quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A utilidade da inutilidade

 
 
Sei os riscos que corro ao propor um tema como este: o elogio da inutilidade. Por um lado, estamos claramente perante um termo ambíguo. A inutilidade parece à primeira vista um valor negativo ou um contravalor. Quando é que a inutilidade é boa e libertadora? Por outro lado, a nossa cultura, que idolatra a produção e o consumo, assumiu o útil como um dos critérios máximos para avaliar as nossas vidas. Se é útil, é bom. Quando nos sabemos úteis, sentimo-nos compensados. A vida tornou-se uma espécie de grande maratona da utilidade. Contudo, o termómetro que assinala a nossa vitalidade interior não pode dispensar a pergunta pelo lugar que saudavelmente damos ao inútil.
Porque é que o inútil é importante? Porque o inútil subtrai-nos à ditadura das finalidades que acabam por ser desviantes em relação a um viver autêntico. Condicionados por esta finalidade, e aquela, e aquela acabamos simplesmente por não viver, por perder o sentido da gratuidade, a disponibilidade para o espanto e para a fruição. Recorrendo a uma expressão do teólogo Dietrich Bonhoeffer, a inutilidade é que nos dá o acesso à “polifonia da vida”, na sua variedade, nos seus contrastes, e na sua realidade escondida e densa. E a polifonia da vida outra coisa não é que a sua inteireza, tantas vezes sacrificada à prevalência contínua do que nos é vendido por útil.
 
José Tolentino Mendonça
24.02.13 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

10 razões para ter filhos

"Há dias, uma leitora, farta de me ouvir resmungar, fez-me esta pergunta: se eu me queixo tanto dos miúdos, se eles me dão cabo da cabeça e me tiram tanto tempo, por que raio decidi eu tê-los, e ainda por cima logo quatro? E de repente, percebi que nunca respondi cabalmente a esta importantíssima questão. Porquê?, de facto. Vai daí, decidi alinhavar 10 razões para ter filhos, como penitência por estar sempre a dar razões para não os ter.
 
1. A razão ontológica. Ser ou não ser não é para mim uma questão. Sófocles escreveu que o mais feliz dos seres era aquele que nunca tinha nascido. Faulkner escreveu que entre a dor e o nada, escolhia a dor. Eu voto em Faulkner. Mil vezes ser do que não ser. E nascer é fazer ser.
 
2. A razão estoica Há um lado olímpico em ter muitos filhos. Eles testam os nossos limites e são um desafio permanente às nossas capacidades físicas e mentais. Não sou capaz de saltar à vara nem de correr a maratona. Mas criar quatro putos dá uma abada a tudo isso.
 
3. A razão ulrichiana. Numa civilização acolchoada, sem guerras nem catástrofes, o pessoal tende a amolecer e a confundir chatices com tragédias. Ter muitos filhos sintoniza-nos com a máxima do banqueiro Fernando Ulrich: "Ai aguenta, aguenta." Que remédio.
 
4. A razão romântica. Quando se ama alguém, os desejos do outro contam. Se a felicidade da minha mulher passa por ter uma família grande e se a minha felicidade passa pela felicidade da minha mulher, então a minha felicidade passa por ter uma família grande. Chama-se a isto "propriedade transitiva". É muito importante na matemática. E no amor.
 
5. A razão revolucionária. Citando o sábio Tiago Cavaco na luminosa canção "Faz Filhos": nos nossos dias "constituir família é a suprema rebeldia". Ambos partilhamos a fé neste verso: "Conquistas fabulosas através das famílias numerosas."
 
6. A razão coppoliana. Está escrito em ‘Lost in Translation’, de Sofia Coppola: "O dia mais assustador da nossa vida é o dia em que o primeiro nasce. A tua vida, tal como a conheces, acabou. Para nunca mais voltar. Mas eles aprendem a falar e aprendem a andar, e tu queres estar com eles. E eles acabam por se tornar as pessoas mais adoráveis que irás conhecer em toda a tua vida."
 
