domingo, 30 de novembro de 2014

REFLETIR QUANDO O TEMPO PASSA E O PRINCIPAL É ESQUECIDO




Por norma, os dias do individuo são passados numa correria e mesmo assim antes de adormecer fica com a sensação que muito mais havia por fazer. Dá primazia às coisas que no seu entender são as prioritárias mas serão mesmo?! Nem tempo há para pensar nisso, pelo menos por enquanto, talvez um dia, se esse chegar em que as forças físicas já não acompanhem os desejos e estes passem a ser totalmente diferentes.

            Porém, no meio da maioria e ainda bem que assim é, há sempre a minoria que tem uma atitude diferente perante a vida e sente-se feliz fazendo coisas que tocam no coração e uma delas é contar histórias.

            “Numa aldeia histórica, uma senhora que aparentemente parecia estar a passar por muitas dificuldades, caminhava com uma criança ao colo e ao passar frente a uma gruta escutou uma voz vinda lá de dentro que lhe dizia: “Entre e fique com tudo o que desejar mas não se esqueça do principal. Lembre-se de uma coisa depois de sair, a porta fechar-se-á para sempre, portanto aproveite a oportunidade mas não se esqueça do principal”.

            Ela entrou e ficou fascinada pois estava rodeada de ouro e joias maravilhosas. Colocou a criança no chão e ansiosamente agarrou tudo o que podia ajeitando o seu velho avental em forma de saco.

A voz misteriosa recordou-a que só restavam oito minutos.

Esgotados os oito minutos, carregada de ouro e pedras preciosas correu para fora da gruta e nesse preciso momento a porta fechou-se.

A expressão dela irradiava alegria pois estava muito rica, aquele ouro e aquelas joias eram muito valiosas. Mas a felicidade terminou logo a seguir no preciso momento em que se apercebeu que a criança tinha ficado lá dentro. Com todo o entusiasmo que sentiu esqueceu-se dela e a porta fechou-se para sempre.

A riqueza durou pouco mas o seu desespero, tristeza e sofrimento acompanharam-na para o resto da sua vida.

Não foi por falta de ser avisada assim como acontece no dia-a-dia dos indivíduos, mas o entusiasmo e a cegueira são tão fortes que não os deixam perceber o que realmente é importante.    

            Pode-se viver muitos anos e há sempre uma voz que direta ou indiretamente alerta para “não se esquecer do principal”. Há que ponderar e pensar no que realmente contribui para a verdadeira felicidade, a que alimenta o coração, Mahatina Gandhi’ já dizia que “Quando a alma está feliz a prosperidade cresce, a saúde melhora, as amizades aumentam, enfim o mundo fica de bem com você. O mundo exterior reflete o universo interior”.

Lança-se o desafio para quem ainda tiver tempo: imagine-se rodeado de dinheiro mas sem família e sem amigos para partilhar… sentir-se-á feliz?!

Os indivíduos são todos iguais mas todos diferentes por isso é que alguém disse “Algumas pessoas amam o poder outras têm o poder de amar”, mas convém não esquecer do que é “principal”.

 

anabelaviegasconceicao@gmail.com

Psicóloga Clínica

 

Textos de Novembro da nossa rubrica diária na Rádio Costa D'Oiro



Dia 4 de Novembro 2014- Terça-Feira

 

Um movimento de cidadãos está empenhado em mudar a regulamentação da lei do aborto, face à “crise de natalidade grave” que Portugal hoje enfrenta. Além de reclamarem que a interrupção voluntária de gravidez (IVG) até às dez semanas deixe de ser gratuita, propõem que as mulheres que estão a pensar abortar tenham um aconselhamento prévio feito por psicólogos e técnicos sociais e vejam e assinem as ecografias feitas para determinação do tempo de gestação.

Para atingir este objectivo, este movimento necessita de pelo menos 35 mil assinaturas para ser apreciada e obrigatoriamente votada pelos deputados.

A recolha de assinaturas será feita em locais públicos tais como à saída das Igrejas e Estádios de Futebol, mas também pode ser descarregada no site www.pelodireitoanascer.org

    

Dia 5 de Novembro de 2014- Quarta-Feira

 

Como diz D. Nuno Bráz o segredo é a alegria do dom da vida e essa é a descoberta que nem todos, infelizmente, têm a possibilidade de fazer.

Incapazes de enfrentar a vida com as dificuldades e sofrimentos que ela sempre traz, procuramos tantas vezes esquecer, voltar-lhe as costas, viver num mundo que alguém ou nós próprios imaginámos, criámos, numas horas de inconsciência vazia.

É essa vida que nos é dada, cheia de sentido a ser descoberto e partilhado – sentido para nós, para os outros e com todos – que vale a pena ser vivida, bem vivida até ao fim. Num caminho cada dia mais intenso.

É por ela e nela que vale a pena caminhar.

 

Dia 6 de Novembro de 2014- Quinta-Feira

 

A Associação Família e Sociedade vai realizar mais uma edição do curso de Métodos Naturais de Planeamento Familiar, nos dias 8 e 15 de novembro de  2014 (das 14h30 às 19h), em Lisboa, no no Auditório da Rádio Renascença, na rua Ivens, nº 14. 

A inscrição inclui, para além do curso teórico: documentação, entrevista com um médico e aconselhamento semanal ou quinzenal do casal, para reforço da aprendizagem durante 3 meses.

O Planeamento familiar Natural através do Método Billings e do Método Sintotérmico torna o casal apto a reconhecer, pela auto-observação, em que momentos é fértil ou infértil, de modo a orientar as suas relações conjugais conforme deseja conseguir ou adiar a gravidez. Tem como vantagens, entre outros, o facto de ser grátis e não causar efeitos secundários negativos no corpo da mulher, tal como acontece com a chamada pílula.

Caso seja necessário alguma informação adicional poderão contactar a Associação ao  email: familiasociedade@sapo.pt

 

Dia 7 de Novembro de 2014- Sexta-Feira

 

Para Sebastião da Gama ser poeta não é só uma função ou uma profissão mas um saber estar na vida em que é fundamental “saber olhar”

Por isso, como professor, o poeta Sebastião da Gama, escrevia no seu diário que, em relação aos alunos da escola "É preciso subtilmente deitar-lhes no sangue este veneno- não tanto para que gostem de versos ou saibam versos de cor, como para que olhem o mundo através da janela da poesia, para que beijem tudo graças a Deus, para que saibam olhar, para que reparem nas flores e nas ovelhas. Isto é que se quer que eles façam, sem respeito humano, pela vida fora."

Não é verdade que muitos dos problemas que o mundo e nós próprios atravessamos nos dias de hoje têm a ver com esta falta do saber olhar, esta falta do veneno bom que é a capacidade de nos espantarmos com tudo o que de bem há à nossa volta. ?

 

 

Dia 10 de Novembro de 2014- Segunda-Feira

 

Diz José Luis Nunes Martins que nos sobra pouco tempo para nos preocuparmos com o que merece a nossa atenção.

Andamos quase sempre muito preocupados com pouco.

Desperdiçamos demasiado tempo com assuntos pouco importantes.

O tempo limitado que temos neste mundo devia inspirar-nos a ser mais sábios na gestão das nossas prioridades.

Tendemos a desprezar, muitas vezes, o que é importante. Porque nos parece que temos sempre muitas preocupações e lamentos.

A vida não é para ser explicada ou compreendida. É para ser vivida e… bem vivida.

As adversidades como a morte, a doença grave ou uma tragédia mais séria, não se conseguem anular, faça-se o que se fizer. Elas só se vencem se as suportarmos e aceitarmos tal como são 

O silêncio e o discernimento, que se conseguem quando não há revolta interior, permitem-nos aceitar melhor as nossas dificuldades, escolher o caminho que queremos construir… enquanto vamos aprendendo a admirar as maravilhas deste mundo.


Dia 11 de Novembro de 2014- Terça-Feira

                  

Escreve a psicóloga clínica, Dra Anabela Conceição que “Já não existem amizades como antigamente” é uma frase que passa de boca em boca com alguma frequência e de certo modo corresponde à realidade de quem as vivenciou em épocas anteriores. Mas a sociedade mudou e os valores também se alteraram.

Vive-se num período em que a amizade é um meio para atingir um fim, um sentimento descartável; recorre-se a ela quando há necessidade, atropela-se, esmaga-se se for preciso e “deita-se no lixo” quando já não faz falta.

Quando um grande amigo nos ofende, devemos escrever na areia o que o vento do esquecimento e do perdão se encarregará de apagar, porém quando ele nos faz algo de grandioso, devemos gravá-lo na pedra da memória do coração, que vento nenhum do mundo poderá apagar

 

Dia 12 de Novembro de 2013- Quarta-Feira

 Escreve Luigino Bruni que a recompensa pelos custos enfrentados para ser e permanecer leal é totalmente intrínseca; por isso, quem não tiver vida interior de onde brota a única recompensa não poderá tornar-se ou continuar a ser leal.

Se pudéssemos olhar mais em profundidade, os nossos amigos, esposas, maridos haveríamos de descobrir como por detrás do seu amor fiel e dos seus olhos bons  escondem-se, invisíveis e silenciosos, muitos atos de lealdade que deram fundamento sólido a estes relacionamentos fortes.

Esta lealdade-fidelidade decisiva devemos oferecâ-la reciprocamente até aos últimos instantes da vida, como a herança mais preciosa que deixamos às gerações vindouras.

 

 

Dia 13 de Novembro de 2014- Quinta-Feira

 

A declaração final do Sínodo Extraordinário dos Bispos sobre a família, no passado dia 18 de Outubro de 2014 diz o seguinte.

Assiste-se a não poucas crises matrimoniais enfrentadas, frequentemente, de modo apressado e sem a coragem da paciência, da verificação, do perdão recíproco, da reconciliação e também do sacrifício.

Entre estes desafios queremos evocar também o cansaço da própria existência.

Existe, contudo, também a luz que de noite resplandece atrás das janelas nas casas das cidades, nas modestas residências de periferia ou nos povoados e até mesmos nas cabanas: ela brilha e aquece os corpos e almas.

Esta luz, na vida nupcial dos cônjuges, acende-se com o encontro quando os dois vultos estão um diante o outro, numa “ajuda correspondente”, isto é, igual e recíproca.


Dia 14 de Novembro de 2014- Sexta-Feira

 

Como diz o antigo Papa João Paulo II, "O corpo humano na sua masculinidade efeminilidade quase perdeu a capacidade de exprimir esse amor, em que o homem-pessoa se torna dom, conforme a mais profunda estrutura e finalidade da sua existência pessoal .

A concupiscência é a desordem do corpo e do instinto.

O «coração» tornou-se campo de batalha entre o amor e a concupiscência.

Quanto mais a concupiscência domina o coração, tanto menos este experimenta o significado esponsal do corpo, e tanto menos se torna sensível ao dom da pessoa que, nas relações recíprocas do homem e da mulher, exprime precisamente esse significado. Quer forçosamente isto dizer que tenhamos o dever de desconfiar do coração humano ?

Não !Quer somente dizer que devemos mante-lo sob controlo".

 
 

Dia 17 de Novembro de 2014- Segunda-Feira

 

Diz José Luis Nunes Martins, vivemos num tempo em que o sofrimento é visto como algo vergonhoso. Em que as pessoas devem manter as suas dores sob controlo a fim de que os outros sejam poupados ao peso do que entendem não ser seu.…

Vivemos numa enorme tapeçaria de aparências: os egoísmos, disfarçados de coisas belas, escondem podridões... mentiras sempre assumidas de um modo diplomático e inteligente. Afinal, todos temos os nossos problemas – dizem.

Não quero que a minha tristeza estrague a vida de mais ninguém... tenho medo.

Mas é o medo que nos impede de sermos felizes.

Porque quem tem medo, não ama, e quem não ama não é feliz.



 
Dia 18 de Novembro 2014- Terça-Feira
 
   “Hoje não vou à escola”, é o novo livro do Psicólogo Eduardo Sá. Um livro muito reconfortante para muitos pais pois dá conselhos muito simples e opiniões que ajudam tanto.
    Muitas vezes no nosso dia a dia de correria e horas para tudo, atrasos, trânsito, birras.. há que pensar que tudo é normal. Respirar fundo, e calma.
   Mas também é verdade que muitas vezes o stress é causado por nós pais que queremos inscrever as crianças em várias atividades extracurriculares ou “pelos trabalhos de casa em formato XXL” como diz o psicólogo.
  Como diz Eduardo Sá “ a família é mais importante do que a escola e brincar é, pelo menos, tão importante como aprender”.
 
 
Dia 19 de Novembro de 2014- Quarta-Feira
 
  Recentemente soube se a notícia chocante de um assassinato de casal cristão, pais de quatro filhos, no Paquistão.
  O vaticano pronunciou-se sobre o facto e apelou a que se “mantenha o mínimo de humanidade, de solidariedade” apesar das divergências religiosas.
 O homem é capaz de facto de atos o mais atroz possível. Num mundo moderno e progressista, há atitudes e notícias que nos chegam que causam tamanha incredulidade.. Como é possível? No sistema de ensino das sociedades atuais deveria ser obrigatório mais disciplinas de humanidade, mais horas de educação para a cidadania, educação musical que gratifica, que desenvolve a sensibilidade, a criatividade,.
Mudar o mundo depende de cada um, depende de valores que deveriam ser ensinados de forma mais marcante não só em casa, mas nas escolas.
 
 
Dia 20 de Novembro de 2014- Quinta-Feira
 
  O New York Times publicou recentemente um artigo impressionante a partir de entrevistas a duas mulheres indianas sujeitas a esterilização por imposição do estado.
 As organizações internacionais que defendem os direitos humanos, nomeadamente o direito reprodutivo, como a ONU ou a Amnistia Internacional ainda não se pronunciaram mas o que é facto é que na India se assiste a uma violação dos direitos mais fundamentais com consequências graves. Já morreram cerca de 13 mulheres devido às condições desumanas como é feita a esterilização, sem salas cirúrgicas, sem esterilização e sem tempo de recuperação da anestesia.
 É importante estas notícias serem divulgadas de modo a que haja reação. É necessário sair em defesa de quem precisa de ajuda. Situações como esta são horrendas e têm de ser denunciadas. Quando tanto se fala em liberdade e direitos, há deveres que também estão associados. Deveres de defender e ajudar o próximo e de velar pelos direitos básicos do homem e da mulher.
 
