sábado, 14 de março de 2015

Quando o Amor fala mais alto


O mês de Fevereiro é vivido com certa nostalgia pois assinala-se o dia dos namorados que está associado ao amor. Mas para além desse tipo de amor existem outros e o de pais para com os filhos é indescritível.

            “Numa cidade distante morava um casal que fazia os preparativos para a chegada do primeiro filho. Neste caso tratava-se de uma menina e o homem ficou muito dececionado assim que soube porque queria muito um rapaz. Mas pouco tempo após o nascimento da filha deixou-se levar pelo seu sorriso lindo. Foi então que começou a amá-la verdadeiramente. Quase sem se aperceber lá estava ele a fazer planos para o futuro da filha, pois tudo seria para ela.

            Numa tarde, estavam os três quando ela perguntou ao pai qual seria o presente que teria quando fizesse quinze anos. Ele um pouco atrapalhado respondeu-lhe que ainda era muito nova, pois tinha sete anos, até aos quinze ainda faltava muito tempo.

            Mas o tempo passou muito rápido e esta criança era a alegria da casa em especial do pai. Já tinha catorze anos e num domingo quando iam para a igreja ela escorregou mas o pai agarrou-a para não cair. Já sentados no banco da igreja ia perdendo as forças e quase desmaiou. O pai levou-a de imediato para o hospital onde permaneceu dez dias internada. Foi então que lhe disseram que ela tinha um problema grave no coração. Os dias foram passando e o pai deixou de trabalhar para ficar ao seu lado contrariamente à mãe que não aguentava ver tanto sofrimento como tal refugiava-se no trabalho.

A criança apercebendo-se que não estava bem, perguntou ao pai se os médicos diziam que ela ia morrer mas de imediato o pai lhe disse “Não meu amor, Deus que é tão grande não permitiria que eu perdesse a pessoa que mais tenho amado neste mundo”. Curiosamente continuava a perguntar-lhe: “Quando morremos vamos para algum lugar? Pode-se ver a família do céu? Será que um dia se pode voltar?” O pai bastante emocionado respondeu-lhe: “Bem filha ainda ninguém voltou para contar porém se eu morrer não te deixarei só terei sempre uma forma de comunicar contigo. Não sei como mas sei que se morrer sentirás que estou contigo quando um vento suave roçar o teu rosto e uma brisa fresca beijar a tua face.” Nesse mesmo dia foram informados que a filha precisava de um transplante de coração caso contrário só teria vinte dias de vida.

O sofrimento destes pais era enorme, precisavam de encontrar um dador mas onde?! Nesse mesmo mês ela completaria os seus quinze anos e foi numa sexta-feira à tarde que conseguiram um dador. Foi operada e tudo correu bem. Permaneceu quinze dias no hospital mas o pai não a visitou uma única vez. Teve alta e foi para casa. Assim que chegou gritou ansiosamente pelo pai. A mãe saiu do seu quarto com os olhos encharcados e entregou-lhe uma carta deixada por ele. “Filha neste momento já deves ter quinze anos e se os médicos não me enganaram já terás um coração forte batendo no teu peito. Lamento não poder estar a teu lado. Quando soube que morrerias decidi dar-te a resposta à pergunta que me fizeste quando tinhas sete aninhos e para a qual não pude responder. Decidi dar-te o presente mais bonito que ninguém te daria, dou-te de presente a minha vida inteira sem nenhuma condição para que faças com ela o que quiseres, vive filha, te amo com todo o coração.”

 No dia seguinte a menina foi ao túmulo do pai chorar como ninguém poderia chorar: “Pai agora compreendo o quanto me amavas. Eu também te amo mas agora compreendo a importância de te dizer AMO-TE”. De repente” um vento suave roçou no seu rosto e uma brisa fresca beijou sua face”, ela olhou para o céu limpou as lágrimas e voltou para casa.”

Chega-se ao fim deste relato com um misto de sentimentos mas cabe a cada qual refletir e ter a coragem de admitir que talvez esteja a seguir pelo caminho errado e porque não optar por outro, por aquele que algum dia foi o que o levou até onde ele chegou! Se foi o melhor ninguém sabe mas de certeza que foi o do amor. Os pais sacrificam a própria vida pelos filhos mas fazem-no incondicionalmente, porém nos momentos menos bons será que estes estão a seu lado não por obrigação mas por amor?!

Como alguém disse “ Jamais deixes de dizer AMO-TE pois não saberás se será a última vez.”

 
anabelaviegasconceicao@gmail.com

Psicóloga Clínica

 

 

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