7, 8, 9 e 10. As mais importantes razões de todas. Carolina, Tomás, Gui e Rita. Se calhar, eu até passava bem sem filhos. Mas não sem eles."
 
João Miguel Tavares

Saudades e arrependimento

 
 
"O arrependimento é um compromisso que assumimos connosco mesmos em que apresentamos o nosso futuro como redentor da culpa passada. Funciona de forma eficaz, se formos sérios. A saudade constitui-se como a presença de algo ausente, que se perdeu no tempo mas permanece no sentimento.
(.....)
Há quem não se arrependa, talvez na convicção de que não foi livre de escolher, donde lhe resta apenas assumir aquilo que o destino lhe reservou; outros, não se arrependem porque acreditam que é possível e desejável passar por cima de si mesmos sem deixar marca do que foram...
o arrependimento surge-lhes como uma mancha que lhes estraga o projeto de serem felizes, como se a culpa não fizesse parte da vida de qualquer ser humano comum. É necessário assumir os erros passados, tê-los presentes, para que os futuros sejam diferentes. Melhores.
 (.....) 
Não, não devemos acreditar que a felicidade nos virá abraçar enquanto deitados e tristes esperamos por ela. A alegria autêntica depende de mim, depende do que eu decidir hoje.
A felicidade não é um destino paradisíaco a que se chega, mas uma forma de caminhar na vida, neste vale onde se misturam as solidões e o amor, neste imenso mar de saudades e arrependimentos.
As pessoas mudam, evoluem e revelam-se...
Da solidão que me rodeia devo concluir a certeza de que dependo inteiramente de mim.
(.....)
Se compreendermos a essência irreversível do tempo e assumirmos corajosamente as saudades e os arrependimentos do ontem e do anteontem, então, estaremos no caminho certo. Aquele em que se é feliz a cada passo".

José Luís Nunes Martins
Fonte: I

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Textos da Rádio Costa D'Oiro de 12 a 25 de Fevereiro de 2013


 
Textos “Algarve Pela Vida”

De 12 a 25 de Fvereiro de 2013

 

 

Dia 12 de Fevereiro de 2013- Terça Feira

 

Passam horas a fio a jogar online. Não comem, não dormem, nem vão à casa de banho. Há crianças que vão com sono para as aulas, adolescentes que faltam à escola para jogar. Os pais chamam-nos para jantar e eles pedem sempre mais cinco minutos que se transformam numa hora. Por vezes os pais desesperam, desligam a ficha e os filhos reagem de forma agressiva. Há quem peça aos pais para lhes levarem o jantar num tabuleiro ao quarto e outros que não conseguem passar nem dez minutos sem ir ao telemóvel.

Muitos especialistas acreditam que crianças que passam muito tempo a ver televisão ou em jogos em frente a um ecrã têm um tempo de concentração menor, porque se muda de cenário muito rapidamente porque a sua atenção está exposta a “estímulos fragmentados”.

Há que saber impôr regras e moderar o uso dos jogos, propondo alternativas de convivio e de atividades ao ar livre.

 

Dia 13 de Fevereiro de 2013- Quarta Feira

 

Desligar tudo lá em casa – computadores, telemóveis, televisão – e conversar, é uma das “tarefas terapêuticas” que o psicólogo João Faria propõe aos pais que têm em casa crianças e adolescentes que não dormem, não comem, faltam ou recusam ir à escola, que nem vão à casa de banho, só para jogarem mais um pouco.

Se nos adolescentes o absentismo chega a ser um problema, nas crianças o que acontece é os pais pensarem que estão no quarto a dormir quando, na realidade, estão a jogar:

E a irritabilidade com que chegam às aulas pode dever-se não só à falta de sono, mas também aos conflitos em casa, porque os pais ralham, desligam as fichas ou proíbem os jogos. A solução está fora do ecrã: “O desporto, a música, a leitura devem ser alimentadas desde logo, até para ajudar a criança a conhecer-se a si própria”.

