O mês de Fevereiro é vivido com
certa nostalgia pois assinala-se o dia dos namorados que está associado ao
amor. Mas para além desse tipo de amor existem outros e o de pais para com os
filhos é indescritível.
“Numa cidade distante morava um casal
que fazia os preparativos para a chegada do primeiro filho. Neste caso
tratava-se de uma menina e o homem ficou muito dececionado assim que soube
porque queria muito um rapaz. Mas pouco tempo após o nascimento da filha
deixou-se levar pelo seu sorriso lindo. Foi então que começou a amá-la
verdadeiramente. Quase sem se aperceber lá estava ele a fazer planos para o
futuro da filha, pois tudo seria para ela.
Numa
tarde, estavam os três quando ela perguntou ao pai qual seria o presente que
teria quando fizesse quinze anos. Ele um pouco atrapalhado respondeu-lhe que
ainda era muito nova, pois tinha sete anos, até aos quinze ainda faltava muito
tempo.
Mas
o tempo passou muito rápido e esta criança era a alegria da casa em especial do
pai. Já tinha catorze anos e num domingo quando iam para a igreja ela
escorregou mas o pai agarrou-a para não cair. Já sentados no banco da igreja ia
perdendo as forças e quase desmaiou. O pai levou-a de imediato para o hospital
onde permaneceu dez dias internada. Foi então que lhe disseram que ela tinha um
problema grave no coração. Os dias foram passando e o pai deixou de trabalhar
para ficar ao seu lado contrariamente à mãe que não aguentava ver tanto
sofrimento como tal refugiava-se no trabalho.
A criança apercebendo-se que
não estava bem, perguntou ao pai se os médicos diziam que ela ia morrer mas de
imediato o pai lhe disse “Não meu amor, Deus que é tão grande não permitiria
que eu perdesse a pessoa que mais tenho amado neste mundo”. Curiosamente continuava
a perguntar-lhe: “Quando morremos vamos para algum lugar? Pode-se ver a família
do céu? Será que um dia se pode voltar?” O pai bastante emocionado respondeu-lhe:
“Bem filha ainda ninguém voltou para contar porém se eu morrer não te deixarei
só terei sempre uma forma de comunicar contigo. Não sei como mas sei que se
morrer sentirás que estou contigo quando um vento suave roçar o teu rosto e uma
brisa fresca beijar a tua face.” Nesse mesmo dia foram informados que a filha
precisava de um transplante de coração caso contrário só teria vinte dias de
vida.
O sofrimento destes pais era enorme,
precisavam de encontrar um dador mas onde?! Nesse mesmo mês ela completaria os
seus quinze anos e foi numa sexta-feira à tarde que conseguiram um dador. Foi
operada e tudo correu bem. Permaneceu quinze dias no hospital mas o pai não a
visitou uma única vez. Teve alta e foi para casa. Assim que chegou gritou ansiosamente
pelo pai. A mãe saiu do seu quarto com os olhos encharcados e entregou-lhe uma
carta deixada por ele. “Filha neste
momento já deves ter quinze anos e se os médicos não me enganaram já terás um
coração forte batendo no teu peito. Lamento não poder estar a teu lado. Quando
soube que morrerias decidi dar-te a resposta à pergunta que me fizeste quando
tinhas sete aninhos e para a qual não pude responder. Decidi dar-te o presente
mais bonito que ninguém te daria, dou-te de presente a minha vida inteira sem
nenhuma condição para que faças com ela o que quiseres, vive filha, te amo com
todo o coração.”
No dia seguinte a menina foi ao túmulo do pai
chorar como ninguém poderia chorar: “Pai agora compreendo o quanto me amavas.
Eu também te amo mas agora compreendo a importância de te dizer AMO-TE”. De
repente” um vento suave roçou no seu rosto e uma brisa fresca beijou sua face”,
ela olhou para o céu limpou as lágrimas e voltou para casa.”
Chega-se ao fim deste relato
com um misto de sentimentos mas cabe a cada qual refletir e ter a coragem de
admitir que talvez esteja a seguir pelo caminho errado e porque não optar por
outro, por aquele que algum dia foi o que o levou até onde ele chegou! Se foi o
melhor ninguém sabe mas de certeza que foi o do amor. Os pais sacrificam a
própria vida pelos filhos mas fazem-no incondicionalmente, porém nos momentos
menos bons será que estes estão a seu lado não por obrigação mas por amor?!
Como alguém disse “ Jamais
deixes de dizer AMO-TE pois não saberás se será a última vez.”
anabelaviegasconceicao@gmail.com
Psicóloga Clínica
Sem comentários:
Enviar um comentário