terça-feira, 4 de março de 2025
quarta-feira, 3 de abril de 2024
50 anos de Abril: “Aquele que morrer com mais brinquedos, ganha o jogo”
Hoje acordei angustiado, não percebo porque estou assim. Levanto-me
e corro para a janela das traseiras da minha casa, de onde sorrio para uma
idosa da janela em frente. Esta senhora transporta sempre um olhar sofrido e
triste, que se agravou com a morte do seu filho. Esta é uma das situações em
que quem manda, deveria promover estratégias que melhorassem o bem-estar dos
nossos idosos, assim como levar mais a sério a questão da “4ª idade” (num país cada
vez mais envelhecido), mas parece-me que pelo facto de não dar votos, a
preocupação não é muito grande…
Acendo a televisão, e a publicidade mostra mulheres charmosas,
elegantes, bonitas e esguias, mas não vejo a mulher que cuida dos filhos, a
mulher mais velha, a mulher baixa e desajeitada… Vivemos numa sociedade em que
as aparências é que contam, mesmo que as “pseudo-deusas” da beleza, em muitos dos
casos, não primem pela capacidade intelectual!
Toca o telemóvel, um amigo revoltado que diz ter perdido a
amizade de uma pessoa, porque esta não se quer misturar com ele, pois este meu
amigo já não tem capacidade financeira para a acompanhar, o seu carro é velho e
só usa roupas da Primark!
Mas que manhã é esta que eu estou a viver……!
Saio para fazer uma caminhada, e dou de caras com um rapaz
que me pede umas moedas para o pequeno-almoço e que diz que estar a dormir na
rua , um sem-abrigo. Atravesso a rua e vejo a construção de grandes prédios de
luxo com umas cores alegres e bem apelativas. E lá volta a revolta…!
A próxima etapa: ida ao quiosque comprar o jornal. Leio as declarações
dos políticos que parecem dar a entender que quem é contra o aborto é um retrógrado
e contra os direitos das mulheres - o que na verdade é exatamente o oposto! Quem
é contra o aborto é aquele que defende as mulheres e o direito aos seus filhos
a nascer, a quem o Estado tem obrigação de dar todo o apoio!
Estamos rendidos a uma sociedade onde o TER se sobrepõe ao
SER, e lembro-me da conversa que ontem tive com uma amiga que diz que o filho
sofre bullying na escola por parte dos colegas, por não ter uns ténis de
120 euros!
Estamos a festejar os 50 anos de Abril, os 50 anos da
liberdade, mas acho que cada vez estamos mais escravos… escravos das
aparências, do descartável, dos sentimentos entre as pessoas. Em que o herói é aquele
que é mais esperto, que se safa rapidamente das situações, nem que para isso
tenha de prejudicar o próximo… Por outro lado, o que defende a verdade e tenta levar
uma vida baseada em princípios e valores, é visto como um tolo, um parvo, um
inadaptado!
Vivemos num mundo com cada vez menos sentido e esperança, onde
se presenciam comportamentos agressivos, muitas vezes sem saber a razão… Onde
se preocupam muito em colocar tudo online com a premissa de proteger o meio
ambiente e não se preocupam minimamente em saber se o seu vizinho do lado está
bem.
Malcolm Forbes, nos anos 90 disse que: “Aquele que morrer com mais brinquedos, ganha o jogo”. É um facto que muitas pessoas pensam assim, no entanto, é também verdade que as pessoas mais felizes que conheci na vida foram os religiosos com quem trabalhei como voluntário nas favelas da Brasil, que entregaram a sua vida aos pobres. E os mais infelizes são outros, que andam por aí a correr preocupados com o poder efémero, a aparência, o estatuto, com o lugarzinho de destaque no partido, na colectividade, no trabalho-
Cláudio Anaia
Militante da Justiça e Direitos Humanos
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Cláudio Anaia
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sábado, 16 de março de 2024
Caminhada pela Vida Faro 2024 - 6 de Abril, pelas 15 horas
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023
domingo, 27 de maio de 2018
POSIÇÃO DO PCP CONTRA A EUTANÁSIA
1. O debate sobre a introdução legal da
possibilidade da provocação da morte antecipada não corresponde à
discussão sobre hipotéticas opções ou considerações individuais de cada
um perante as circunstâncias da sua própria morte. É, sim, uma discussão
de opções políticas de reforçada complexidade e com profundas
implicações sociais, comportamentais e éticas.