 

 

Dia 14 de Fevereiro de 2013- Quinta Feira

 

O escritor e poeta Sebastião da Gama, falecido no início do século passado, era uma alma genuinamente sensível e profunda.

Para ele “ser poeta” não era só uma função, mas um estado de alma permanente que se manifestava em todos os momentos do dia, por mais banais e corriqueiros que fossem.

Sebastião da Gama descobriu que a vida é uma conquista diária feita de contínuas quedas e vôos, de fraquezas e de triunfos.

E que só é verdadeiramente pessoa quem é e vive realmente como um poeta.

 

 

 

Dia 15 de Fevereiro de 2013 - Sexta-Feira

 

Uma coisa que me põe triste
é que não exista o que não existe.
(Se é que não existe, e isto é que existe!)
Há tantas coisas bonitas que não há:
coisas que não há, gente que não há.
bichos que já houve e já não há,
livros por ler, coisas por ver,
feitos desfeitos, outros feitos por fazer,
pessoas tão boas ainda por nascer
e outras que morreram há tanto tempo!
Tantas lembranças de que não me lembro,
sítios que não sei, invenções que não invento,
gente de vidro e de vento, países por achar,
paisagens, plantas, jardins de ar,
tudo o que eu nem posso imaginar
porque se o imaginasse já existia
embora num lugar onde só eu ia...

 

Dia 18 de Fevereiro de 2013- Segunda Feira

A iniciativa “Um de nós”, promovida pelos cidadãos europeus pede o reconhecimento, no espaço da União Europeira, da vida desde a concepção.

está autorizada a captar assinaturas on-line, conta com movimentos, associações, fóruns, clubes e igrejas que mobilizam os seus membros e os convidam a assinar o documento em defesa da vida.

Conforme previsto pelo Tratado de Lisboa, os promotores de "Um de nós" devem recoher um milhão de assinaturas em pelo menos sete países europeus para que a Comissão Europeia programe um eventual ato jurídico que reonheça o pedido apresentado pelos cidadãos.

Em Portugal, esta petição deve recolher um mínimo de 100 mil assinaturas.

Para poderem subscrever a petição basta ir ao site www.oneofus.eu seleccionar o link para opção de subscrição e prencher os dados.

No caso do Cartão de Cidadão ou do Bilhete de identidade, para além dos digitos do número propriamente dito, deve-se colocar um traço a seguir e o número de segurança (que no BI aparece entre o número do BI e a data de emissão) e o mesmo no cartão de cidadão. Por vezes, há que colocar um zero antes do 1º algarismo.

Não se esqueça de aderir !

 



Dia 19 de Fevereiro de 2013- Terça Feira

Carlos e Regina estavam eufóricos. Iriam, enfim, realizar o sonho que os acompanhava nos últimos anos: “Até que enfim! Até que enfim!...” Sentiam que valera a pena terem namorado durante alguns anos, como também guardavam belas recordações dos meses de noivado.

O “sim” – «Eu te recebo e te prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida» – foi dito com alegria. Ela estava trémula, emocionada.

Vinte anos depois do casamento, custava ao sacerdote convencer-se do que ouvia. Não tivesse motivos suficientes para acreditar em Luís António, filho de Carlos e Regina,. Nada faltava ao jovem: Mas dizia não ser feliz.

O seu pai, ocupado demais com os negócios, não tinha tempo nem para ele, Luís António, nem para os outros filhos. Levava uma vida agitada, cheia de compromissos, mas certo de que trabalhava para a família, unicamente para o bem dos filhos.

Onde, afinal, ficaram os sonhos de vinte anos atrás? Em que lugar do mundo foram enterradas aquelas frases do noivado

Que estranha vida é essa que deforma e destrói tantos sonhos?...

