sexta-feira, 18 de abril de 2014

Textos da Rádio Costa D'Oiro da 1ª quinzena de Abril


Textos “Algarve Pela Vida”

1ª quinzena de Abril 2014

 

 

Dia 1 de Abril 2014- Terça Feira

 

Diz o poeta José Tolentino Mendonça “A primavera está por toda a parte. Em nosso redor a natureza parece vencer a imobilidade do inverno e amontoa os traços insinuantes do seu reflorir.

Há uma seiva que revitaliza a paisagem do mundo. Mesmo nos baldios, nos pátios e quintais abandonados, nos jardins mais desprovidos a primavera desponta com uma energia que arrebata.

A nossa vida está prometida à primavera – é a mensagem que o despertar da natureza (e aquele mais íntimo) nos parecem querer segredar.

 

 

 

 

Dia 2 de Abril de 2014- Quarta Feira

 

Para o poeta José Tolentino Mendonça os versos do Cântico dos Cânticos é o mais primaveril poema da Bíblia:

«Fala o meu amado e diz-me: “Levanta-te! Anda, vem daí, ó minha bela amada! Eis que o inverno já passou, a chuva parou e foi-se embora; despontam as flores na terra, chegou o tempo das canções, e a voz da rola já se ouve na nossa terra; a figueira faz brotar os seus figos e as vinhas floridas exalam perfume.

Levanta-te! Anda, vem daí, ó minha bela amada!

Minha pomba, nas fendas do rochedo, no escondido dos penhascos: deixa-me ver o teu rosto, deixa-me ouvir a tua voz; pois a tua voz é doce e o teu rosto, encantador”» (Ct 2, 10-14).

Neste poema, a primavera do mundo é uma representação simbólica da primavera interior que nos desafia.

O nosso coração não pode continuar eternamente sequestrado pelos impasses dos seus invernos gelados.

 

Dia 3 de Abril de 2014- Quinta Feira

 

Por vezes, sentimo-nos soterrados e sem forças.

Achamos que já passou demasiado tempo, que em algum momento do percurso nos perdemos e que talvez isso seja agora irremediável.

Vamo-nos deixando ficar num conformismo tácito, insatisfeitos e adiados, a ponto de desistir. Certamente a voz da primavera não nos deixa indiferentes: ela há de sempre sobressaltar-nos. Mas olhamos para ela com mais nostalgia do que com esperança. Contemplámo-la à distância. Ou então defendemo-nos dela como podemos, fingindo não perceber o que significa. No fundo de nós mesmos, consideramos que a primavera já não é para nós. E no nosso coração andamos às voltas com aquela pergunta que também a Bíblia conserva e que não temos paz enquanto não conseguirmos responder:

- «Pode um homem, sendo velho, nascer de novo?» (Jo 3,4).

 

 

Dia 4 de Abril de 2014- Sexta Feira

 

Marcas de todo mundo vêm criticando o vício da população nos smartfones, tablets, etc nos últimos anos, pedindo para que as pessoas larguem o telefone e prestem mais atenção às pessoas ao redor.

Um novo filme de publicidade da Coca-Cola mostrou em tom de brincadeira, um produto que promete solucionar esse problema. O Guarda dos mass-media  que é basicamente um cone vermelho semelhante aos usados nos cães, só que em tamanhos adaptados para os humanos que os impede de olhar para baixo.

As cenas explicam que o uso do apetrecho irá impedir os viciados de verificar e olhar para o seu telemóvel em cada oito segundos.

"Você sabia que o mundo gasta 4000 mil anos on-line todos os meses?", aponta a marca que remata da seguinte forma. “Se você está a ver este vídeo no seu telemóvel, é hora de colocá-lo para baixo. Olhe ao seu redor, provavelmente há alguém especial que você pode compartilhar um momento real.

  

Dia 7 de Abril de 2014- Segunda Feira

 

Eu sei: tens medo de que não te retribuam; achas que se pensares nos outros eles não pensarão em ti; que poderás ficar diminuído por seres sempre tu a ceder…
Mas quem foi que te disse que o amor era um negócio?
Onde aprendeste que era uma actividade centrada em ti mesmo, destinada a dar-te satisfação?
O amor é um mau negócio: é, como escreveu Camões num soneto lindíssimo, “cuidar que se ganha em se perder”.
É uma loucura que leva a acreditar que enriquecemos quando nos damos; que só somos nós mesmos quando não queremos saber de nós.