 
 
 
 
Dia 21 de Novembro de 2014- Sexta-Feira
 
  É possível voltar atrás num processo de divórcio? Sim. Na china, por exemplo, numa reportagem recente, foi divulgado que três milhões de casais se divorciaram,
quase cem mil, tornaram a casar-se um com o outro. É possível acreditar no amor. Num amor feito de recordações e memórias que ficam para a vida toda. Vale a pena muitas vezes recordar como foi o primeiro beijo, como se conheceram, quando e onde começaram a namorar, o que fez com que se apaixonassem um pelo outro.
É verdade que a paixão tende a desaparecer, mas o amor fica e dura. Porque a paixão é esse sentimento repentino, que surge no despertar de um amor, de uma relação, mas o que constroi a relação, o que fica para sempre é o amor.
 
 
Dia 24 de Novembro de 2014- Segunda-Feira
 
   A morte de Brittany Maynard gerou polémica um pouco por todo o mundo, Esta jovem de 29 anos, pouco depois de se ter casado, descobriu que tinha um cancro no cérebro incurável e decidiu pôr fim à sua vida através da chamada “morte assistida” no passado dia 01 de Novembro. No vídeo que deixou antes de falecer a jovem afirma querer “morrer com dignidade”.
 A polémica é compreensível e a expressão “morrer com dignidade” ou só mesmo a palavra “dignidade” por gerar muitas discussões filosóficas. Discussões que são boas e sãs pois no fundo está em discussão o valor da vida. Até quando é que uma vida ou uma pessoa é digna? Até ao momento em que deixa de conseguir ser autónoma? A vida tem de ser defendida sempre embora haja, e é verdade que há, situações muito duras que só quem passa por elas é que sabe; mas a vida é um dom a proteger. Mais do que discutir se se deve promover este “morrer com dignidade” deveria sim, acabar-se com as situações de indignidade a que muitas vezes se assiste.
 
 
 
 
Dia 25 de Novembro de 2014- Terça-Feira
                  
  O sínodo da família decorrido em Outubro tornou a levantar a questão de se os recasados poderiam comungar ou os divorciados poderiam recasar. Entre o que se diz que se disse no sínodo e o que verdadeiramente se disse há grandes diferenças.
 Há verdades e princípios que se mantêm por serem verdade. Como tal, uma verdade não muda.
Num divórcio quem sofre acima de tudo são as crianças quando as há. A noção de família está ela própria muito desvirtuada e por isso mesmo mais do que pensar em soluções fáceis de como se separar e casar outra vez, deveria apoiar-se mais os jovens casais, mostrar lhes que é possível o casamento durar a vida toda. Há fases difíceis como em tudo na vida, mas com calma, com amor, com o tempo, tudo se resolve.
 
 
 
Dia 26 de Novembro de 2013- Quarta-Feira
 
  O casamento hoje está muito ameaçado. As relações muito ameaçadas. A própria palavra “fidelidade” parece não fazer sentido e quase que é expulsa da linguagem corrente.
 As causas são inúmeras e há que estar atento. Ser fiel é questão de princípio, de honra e de dignidade pessoal, para além de respeito para com  o próximo.
 Uma aparente troca de sms ou de mensagens no facebook podem não ter nada de especial, mas no fundo já são um indício e uma porta aberta para muita coisa.
 É preciso ter consciência que pequenos atos como estes são já uma infidelidade. Sms e mensagens no facebook sim, mas e porque não ao próprio marido ou mulher?
 
 
Dia 27 de Novembro de 2014- Quinta-Feira
 
 A vida da paquistanesa cristão Asia Bibi ainda não está fora de perigo. Depois de já ter tanto sofrido na prisão, de ter dado à luz na prisão, de ter sido condenada por adultério dado estar casada com um cristão… pode mesmo vir a sofrer pena de morte dado a sentença final ainda não ter sido pronunciada.
 Sete deputados portugueses saíram em sua defesa e escreveram uma carta ao primeiro ministro e ao presidente do Paquistão para que se ponha fim a esta injustiça e se respeite a liberdade religiosa, um dos direito humanos que infelizmente hoje em dia ainda não é respeitado.
 
 
Dia 28 de Novembro de 2014- Sexta-Feira
 
Mais aberrante que o aborto, é esta ideia que surge no corpo académico, de “aborto pós-nascimento”. Expressão de arrepiar qualquer um que tenha um mínimo de sensibilidade. Passamos a matar à descarada, sem vergonha, de forma perfeitamente desumana. Qualquer aborto é desumano esteja o bebé na barriga na mãe, tenha este acabado de nascer, mas o que assusta é pensar e verificar que a crueldade humana não tem fim e parece cada vez encontrar formas mais horrendas de fazer o mal.
 A vida tem de ser protegida, defendida, incentivada. Deveria sim fomentar-se o número de nascimentos por casais, facilitar a lei da adoção, ajudar quem quer sustentar a família e não consegue pelas cargas fiscais pesadíssimas, pela falta de emprego por tantos e tantos outros motivos.
 