 

 

 

Dia 20 de Fevereiro de 2013- Quarta-Feira

Luís António não se sentia amado: era esse o seu drama. O drama dos seus pais era outro: conscientes de serem os melhores pais do mundo, não compreendiam por que o filho os agredia tanto. Como não eram capazes de se colocar no lugar do filho, não conseguiam avaliar a sua solidão. Também não percebiam que a educação que davam aos filhos sofria uma concorrência imensa: concorria com as idéias dos meios de comunicação social, dos professores, dos colegas; do mundo todo, enfim. Não poucas vezes, havia oposição total entre tais ideias.

Luís António, desorientado, precisava urgentemente da atenção, da presença e do amor dos pais. No momento essa era a única linguagem que poderia atingi-lo, a única que entenderia. No entanto, ilhados nos seus próprios problemas e assoberbados por inúmeras tarefas e preocupações, os pais não viam as barreiras que os distanciavam do filho.

Que estranha vida é essa que deforma e destrói tantos sonhos?...

 

Dia 21 de Fevereiro 2013- Quinta-Feira

 

O escritor e poeta Sebastião da Gama, falecido no início do século passado, deixou-nos um magnífico testemunho sobre o que significa viver a vida intensamente.

Afligido por uma doença mortal, relembrava o valor do tempo.

Numa carta dirigida a David Mourão-Ferreira, escreve assim:

« Sabes porque não perco tempo em cafés e em outras coisas de que o café pode ser uma metáfora ?

Porque quero deixar feita a minha obra. Poder dizer à morte “Já vens tarde”. Porque ela é irónica e vem a meio da nossa distracção.

Medita nisto, David e, pergunta assim de vez em quando

- Que fiz eu hoje ?”

 

Dia 22 de Fevereiro de 2013- Sexta-Feira

O maior problema é os pais quererem ser perfeitos.

Por exemplo, com os bebés: custa-lhes ouvi-los chorar e por isso correm até eles ao mínimo ruído

Na vida normal de uma casa onde existe uma criança pequena, impulsiva, activa, exigente, curiosa, o “não” pode muito bem passar a ser a palavra mais usada. Mas o adulto que a diz tem de acreditar que está a fazer o que está certo. "Se as respostas ao seu comportamento forem consistentes, a criança adquire uma boa ideia do que é permitido e do que é proibido, do que é seguro e perigoso."

O excesso de autoridade tem, em geral, o efeito oposto ao desejado mas, quando a criança rejeita relutantemente o não, recomenda-se o recurso ao castigo ou mesmo uma "leve palmada ocasional" para deter uma escalada de conflito. "Não é o castigo em si que importa, mas aquilo que o seu comportamento transmite. Não é preciso uma marreta para partir uma noz".

 

 

 

 

Dia 25 de Fevereiro de 2013- Segunda-Feira

A Ana quer
nunca ter saído
da barriga da mãe.
Cá fora está-se bem,
mas na barriga também
era divertido.

O coração ali à mão,
os pulmões ali ao pé,
ver como a mãe é
do lado que não se vê.

O que a Ana mais quer ser
quando for grande e crescer
é ser outra vez pequena:
não ter nada que fazer
senão ser pequena e crescer
e de vez em quando nascer
e voltar a desnascer.

 

 

 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Como ser um bom professor ?



Dar resposta, por exemplo, às crianças que chegam, vindas de outras escolas e de outros países e às suas dificuldades de adaptação. Mónica Mendes conta como ficou preocupada com a mudança da filha, quando esta chegou aos maristas há ano e meio. "[O professor] foi de uma meiguice, de perceção tão aguçada, que cada dia sentimos que ela chegava com uma segurança muito grande", conta. Madalena Alves considera que o docente é "aquilo que nós gostávamos de ser em casa [como pais], mas na escola". A mãe salienta que o que este lhes ensina vai muito para além da Matemática: são valores para a vida. E o que ele diz "é lei", conta Sofia Guerreiro. "Quando numa conversa surge 'mas o professor Lopo disse', acabou, não há mais discussão."
Para as crianças, que o tratam por tu, o professor é divertido, amigo e ensina bem. São estes os adjetivos mais usados pelos alunos. A pequena Madalena vai mais longe e diz que nunca vai esquecer--se dele. