quarta-feira, 10 de abril de 2013

Textos lidos na Rádio Costa D'oiro de 12 de Março a 1 de Abril de 2013


 

Dia 12 de Março de 2013- Terça Feira

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

 

Dia 13 de Março de 2013 – Quarta Feira

 

A nossa cultura, que idolatra a produção e o consumo, assumiu o útil como um dos critérios máximos para avaliar as nossas vidas.

Se é útil, é bom. Quando nos sabemos úteis, sentimo-nos compensados.

A vida tornou-se uma espécie de grande maratona da utilidade.

Porque é que o inútil é importante?

Recorrendo a uma expressão de um teólogo, a inutilidade é que nos dá o acesso à “polifonia da vida”, na sua variedade, nos seus contrastes, e na sua realidade escondida e densa.

E a polifonia da vida outra coisa não é que a sua inteireza, tantas vezes sacrificada à prevalência contínua do que nos é vendido por útil.

O útil condiciona o todo a uma parte, o inútil dá-nos numa parte aquilo que é o todo

 

 

Dia 14 de Março de 2013 – Quinta Feira

 

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

 

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança

 

Dia 15 de Março de 2013 – Sexta Feira

 

É necessário assumir os erros passados, tê-los presentes, para que os futuros sejam diferentes. Melhores.

Não, não devemos acreditar que a felicidade nos virá abraçar enquanto deitados e tristes esperamos por ela. A alegria autêntica depende de mim, depende do que eu decidir hoje.

A felicidade não é um destino paradisíaco a que se chega, mas uma forma de caminhar na vida, neste vale onde se misturam as solidões e o amor, neste imenso mar de saudades e arrependimentos.

As pessoas mudam, evoluem e revelam-se...

Da solidão que me rodeia devo concluir a certeza de que dependo inteiramente de mim.

Se compreendermos a essência irreversível do tempo e assumirmos corajosamente as saudades e os arrependimentos do ontem e do anteontem, então, estaremos no caminho certo.

 

Dia  18 de Março de 2013 – Segunda Feira

Há dias, uma leitora, farta de me ouvir resmungar, fez-me esta pergunta: se eu me queixo tanto dos miúdos, por que raio decidi eu ter logo quatro?

Vai daí, decidi alinhavar 10 razões para ter filhos.

1. A razão ontológica. Faulkner escreveu que entre a dor e o nada, escolhia a dor. Eu voto em Faulkner. Mil vezes ser do que não ser. E nascer é fazer ser.

2. A razão estoica Há um lado olímpico em ter muitos filhos.

3. A razão ulrichiana. Ter muitos filhos sintoniza-nos com a máxima do banqueiro Fernando Ulrich: "Ai aguenta, aguenta."

4. A razão romântica. Se a felicidade da minha mulher passa por ter uma família grande e se a minha felicidade passa pela felicidade da minha mulher, então a minha felicidade passa por ter uma família grande.

5. A razão revolucionária. nos nossos dias "constituir família é a suprema rebeldia".

6. A razão coppoliana. Está escrito em ‘Lost in Translation’, de Sofia Coppola: "O dia mais assustador da nossa vida é o dia em que o primeiro nasce. A tua vida, tal como a conheces, acabou. E eles acabam por se tornar as pessoas mais adoráveis que irás conhecer em toda a tua vida."

7, 8, 9 e 10. As mais importantes razões de todas. Carolina, Tomás, Gui e Rita. Se calhar, eu até passava bem sem filhos. Mas não sem eles."

 

 

Dia 19 de Março de 2013 – Terça Feira

 

Hoje, celebra-se o dia do Pai.

Para alguns cristãos, este é também o dia de José, o pai de Jesus.

A figura de José aparece de forma muito discreta no evangelho.

Ele é pouco falado, mas o pouco que se diz dele mostra que pode, sem dúvida, ser considerado um modelo de pai.

José serviu de sustento à sua família, ensinou ao seu filho a sua profissão, garantindo o futuro sustento, manteve-se fiel e cuidadoso nos pequenos pormenores de serviço em família.