Dia 01 de Dezembro de 2014- Segunda-Feira
 
O terapeuta familiar Peter Hansen afirma que “não há casamentos irrecuperáveis”.
Numa conferencia realizada em lisboa, este psicólogo dinamarquês afirmou que perante a crise, “ o importante é desdramatizar”.
 Desenvolvendo a ideia deste psicólogo, há que saber ver as dificuldades da vida com otimismo. Tem de haver vontade de parte a parte de lutar, de vencer as dificuldades. Hoje em dia é muito comum enveredar pelo caminho que aparentemente é o mais fácil, mas… alguma vez o mais fácil é o que nos satisfaz e o que nos faz sentir bem connosco próprios? Quando está na moda os desportos radicais e as experiências mais incríveis de auto superação, porque nos deixamos depois levar pelo mais fácil? Fica o desafio.


A solidão dos sem família

 
 
"A Bíblia (....) recorda-nos que deveremos deter este isolamento e abrir a solidão a um contacto, a uma comunhão, a um encontro. É sugestivo que as casas do passado tinham as portas abertas para o pátio, onde as pessoas se cruzavam, dialogavam, murmuravam.
Pelo contrário, o emblema dos nossos condomínios anónimos é a porta blindada que separa totalmente do exterior, ao ponto de uma pessoa só poder morrer e durante semanas os vizinhos não darem conta.
O léxico bíblico da família impele-nos, por isso, a impedir o isolamento no medo, por vezes até legítimo, na solidão, na indiferença recíproca. «Ai do solitário que cai», adverte Qohélet/Eclesiastes (4,10), não tem outro para o levantar».
No isolamento subsiste também o risco do egoísmo, como brutalmente clamava o escritor francês André Gide: «Famílias, odeio-vos! Lares herméticos, portas trancadas, ciumenta possessão da felicidade!».
Reencontrar a vocação da família a ser a célula de um corpo mais vasto, um horizonte aberto que acolhe e se expande: é este o espírito de base da verdadeira comunidade familiar".
 
Card. Gianfranco Ravasi 
In "Famiglia Cristiana" 
Trad. / edição: Rui Jorge Martins 
Publicado em 27.11.2014 SNPCultura

sábado, 29 de novembro de 2014

Mundo cão na Suécia



Comunicado da APFN sobre o Orçamento de Estado de 2015

 
O orçamento de Estado acabado de aprovar enferma de dois graves problemas em matéria de IMI: por um lado, ignora todos os filhos a partir do terceiro para cálculo da modulação do imposto; por outro lado, não dá às autarquias a liberdade para escolherem o modelo que mais se adeque à sua própria realidade, correndo-se o risco da não aplicação do princípio.  
 
A Associação Portuguesa das Famílias Numerosas (APFN) considera corretos, à partida, os pressupostos que levaram às alterações introduzidas em sede de IMI (Imposto Municipal Sobre Imóveis), nomeadamente (1) a consideração do número de pessoas a viver numa casa para o cálculo do IMI a pagar e (2) a delegação desta competência para as autarquias. 

  
No entanto, a APFN considera inadequada a forma como esta delegação de competências é feita, uma vez que não dá às autarquias a liberdade para escolherem o modelo mais conveniente, antes lhes apresenta um modelo fechado para aplicação: diminuição de 10% de IMI para quem tem um filho; 15% para quem tem dois filhos e 20% para quem tem três ou mais filhos.

  
Refletindo-se diretamente nos orçamentos dos municípios, muitos deles que adeririam ao princípio com modulações diferentes, poderão não aderir de todo ao modelo dada a sua configuração fechada, mantendo a discriminação negativa relativamente às famílias com filhos nos seus municípios.

  
Por outro lado, e igualmente grave, é a não consideração dos filhos a partir do terceiro para cálculo do IMI, como se uma família de nove pessoas pudesse viver no mesmo espaço e com a mesma qualidade do que uma família com cinco pessoas, pagando o mesmo imposto.
A APFN denuncia como profundamente injusta a não consideração dos filhos a partir do terceiro para cálculo de qualquer imposto.

  
Esse pressuposto penaliza diretamente as famílias com mais filhos e reduz a liberdade aos casais de terem os filhos que entenderem, para além do terceiro.
Num país onde a taxa de natalidade é a menor da Europa e não chega a 1,2 filhos por mulher, o impacto resultante da consideração de todos os filhos (a partir do terceiro) para fins de imposto seria diminuto e daria ao País um sinal muito positivo.
 
APFN, 28 de Novembro de 2014
 

sábado, 22 de novembro de 2014

Sida aumenta em Portugal

 
 
O relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) relativo à situação da doença a 31 de dezembro de 2013 refere que 20,7% das situações diagnosticadas nesse ano já se encontravam no estadio sida, quando a infeção evolui para doença.
O número de novos diagnósticos em homens foi 2,4 vezes superior ao das mulheres, com a idade mediana à deteção da infeção a ser de 40 anos.
O modo de transmissão mais frequente do VIH foi o contacto heterossexual, referido em 61% dos casos, com a transmissão por relações sexuais entre homens a surgir em 43% dos novos casos. Os homossexuais tendem a ser mais jovens que os heterossexuais à data do diagnóstico, com metade a terem menos de 32 anos.
A transmissão por consumo de droga representou sete por cento dos diagnósticos, segundo o documento revelado hoje pelo INSA.
226 pessoas morreram com VIH em 2013
Quanto aos óbitos, foram notificados 226 mortes ocorridas no ano passado em pessoas com a infeção por VIH, 145 das quais no estadio sida.
Fonte: Sapo
 