 

 

Dia 8 de Abril de 2014- Terça Feira

 

Em 11 de Fevereiro de 2007, um quarto dos eleitores portugueses pronunciou-se a favor da despenalização do aborto a pedido da mãe até às 10 semanas de gestação.

Como era inevitável e a campanha do Não o havia predito, o aborto acabou por tornar-se numa chaga social passando a ser usado como anti-conceptivo.

Mas mais grave ainda , após o referendo, o Estado não só despenalizou o aborto como  tornou-se, ele próprio, o  promotor dessa mesma prática, desrespeitando as consultas de aconselhamento prévias e p consentimento informado, previstos na lei  e estabelecendo um sistema de incentivos financeiros à sua prática.

Num país em que 1/5 da população corre o risco de desaparecer devido à crise demográfico, isto deve-nos dar que pensar.

 

Dia 9 de Abril de 2014- Quarta Feira

 

A inexistência de empregos é agravada pela ausência de competências entre aqueles que têm bons níveis de educação e procuram esses mesmos empregos.

Os empregadores declaram, a nível global que as escolas e universidades não estão a preparar, de forma adequada, os jovens com as competências necessárias aos mercado de trabalho e entendem que o destaque do ensino deve estar na agilidade em termos de aprendizagem e na aplicação prática dessa mesma aprendizagem, afastando-se do modelo tradicional de ensino “de cima para baixo”, com poucas oportunidades de experimentação de solução de problemas, autodescoberta e criação colaborativa.

Para preparar melhos os nossos estudantes, o ensino tem também de mudar pois, como afirmava Nelson Mandela. “A educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo”.

 

Dia 10 de Abril de 2014- Quinta Feira

 

Segundo o grande filósofo espanhol Julian Marias, Quando se afirma que o feto é uma parte do corpo da mãe diz-se uma falsidade porque o feto não é uma parte, mas antes um ser que se encontra alojado e implantando no corpo da mãe.

Por isso, uma mulher diz “estou grávida” e não diz “o meu corpo está grávido”.

A criança não nascida, mas já concebida é uma realidade “vindoura” na medida em que chegará se não a paramos. Não é um tumor que se tem de extirpar.

Outra coisa é agir como Hamlet no drama de Shakespeare, que fere Polonio com a sua espada enquanto está escondido atrás das cortinas.

Da mesma forma há os que não se atrevem a ferir a criança senão apenas quando esta está oculto.

 

Dia 11 de Abril de 2014- Sexta Feira

 

«Amar sem medida quer dizer:
sacrificar-se sem lamentos,
dar sem recompensa,
perdoar sem rancor,
ajudar sem olhar ao descanso».

Como parece difícil, mas há que tentar fazê-lo para que o nosso mundo, o nosso país, o nosso trabalho e a nossa família sejam mais e melhor.

 

Dia 14 de Abril de 2014- Segunda Feira

 

Como diz a deputada Inês Teotónio Pereira Qualquer pai é obrigado a educar em coligação, o que força necessariamente a acordos, negociações, cedências, discussões, amuos ou divergências profundas. Começa logo com o nome.

É fundamental que a criança não assista à discussão, porque se a decisão for em seu desfavor ela vai fazer tudo por tudo para denunciar o acordo alcançado usando os argumentos que a mãe ou o pai usaram em seu favor. E está tudo estragado. Deixar uma criança assistir a uma negociação entre os pais é a mesma coisa que um governo deixar a CGTP ou a comunicação social assistir a um Conselho de Ministros em que se discute o corte das pensões.

Os pais, ao contrário dos governos, não podem ser demitidos, demitir-se, romper coligações e nunca vão a eleições. Por isso, educar filhos é trabalhar em permanente coligação apesar das contestações, das birras e das tendências de cada um. É que nas famílias os pais não caem, quem cai são os filhos.

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