Quando perdem o menino, aos 12 anos, Maria diz “o teu pai e eu”, referindo-se ao pai e à mãe como sendo um só, uma só carne.

Trabalhador incansável e protetor da família- um exemplo, um guia e modelo para quem é pai.

 

Dia 20 de Março de 2013 - Quarta-Feira

 

Poema do não nascido. Chesterton:

 

Se um fogo fixo pairasse no ar
Para me aquecer ao longo de todo o dia
Se um cabelo farto e verde crescesse em grandes colinas
Eu saberia o que fazer

Encontro-me na escuridão; sonhando que existem
Grandes olhos frios ou bondosos
E ruas sinuosas e portas mudas
E homens vivos para além (delas)

 

Penso que se me dessem licença
Para neste mundo aparecer
Eu seria bom ao longo de todo o dia
Em que eu estivesse neste mundo encantado

 

Não ouviriam de mim uma palavra
De egoísmo ou de escárnio
Se eu ao menos pudesse encontrar a porta,
Se eu ao menos tivesse nascido

 

 

Dia 21 de Março de 2013 – Quinta- Feira

  

Hoje, em dia, nota-se uma prolongamento da idade juvenil. Os jovens vão-se arrastando em casa dos pais até que consigam alcançar a, por vezes, difícil independência económica.

 

A atual crise faz dos jovens a parte mais fraca e vulnerável da sociedade.

 

Os jovens são caixa de ressonância da crise da sociedade.

 

O amadurecimento social não constitui uma aspiração determinante dos jovens.

Os jovens vivem um eterno presente sem futuro, onde a experiência tem valor em si mesma, passando-se de uma a outra sem finalidade e sem distinguir os limites entre objetivo e subjetivo, fazendo da experiência pessoal uma coisa pública

No meio deste deserto, há que apresentar propostas de identidade, de caminhos e de finalidades que lhes sirvam de referência.

 

 

 

Dia 22 de Março de 2013 – Sexta-Feira

       

Muitas vezes imaginamos mundos maravilhosos e não nos apercebemos da maravilha que é o nosso mundo.

Chesterton, um autor inglês do início do século falava de como seria bom se, durante o dia, fôssemos iluminados e aquecidos por uma bola de fogo ou se à nossa roda existessem tapetes verdes fofos e peludos.

O que é isso se não o sol ou a relva dos campos ?

No meio desta crise, ajuda pensar em tudo o que de bom ainda temos em vez de cair em depressão por tudo quanto não podemos ter.

Como aquele menino nú que perguntava a umas senhoras que questionavam-no se não tinha frio, ao que ele lhes perguntou e as senhoras têm frio na cara ?

Pois, para mim tudo é cara.

 

Dia 25 de Março de 2013 – Segunda-Feira

 

Em nome da defesa contra os efeitos perversos da pornografia sobre as crianças e mulheres vulneráveis, o ministro do Interior da Islândia está a preparar legislação para bloquear esse tipo de conteúdos a quem aceder à Internet.

"Existe um forte consenso na Islândia. Temos tantos especialistas neste projecto, desde pedagogos a elementos da polícia que trabalham com crianças, que se tornou algo muito mais abrangente do que os partidos políticos", afirmou uma assessora do ministro do Interior.

Para muitos especialistas, com esta iniciativa, a Islândia "Está a olhar para a pornografia numa nova perspectiva - da perspectiva das mulheres que nela surgem e como uma violação dos seus direitos cívicos"

 

Dia 26 de Março de 2013 – Terça Feira

Participe na Iniciativa de Cidadãos Europeus “Um de nós” (“One of us”). São necessárias um milhão de assinaturas para forçar a União Europeia a legislar sobre uma cultura de Vida na Europa, impedindo o financiamento de experimentações que impliquem a destruição de embriões e a promoção do aborto em países fora da União Europeia.

A iniciativa é promovida por um Comité de Cidadãos composto por pessoas dos 27 Estados Membros da UE.