Mentalidade anti-natalista em Portugal

 
 
“’É casada há quanto tempo?’ ‘Há cerca de três meses.’ ‘E bebés?’ “Referi que de momento não tencionava ter filhos. De seguida surge novamente uma observação: ‘Já tem 34 anos, não pode atrasar muito mais!’ Referi novamente que não tencionava ter filhos, uma vez que pretendia trabalhar por já estar desempregada há algum tempo. Fui novamente confrontada com a seguinte observação: ‘Sabe que a gravidez pode condicionar a vida profissional!’”
No assunto do email enviado à Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) lia-se “desabafo”. “Com este texto apenas pretendo dar a conhecer a outras pessoas que a discriminação não acontece apenas nas grandes empresas das cidades, mas em todo o lado e até em empresas que ganham prémios PME Líder”, refere esta mulher, que nunca se identifica. “Sei que não haverá consequências para a empresa, pois nada tenho que prove a discriminação, mas pelo menos fico com o sentimento de dever cumprido!”
Esta é apenas uma de muitas queixas que recebem. Esta chegou esta semana, referiu ao PÚBLICO a presidente da CITE, Sandra Ribeiro. Todos os dias chegam à Linha Verde da CITE, serviço de informação gratuito da comissão (800 204 684), cerca de cinco queixas informais de mulheres como esta a quem, no processo de recrutamento para trabalho, é perguntado algo como: “Então e bebés?” São muito raras as que avançam para queixas formais. “Não temos nenhuma queixa sobre recrutamento com perguntas discriminatórias entrada este ano”, diz a responsável.
A Ordem dos Médicos denunciou nesta quinta-feira o caso de várias médicas a quem, nos concursos de selecção para unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), foi inquirido se pretendiam engravidar, algo que o bastonário, José Manuel Silva, veio condenar. O bastonário referiu que a denúncia foi feita a um advogado da Ordem dos Médicos. José Manuel Silva afirmou que a situação se passou em entrevistas em concursos de provimento de admissão em unidades do Sistema Nacional de Saúde, embora as jovens médicas em causa não queiram identificar-se, nem nomear os júris em que a situação ocorreu, por receio de serem penalizadas. Contudo, o advogado a quem estas médicas solicitaram ajuda colocou a questão por escrito à direcção da Ordem, escreveu a Lusa.
Sandra Ribeiro diz que a CITE não recebeu qualquer queixa das médicas e apela as estas mulheres para que avancem com uma queixa formal: “Gostaria de fazer um apelo às jovens médicas para que apresentem queixa do ocorrido junto da CITE, que é o mecanismo nacional da igualdade com competências para apreciar queixas sobre discriminação de género no acesso ao emprego.”
“O que me entristece e me deprime é estas perguntas terem sido colocadas por médicos”, afirmou o bastonário num encontro com jornalistas, para promover o XVII Congresso Nacional de Medicina, que decorre na próxima semana em Lisboa, que tem como um dos temas precisamente a questão da promoção da natalidade em Portugal. “As mulheres têm cada vez menos condições para engravidar. Não se dá estabilidade, nem condições de trabalho com dignidade e ainda se põem entraves. Perante isto, tudo o que se possa falar de medidas para aumentar a taxa de natalidade é uma hipocrisia”, declarou o bastonário, citado pela Lusa.
Não há queixas formais
A presidente da CITE diz que este tipo de práticas discriminatórias é transversal a todos os sectores, a saúde não é excepção. À Linha Verde da CITE chegam todos os dias queixas que relatam este tipo de situação e em que as mulheres perguntam: “É legal esta pergunta?” O que respondem é que não, viola o princípio constitucionais da igualdade e é expressamente proibido pelo Código de Trabalho
“Temos noção de que é prática corrente perguntar às mulheres na fase de recrutamento se estão a pensar engravidar.” O problema é mesmo a falta de queixas formais. “É muito raro que as pessoas venham formalmente apresentar queixas. Dizem que estavam sozinhas quando lhes foi feita a pergunta na entrevista, que não têm forma de provar, e que não estão em condições de denunciar.” E recusam revelar o nome da empresa com receio de serem prejudicadas no mercado de trabalho.
No caso do sector privado, a responsabilidade para aplicar penalizações nestes casos cabe à Autoridade para as Condições do Trabalho, que pode aplicar coimas que variam de acordo com o volume de negócio da empresa, explica Sandra Ribeiro. No sector público cabe às inspecções dos ministérios agir, mas não está previsto nenhum sistema de contra-ordenações. “No limite, pode haver procedimento disciplinar”, diz.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Constitucionalista diz que atual lei do aborto é inconstitucional

 
 
O constitucionalista Paulo Otero diz que a questão do referendo de 2007 sobre o aborto ainda está por resolver, considerando mesmo que a actual lei é inconstitucional.
“Dirão os senhores: ‘Mas o ‘sim’ ganhou. Ganhou, mas não é vinculativo porque não houve uma participação de 50% mais 1 dos eleitores recenseados e, juridicamente, um ‘sim’ não vinculativo é igual a um ‘não’. Não sei se a primeira questão a discutir não é precisamente a revogação desta lei. Se é que uma lei inconstitucional se pode revogar ou apenas declarar a sua própria inconstitucionalidade”, referiu.
(....)
Já Marcelo Rebelo de Sousa alerta os católicos para que não deixem cair a questão do aborto e a necessidade da alteração da lei. 