A legalização da eutanásia não pode ser apresentada como matéria de
opção ou reserva individual. Inscrever na Lei o direito a matar ou a
matar-se não é um sinal de progresso mas um passo no sentido do
retrocesso civilizacional, com profundas implicações sociais,
comportamentais e éticas que questionam elementos centrais de uma
sociedade que se guie por valores humanistas e solidários.
A ideia de que a dignidade da vida se assegura com a consagração
legal do direito à morte antecipada, merece rejeição da parte do PCP.
A oposição do PCP à eutanásia tem o seu alicerce na preservação da
vida, na convocação dos avanços técnicos e científicos (incluindo na
medicina) para assegurar o aumento da esperança de vida e não para a
encurtar, na dignificação da vida em vida. É esta consideração do valor
intrínseco da vida que deve prevalecer e não a da valoração da vida
humana em função da sua utilidade, de interesses económicos ou de
discutíveis padrões de dignidade social.
2. A invocação de casos extremos, para justificar a
inscrição na Lei do direito à morte antecipada apresentando-o como um
acto de dignidade, não é forma adequada para a reflexão que se impõe.
Pode expressar em alguns casos juízos motivados por vivência própria,
concepções individuais que se devem respeitar mas é também, para uma
parte dos seus promotores, uma inscrição do tema em busca de
protagonismos e de agendas políticas promocionais.
A ciência já hoje dispõe de recursos que, se utilizados e acessíveis,
permitem diminuir ou eliminar o sofrimento físico e psicológico. Em
matérias que têm a ver com o destino da sua vida, cada cidadão dispõe já
hoje de instrumentos jurídicos (de que o “testamento vital” é exemplo,
sem prejuízo dos seus limites) e de soberania na sua decisão individual
quanto à abstinência médica (ninguém pode ser forçado a submeter-se a
determinados tratamentos contra a sua vontade). A prática médica garante
o não prolongamento artificial da vida, respeitando a morte como
processo natural recusando o seu protelamento através da obstinação
terapêutica. Há uma diferença substancial entre manter artificialmente a
vida ou antecipar deliberadamente a morte, entre diminuir ou eliminar o
sofrimento na doença ou precipitar o fim da vida.
3. Num quadro em que o valor da vida humana surge
relativizado com frequência em função de critérios de utilidade social,
de interesses económicos, de responsabilidades e encargos familiares ou
de gastos públicos, a legalização da provocação da morte antecipada
acrescentaria uma nova dimensão de problemas.
Desde logo, contribuiria para a consolidação das opções políticas e
sociais que conduzem a essa desvalorização da vida humana e introduziria
um relevante problema social resultante da pressão do encaminhamento
para a morte antecipada de todos aqueles a quem a sociedade recusa a
resposta e o apoio à sua situação de especial fragilidade ou
necessidade. Além disso a legalização dessa possibilidade limitaria
ainda mais as condições para o Estado promover, no domínio da saúde
mental, a luta contra o suicídio.
4. O princípio da igualdade implica que a todos seja
reconhecida a mesma dignidade social, não sendo legítima a
interpretação de que uma pessoa “com lesão definitiva ou doença
incurável” ou “em sofrimento extremo” seja afectada por tal
circunstância na dignidade da sua vida. E ainda mais que ela seja
invocada para consagrar em Lei o direito à morte, executada com base
numa Lei da República.
A vida não é digna apenas quando (e enquanto) pode ser vivida no uso
pleno das capacidades e faculdades físicas e mentais e a sociedade deve
assegurar condições para uma vida digna em todas as fases do percurso
humano, desde as menos autónomas (seja a infância ou a velhice) às de
maior autonomia; na presença de condições saudáveis ou de doença; no
quadro da integridade plena de faculdades físicas, motoras ou
intelectuais ou da deficiência mais ou menos profunda, congénita ou
sobreveniente.
O que se impõe é que o avanço e progresso civilizacionais e o aumento
da esperança de vida decorrente da evolução científica sejam convocados
para garantir uma vida com condições materiais dignas em todas as suas
fases.
5. O PCP afirma a sua oposição a legislação que
institucionalize a provocação da morte antecipada seja qual a forma que
assuma – a pedido sob a forma de suicídio assistido ou de eutanásia –,
bem como a eventuais propostas de referendo sobre a matéria.
O PCP continuará a lutar para a concretização, no plano político e
legislativo, de medidas que respondam às necessidades plenas dos
utentes do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente no reforço de
investimento sério nos cuidados paliativos, incluindo domiciliários; na
garantia do direito de cada um à recusa de submeter-se a determinados
tratamentos; na garantia de a prática médica não prolongar
artificialmente a vida; no desenvolvimento, aperfeiçoamento e direito de
acesso de todos à utilização dos recursos que a ciência pode
disponibilizar, de forma a garantir a cada um, até ao limite da vida, a
dignidade devida a cada ser humano.
6. É esta a concepção de vida profundamente
humanista que o PCP defende e o seu projecto político de progresso
social corporiza. Uma concepção que não desiste da vida, que luta por
condições de vida dignas para todos e exige políticas que as assegurem
desde logo pelas condições materiais necessárias na vida, no trabalho e
na sociedade.
Perante os problemas do sofrimento humano, da doença, da deficiência
ou da incapacidade, a solução não é a de desresponsabilizar a sociedade
promovendo a morte antecipada das pessoas nessas circunstâncias, mas sim
a do progresso social no sentido de assegurar condições para uma vida
digna, mobilizando todos os meios e capacidades sociais, a ciência e a
tecnologia para debelar o sofrimento e a doença e assegurar a inclusão
social e o apoio familiar.
A preservação da vida humana, e não a desistência da vida é
património que integra o humanismo real – e não proclamatório – que o
PCP assume nos princípios e na luta.
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Labels: Eutanásia
POSIÇÃO DE PEDRO PASSOS COELHO SOBRE A EUTANÁSIA
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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
Associação Dos Médicos Católicos Portugueses Alerta Para A Destruição Da Relação Médico-Doente Com A Legalização Da Eutanásia
A AMCP considera que "não há qualquer legitimidade ética para se aprovar uma lei cuja aplicação criará uma desconfiança generalizada na relação médico-doente, isto porque, o poder de provocar ou antecipar a morte de alguém, ainda que a pedido do próprio, vai contra a própria medicina; é um poder que inevitavelmente destroi a medicina".
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domingo, 21 de janeiro de 2018
Algarve pela Vida no Facebook
Para uma consulta mais atualizada da atividade da Plataforma Algarve pela Vida poderá encontrar-nos em :
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Clinica dos Arcos continua a liderar abortos
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terça-feira, 4 de abril de 2017
Homossexualidade- um risco para a saúde pública !
Fonte: Daqui
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quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Comunicado da Federação Portuguesa pela Vida
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segunda-feira, 15 de agosto de 2016
Enquanto a caça aos pokémons continua na ordem do dia, em boa hora chegou às salas de cinema este “thriller” de acção direcionada para o público mais jovem, que conta com a realização da dupla Henry Joost e Ariel Schulman.
O filme relata a história da tímida e insegura Vee De Marco (Emma Roberts), uma jovem comum, prestes a sair do ensino secundário e com o objetivo de entrar na faculdade.
