma importância para Paris do que uma Líbia ou uma Argélia. É possível que houvesse ameaças credíveis, é possível que a segurança estivesse em causa. Contudo, para um país com vagas cíclicas de vandalismo desmesurado nos subúrbios das suas grandes cidades, é difícil entender a decisão. A Europa, em especial desde o 11 de Março em Madrid, vive agora mais preocupada com as ameaças à sua segurança e estabilidade. Tem medo do terrorismo, tem medo da imigração, tem medo em especial de África, esse gigante que em tempos colonizou mas que cada dia tem mais influência, para o bem e para o mal, em solo europeu. Kadhafi montou a sua tenda em Madrid, em Paris e em S. Julião da Barra, e assinou contratos no valor de biliões de euros. A África do Sul, a despeito de alguns sobressaltos organizativos, está a preparar o campeonato do mundo de futebol, em 2010. A instabilidade no Quénia causa calafrios nas chancelarias. Angola é, para as empresas nacionais, o novo eldorado... A Europa está cada vez mais dependente do que se passa em África.

Para finalizar, ainda com automóveis... Sob o lema: “só há um automóvel que é o ícone de todas as gerações”, a VW apresentou um anúncio de 2 páginas no Expresso, que retrata em 6 imagens a história dos últimos 60 anos:
Anos 50, o carocha e uma família sorridente, pai, mãe, filhos
Anos 60, uma jovem de mini-saia
Anos 70, um homem de calças “à boca de sino”, no rescaldo da era hippie
Anos 80, um yuppie engravatado e endinheirado
Anos 90, uma senhora regando uma planta, preocupada com o ambiente
Anos 2000: um bébé, sob o título “O Futuro”
Por outras palavras: esqueçam os desvarios e excessos dos anos 60, 70 e 80, que já lá vão... a luta pela defesa do ambiente, essa, é um dado adquirido, uma inevitabilidade, é incontornável, mas a luta pela defesa da vida, representada pelo bébé, essa é a verdadeira tábua de salvação para todos nós e para o nosso futuro, e o grande combate dos tempos modernos!

Parabéns VW!
Parabéns Dakar!
Parabéns Grupo Tata!

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