Para participar basta ir ao site www.oneofus.eu subscrever a petição, devendo incluir os 8 ou 9 dígitos do seu documento de identificação seguido dos 4 dígitos adicionais.

Não deixe de participar. !

 

 

Dia 27 de Março de 2013 – Quarta-Feira

 

O Diário de Notícias elegeu como professor do ano, Lopes Rodrigues que lecciona no 4º ano do Colégio dosMaristas, em Lisboa.

Uma mãe salienta que o que este professor lhes ensina vai muito para além da Matemática: são valores para a vida.

Para as crianças, que o tratam por tu, o professor é divertido, amigo e ensina bem.

Também é preciso muita energia para prender a atenção das crianças que estão quase sempre desconcentradas. Com "tantas solicitações, hoje é quase preciso fazer o pino na sala de aula para chamar a atenção" das crianças, diz o professor.

Para o Prof. Lopo Rodrigues o segredo está em seguir a máxima do fundador dos maristas “Se queres ser bom professor, 1º tens de amar os teus alunos”.

 

Dia 28 de Março de 2013 – Quinta-Feira

 

Para que a nossa comunicação com os nossos filhos adolescentes seja mais eficaz deveríamos ter em conta algumas considerações gerais. Aqui ficam algumas sugestões:

Enfrentar com calma o conflito.

Um conflito é uma ocasião para educar. Se ficamos passivos pode ser que eles pensem que concordamos com o que fizeram.

Começar o diálogo sempre com um comentário positivo, olhando-o nos olhos e estabelecendo um contacto físico.

Tratar um só tema de cada vez e tentar vêlo desde o seu ponto de vista.

Sufocá-lo com muitas questões, ainda que pareçam ser importantes, acaba por confundí-lo e talvez desanimá-lo.

Ser específicos e breves.

Não dramatizar nem perder o controlo. Se isso acontecer, estaremos a fechar portas de diálogo e comunicação com os nossos filhos. Quando estamos nervosos dizemos o que não queríamos dizer e tomamos decisões pouco razoáveis.


 

Dia 29 de Março de 2013 – Sexta-Feira

 

Continuemos a reflectir em algumas considerações gerais sobre o modo de lidar com os nossos filhos adolescentes:

Nunca pre-julgar. Devemos ir sempre com a verdade à frente, dizer as coisas claras e não tentar enganá-lo. Evitar as duplas mensagens e as ambiguidades

Respeitar a sua intimidade, aceitando as confidencias que nos querra fazer, sem forçar e não denunciá-las jamáis.
Primero escutar e entender, para despois dialogar. Não utilizar o monólogo disfarçado de diálogo, quando só nos escutamos a nós mismos.
Falar do que observamos, não do que nos parecer
Não etiquetar porque os nossos filhos podem ser mudar.

Buscar as causas imediatas, não as remotas.

Esquecer-nos dos erros do dia anterior, centrar-mo-nos nas soluções e chegar a um compromiso muito concreto, inclusivé, se conveniente, colocando-os por escrito.

Dar oportunidades a que os nossos filhos desabafem, expressem os seus sentimentos.

Também saber respeitar os seus silêncios.

 

Dia 01 de Abril de 2013 – Segunda-Feira

 

Continuemos a reflectir em algumas considerações gerais sobre o modo de lidar com os nossos filhos adolescentes:

Nunca levar a cabo acusações nem agressões (físicas ou verbais).

Pôr-lhe exemplos da nossa própia experiência sem cair no estéreotipo de nos tornarmos o “pai chato”.

Não pretender ter a razão em tudo. Os pais também se podem equivocar.

Ter presente que a perfeção não existe.

Não podemos pretender impôr a solução perfeita, mas antes fazer que consigam ir ganhando pequenas metas.

Estabece pactos, sem cair no tudo ou nada. Saber ser flexiveís.

Fazê-lo ver que estamos (pai e filhos) todos na mesma equipa.

Dizer-lhe que lhe queremos bem.

Não se perde nada por tentar estabelecer contacto com os nossos filhos adolescentes e tudo que vier à rede será bom peixe.

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