Um filme muito actual e onde a doença dos jogos online, com a sua manipulação, mostra que o jogador tem os seus passos totalmente observados e controlados.
www.relances.blogspot.com
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Cláudio Anaia
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segunda-feira, 6 de junho de 2016
Faz tu também o dia de alguém
Fazes no dia que nasce
A manhã mais bonita
A brisa fresca da tarde
A noite menos fria
Eu não sei se tu sabes
Mas fizeste o meu dia também
Esse bom dia que dás é outro dia que nasce
É acordar mais bonita
Trabalhar com vontade
É estar no dia com pica
É passar com a vida e desejar-te um bom dia também
Um bom dia para ti
Não que apenas passa não que pesa e castiga
Não que esqueças mais tarde
Mas o dia em que me digas
Ao ouvido baixinho ai tu fizeste o meu dia também tão bom também
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Fazes no dia que nasce
A manhã mais bonita
A brisa fresca da tarde
A noite menos fria
Eu não sei se tu sabes
Mas fizeste o meu dia também
Um bom dia para ti
E para o estranho que passa
Para aquele que se esquiva
Para quem se embaraça e se cala na vida
Mesmo que não o diga
Ai tu fizeste o meu dia também tão bom também
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
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Labels: Cultura e Vida, Solidariedade Social
sábado, 7 de maio de 2016
Morrer é mais difícil do que parece
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domingo, 1 de maio de 2016
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
A cultura da morte e do individualismo está de volta
"Eutanásia – A cultura da morte e do individualismo está de volta. Umas raparigas do Bloco de Esquerda com apoio de alguns jovens deputados do PS, voltam a colocar na agenda do dia a Eutanásia. Mas querem fazer a coisa sem dar muito nas vistas, evitando um referendo, querendo votar um tema de grande importância para o País entre quatro paredes, na Assembleia da República, correndo riscos de legislar contra a vontade do povo. Mas porque será que esta gente não direciona as suas energias na promoção da melhoria dos cuidados paliativos?"
Clique aqui :
http://www.distritonline.pt/sangue-na-guelra-com-claudio-anaia-3/
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Referendo Maldito
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domingo, 14 de fevereiro de 2016
Se não há nada a fazer, mata-me!
Muitos sofrem sozinhos, outros acompanhados por familiares e amigos tantas vezes impotentes perante o seu sofrimento. É difícil estar à cabeceira de quem sofre. É terrível não ter o poder de curar. E deve ser brutal saber que os profissionais de saúde desistiram de nós. A frase “não há nada a fazer” é assassina. Quem a ouve morre logo ali. Devia ser proibida com urgência. E devia haver multas pesadas, pesadíssimas, para quem se atrevesse a proferi-la em contexto clínico. Dizer a um doente e à sua família que não há nada a fazer, é matar toda e qualquer esperança. Não é preciso ser especialista em coisa nenhuma para saber que há sempre muito a fazer por quem está vivo!
A finalidade da Medicina não é apenas curar doentes e doenças. Tão pouco se destina a cuidar especialmente de doenças agudas. A Medicina também serve para prevenir e controlar sintomas, em especial as dores dos doentes crónicos, progressivos e incuráveis. Existem tratamentos apropriados para este tipo de doentes, que sofrem de mil maneiras, sejam elas físicas, morais ou emocionais. É difícil aliviar muitos sofrimentos a muitos doentes, mas não é impossível minimizar as suas dores. Os médicos sabem isso. E os responsáveis pelo Sistema Nacional de Saúde também. Mas deviam saber mais: não existem para fazer apenas o que é fácil e tangível. Só quem passa pela experiência da dor grave e aguda, da doença crónica, progressiva e incurável, sabe o que sentem os que experimentam esta realidade. E sabem, inclusivamente, que muitos doentes se sentem responsáveis, quase como que culpados pelo que lhes está a acontecer. Culpados por não se curarem numa cultura contemporânea de medicina triunfalista, essencialmente apostada na cura. Culpados por serem ‘maus doentes’, por não terem saúde, em sistemas estrategicamente orientados para abordagens curativas.
Neste enquadramento de sofrimentos em cúmulo, de dores em excesso, parece a muitos que a única saída é a eutanásia ou o suicídio assistido. Percebo que pareça e respeito quem assim pensa, mas gostava de acrescentar ao debate nacional sobre a eutanásia a minha perspectiva, partilhando aqui a minha experiência de 3 anos à cabeceira de doentes terminais, numa unidade de Cuidados Paliativos, mais um par de anos vividos à cabeceira de três doentes adolescentes que me eram muito queridos. Dois deles morreram, mas uma sobreviveu. Foram anos duros, muito duros, mas ensinaram-me muito. E fizeram de mim uma paliativista radical. Explico porquê.
Em três anos de voluntariado de cabeceira com toda a espécie de doentes, de todas as idades, estive muito próxima de pessoas mais e menos desesperadas. Conheci jovens revoltados que entraram na unidade a pedir a eutanásia mas desistiram quando começaram a sentir os benefícios dos cuidados paliativos; estive de mãos dadas com mães suspensas da última respiração dos seus filhos; abracei raparigas novas que morreram antes de chegar a casar; partilhei silêncios demorados com mulheres que se despediam dos maridos e dos filhos pequenos; segurei no colo essas mesmas crianças que diariamente visitavam a mãe sem compreenderem bem o que as esperava; li livros em voz alta para avós de muitos netos; conversei longamente com engenheiros e professoras universitárias, músicos e matemáticos, filósofos e artistas que morreram cedo demais. Com uns aprendi o valor da aceitação da morte e a pacificação em vida, com outros aprendi o respeito pelas suas zangas e revoltas. Com todos percebi a extensão do sofrimento terminal e a importância de terem ou não terem cuidados paliativos. E é aqui que tudo muda. E é este o debate essencial que devemos cultivar e alimentar antes de avançarmos para votações e novas legislações sobre o mítico ‘direito a morrer com dignidade’.
Felizmente os paliativistas cuidam do direito a viver com dignidade até ao fim. Sabem que uma equipa pluridisciplinar associada a um cocktail de químicos sabiamente doseado, minimiza os sofrimentos físicos e atenua os sofrimentos morais e emocionais. Até eu sei isso, e nunca estudei Medicina. Sei porque vi, porque conheci dezenas de pessoas que pensaram que a única saída que tinham era a morte assistida, a eutanásia, e quando começaram a beneficiar de cuidados paliativos abandonaram a ideia. Naturalmente, sem pressões, note-se. E viveram com dignidade até ao fim, sem dores insuportáveis, sem sentirem necessidade de pedir a alguém para os matar.
Não posso nem quero citar nomes e muito menos contar as histórias de cada um dos doentes que entraram no hospital (ou chamaram os médicos a casa) a pedir a eutanásia. Uns gritavam, outros suplicavam, outros impunham a sua derradeira vontade num silêncio devastador, mas todos queriam acima de tudo ver-se livres do sofrimento. Não queriam viver porque não conseguiam sofrer mais. As famílias sentiam o mesmo, e a morte assistida parecia-lhes a única saída. Não era, felizmente. Graças aos cuidados paliativos, muitos deles tiveram oportunidade de voltar a viajar, de realizar sonhos, de voltar a casa, de viver sem dores e de recuperar a dignidade tantas vezes perdida quando nos reduzem à expressão mínima. Quando alguém deixa de ter nome e passa a ser apenas mais um doente, não dói a penas o corpo. Também dói a alma.
Vivemos num país onde os cuidados específicos ao nascer estão assegurados para todos, independentemente da sua classe social ou geografia de origem, mas não temos o mesmo privilégio ao morrer. Porquê? Porque é que antes de legalizar a eutanásia, não asseguramos esses mesmos cuidados? Porque é que não criamos alternativas à morte assistida minimizando ou até eliminando o sofrimento físico? Se sabemos que isso é possível e se faz em cada vez mais unidades hospitalares, serviços ambulatórios e equipas que vão ao domicílio dos doentes, porque não começar a discussão política por aqui? Porque não exigir primeiro que todos passemos a ter direito a cuidados paliativos que, ainda por cima, não se destinam apenas a doentes terminais, mas abrangem todos os doentes crónicos, com doença progressiva e incurável?!
Os cuidados paliativos também são preventivos. Previnem sintomas e sofrimentos. Fazem com que as dores não cheguem a ser insuportáveis. E com que as pessoas não queiram desistir de viver. Tal como as doses de antibiótico têm que ser avaliadas caso a caso, também a casuística se aplica nos cuidados paliativos. Não há receitas padrão. Cada pessoa é uma pessoa. Os cuidados paliativos são mundialmente reconhecidos como uma prática médica de excelência e revelam sempre uma forma de medicina humanizada. E todos sabemos como uma medicina des-humanizada pode levar a pedidos dramáticos e definitivos para morrer, de forma a acabar com o sofrimento…
Fazer a diferença à cabeceira de um doente não passa por dar mais mimos ou ter mais cuidados afectivos. Também passa por isso, certamente, mas não se tratam doentes graves só com mimos. Desenganem-se os que acham que os paliativistas são médicos mais queridos e dedicados aos seus doentes porque apostam mais na ternura e proximidade do que na ciência, pois não é possível tratar derrames, vómitos, dispneias, convulsões e outros sintomas que tais com mimos, a dar a mão ou a fazer festinhas na testa. Os cuidados paliativos são uma especialidade clínica avançada, da linha da frente, que exige equipas multidisciplinares com capacidade para fazerem uma intervenção na dor e no sofrimento dos doentes.
Não abandonar um doente que não se pode curar é vital. Sei de um cirurgião português, contemporâneo, que durante anos a fio operou a desoras, quase clandestinamente, doentes que tinham sido dados por perdidos. Esperava pelas madrugadas ou contava com as horas tardias em que os blocos operatórios estavam livres e com todas as condições de assepcia asseguradas, para operar homens e mulheres com mais de 80 anos que estavam desfigurados por terem um cancro na zona da cabeça e pescoço. Eram doentes de quem os próprios familiares desistiam ou fugiam por não saberem como lidar com a fealdade, com os cheiros e toda a escatologia própria desta doença demolidora. Este médico tinha uma equipa que colaborava com ele e, juntos, fizeram centenas de cirurgias a ‘velhos’ que só esperavam a morte (e pediam a morte!). Alguns destes doentes viveram ainda mais de uma década e eu própria li as cartas que escreveram a agradecer terem sido operados. E também conheci filhos destes ‘velhos’ que foram ter com o médico a dizer que voltaram a conseguir estar com os seus pais.
Podem dizer que o exemplo deste médico não tem nada a ver com paliativos e realmente não tem, mas tem a ver com a eutanásia na medida em que revela a humanidade dos médicos que sabem que há sempre alguma coisa a fazer por quem está vivo. Não se trata de encarniçamento médico, nem de obstinação terapêutica, note-se, pois nunca se tratou de obrigar os doentes a fazer mais e mais tratamentos dolorosos, mas de minimizar sofrimentos e devolver dignidade. Nisso, este médico agiu como agem os que mesmo sabendo que nada podem fazer para curar, podem tentar tudo para dar qualidade de vida até ao último dia.
A discussão sobre a eutanásia promete ser acesa e cheia de controvérsia, mas gostava que não passasse ao lado de uma realidade ainda mais urgente e fracturante na nossa sociedade: se todos temos cuidados específicos ao nascer, também todos temos que ter cuidados específicos ao morrer! Os cuidados palitaivos não podem ser só para uma elite ou um conjunto de eleitos. Têm que ser para todos. Só quando tivermos esta realidade assegurada teremos verdadeira liberdade de escolha e aí sim, será mais legítimo falar de eutanásia e suicídio assistido. Antes disso, perdoem-me os que pensam diferente, mas a minha convicção profunda (e faz de mim uma paliativista radical) é que a maioria das pessoas que pede a eutanásia, não a pediria se tivesse a certeza de que deixaria de sofrer. Se tivesse garantias de que poderia libertar-se do sofrimento, sem ter que acabar com a vida.
Laurinda Alves
Observador
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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Homossexuais espalham doenças com ajuda de aplicações da internet
"Embora o número de casos de VIH positivo esteja a decair no quadro global, estão a aumentar em segmentos específicos da população: jovens homens gays, homens que se relacionam sexualmente com homens, jovens que fazem sexo por dinheiro, jovens consumidores de drogas injetáveis e jovens transgénero"
Mais uma prova que a homossexualidade está associada à promiscuidade que, por sua vez, está associada à proliferação de doenças sexualmente transmissíveis.
Aqui
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sábado, 26 de setembro de 2015
O problema mundial que representa a pornografia na internet

Des arguments spécieux
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