“É preciso não deixar morrer a questão do aborto, nem pode ser ocultada por debates económicos, sociais e políticos conjunturais. A conjuntura passa, o estrutural fica”, disse o constitucionalista, esta quinta-feira, num debate na faculdade de Direito de Lisboa.

Aos católicos, o académico deixa um recado: evitem divisões entre si, que não ajudam ao debate.
“Mesmo que tenhamos dúvidas pontuais sobre posicionamentos momentâneos de companheiros de luta, não vale a pena fazer disso um cavalo de batalha e muito menos um cavalo de batalha público. Um dos grandes princípios num universo católico é que somos de várias sensibilidades, de vários movimentos, de várias pertenças e percursos, devemos em público evitar estar a atacar outros que têm, no essencial, o mesmo percurso genérico de fé”, acrescenta.
A discussão surge, precisamente, numa altura em que decorre a recolha de assinaturas para a iniciativa legislativa de cidadãos a entregar no Parlamento, que defende exatamente a alteração da lei.
FONTE: RR

 

Chiara Corbella Petrillo



Chiara Corbella Petrillo morreu com 28 anos, em Junho de 2012, vítima de cancro, por ter posto a vida da criança que trazia no ventre à frente da sua. Esta história comoveu centenas de milhares de pessoas em Itália, que quiseram saber mais sobre esta jovem mãe, testemunha de uma profunda confiança em Deus e, sobretudo, do poder do amor materno.

Antes do nascimento do seu terceiro filho, Francesco, em maio de 2011, já Chiara e o seu marido Enrico tinham acompanhado no seu nascimento para o Céu os seus dois primeiros filhos, Maria Grazia Letizia, nascida em 2009 e Davide Giovanni, em 2010. Ambos sofriam de deficiências graves que lhes provocaram a morte poucos minutos depois do parto. Nos dois casos, Chiara e Enrico decidiram levar até ao fim a gravidez, dando aquilo que Chiara chamava “os pequenos passos possíveis” que Deus ia pedindo a este jovem casal.

Um testemunho de fé e de vida que manifesta o que há de mais sagrado e forte no casamento e na maternidade, a entrega da própria vida por amor. Porque “o importante na vida não é fazer grandes coisas, mas nascer e deixar-se amar”.

«Misteriosamente Chiara nasceu no meu coração muito depois de ter morrido e sinto que ficará viva para sempre. A sua alegria, a sua entrega, a sua liberdade interior, a sua fé e o seu grande amor pela família e pela vida, são agora também pilares da minha fortaleza interior», escreve a jornalista Laurinda Alves, responsável pela apresentação do livro em Lisboa, às 21h00, no auditório do Colégio S. João de Brito.
Por seu lado, Carmo e Bento Amaral, que farão o lançamento do volume no auditório da paróquia de Cedofeita, no Porto, às 16h30, sublinham: «A história deste casal ensina-nos que a Vida está cheia de pequenos momentos de felicidade, mesmo nas alturas de maior sofrimento. Ensina-nos que o sofrimento não é a inexistência de felicidade, mas pode ser o lugar onde se descobre a verdadeira felicidade».
 
Prefácio à edição portuguesa
Luísa Viterbo, médica oncologista
In "Nascemos e jamais morreremos"

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Portugal tem mais de oito mil crianças institucionalizadas

Portugal está entre os países da Europa Ocidental com maior número de menores à guarda de instituições, ou seja, com menor taxa de crianças em acolhimento familiar.

Este quadro é destacado no dia em que passam 25 anos da Convenção dos Direitos das Crianças. Mais de oito mil estão integradas em instituições, numa altura em que o país aguarda a nova lei da adopção, que o governo promete simplificar.

São mais de 8.400 as crianças institucionalizadas em Portugal, de acordo com os dados  do Relatório CASA da Segurança Social, relativos a 2013.

Portugal está, assim, entre os países do ocidente europeu com mais baixa percentagem de menores acolhidos em famílias: são apenas 4%. Em Espanha, a percentagem sobe para 30, em França para 66 e no Reinou Unido o valor é ainda mais alto: 77%.

É neste quadro que o Governo se propõe simplificar as leis da adopção. Sem mais pormenores, em Outubro, o ministro Mota Soares prometeu uma nova legislação para reduzir a um ano o tempo dos processos de adopção. Para o efeito, está prevista uma compilação legislativa numa só lei.

Aguarda-se a conclusão do trabalho desenvolvido pelas duas comissões criadas, há seis meses, para rever o regime jurídico da adopção e melhorar o sistema de protecção de crianças e jovens em risco.

Fonte. RR

A mãe e o filho



domingo, 16 de novembro de 2014

Pelo direito a nascer

 
 
Talvez muitos se recordem ainda de algumas das frases pronunciadas, aquando do referendo de 2007, por destacados partidários da alteração legal que conduziu à liberalização do aborto hoje vigente: «todos somos contra o aborto», «não queremos fomentar ou promover o aborto», «a lei que vier a ser aprovada vai limitar o aborto e salvar vidas» (esta última ideia foi várias vezes sustentada por José Sócrates, então primeiro-ministro).
Não posso pôr em causa a sinceridade e a boa-fé de quem pronunciou tais frases. Mas também não posso esconder o flagrante contraste entre tais propósitos e a realidade a que assistimos hoje.
Na sequência da vitória do “sim” no referendo, o aborto por opção da mulher até às dez semanas de gestação foi não apenas despenalizado (como decorria claramente da pergunta), mas também legalizado, isto é, passou a ser realizado com colaboração direta ou indireta do Estado, em estabelecimentos de saúde públicos ou legalmente autorizados (como estava subjacente à pergunta, embora de forma pouco clara e geradora de alguns equívocos).
Embora o resultado do referendo não seja juridicamente vinculativo, compreende-se, no plano político, que só um novo referendo possa inverter o regime de legalização do aborto. Esse referendo será tão legítimo como o anterior, que se sucedeu a um outro com um resultado oposto. Em democracia não há leis irreversíveis, nem tem sentido que a suposta irreversibilidade só opere num sentido.
Mas a regulamentação entretanto aprovada e legislação conexa conduziram a uma situação que vai muito para além do que decorreria do resultado desse referendo. O aborto entre nós hoje pode ser, sempre e em qualquer circunstância, gratuito e financiado pelo Serviço Nacional de Saúde, isento de taxas moderadoras mesmo na ausência de carências económicas que possam justificar tal isenção. São devidas taxas moderadoras em alguns cuidados de saúde que não resultam de um opção e para os quais não existem alternativas, mas verifica-se essa isenção em caso de aborto (que nem será um cuidado de saúde) por opção da mulher e para o qual nunca deixará de haver alternativas. Por outro lado, vários aspetos dos regimes de faltas e licenças laborais e de apoios sociais equiparam o aborto ao nascimento.
Neste quadro, é difícil afirmar que, contra o que propugnavam muitos partidários do “sim” no referendo de 2007, o aborto não é fomentado, promovido e incentivado pelo Estado. E não pode dizer-se que isso decorre do resultado desse referendo. Nele não se votou o completo financiamento pelo Estado da prática do aborto, nem que esta prática fosse de algum modo fomentada, promovida e incentivada pelo Estado.
As consequências deste regime estão à vista. Aproximadamente, uma em cada cinco gravidezes termina em aborto voluntário, sendo que um quarto destes corresponde a repetições. Embora o número absoluto tenha descido ligeiramente, a proporção entre abortos e nascimentos (cujo número absoluto ainda desce mais) vai subindo de ano para ano.
Há quem afirme a sua satisfação por o número de abortos estar “contido” e de acordo com a média europeia. Mas seria escandaloso um raciocínio tão conformista em relação a qualquer outra causa de morte, até mais difícil de evitar, como as que resultam de acidentes de viação ou de trabalho. Ninguém ficaria satisfeito por estar “contido” o número desses acidentes.
Para reduzir a gravidade destas consequências, e para de outros modos tutelar o direito a nascer e apoiar a maternidade e a paternidade, surgiu a iniciativa legislativa de cidadãos relativa à Lei de apoio à maternidade e à paternidade - do direito a nascer (www.pelodireitoanascer.org), que, nos termos da Lei nº 17/2003, de 4 de junho, pretende recolher assinaturas em ordem à apresentação e discussão dessa Lei no Parlamento.
A lei proposta pretende o reconhecimento do direito a nascer e do nascituro como membro do agregado familiar (designadamente para efeitos fiscais), a atribuição de licenças de maternidade e paternidade a profissionais estagiários e a trabalhadores independentes, o fim do financiamento integral (e fora de situações de carência económica) da prática do aborto pelo Serviço Nacional de Saúde, o fim da equiparação do aborto ao nascimento para efeito de apoios socias e faltas e licenças laborais, a promoção do apoio à grávida pelo pai, o apoio à remoção de obstáculos à assunção da gravidez (designadamente quando esses obstáculos resultem de violações de direitos fundamentais e laborais), a garantia do consentimento informado da mulher que pratica o aborto e o reforço do estatuto do objetor de consciência.
Os principais proponentes não escondem que estiveram, convictamente, do lado do “não” no referendo de 2007. Mas entendem que as suas propostas podem recolher muitas adesões de quem esteve do lado do “sim” e que então afirmou que não aceitava que o Estado fomentasse, promovesse ou incentivasse o aborto.  
Pedro Vaz Patto
Juiz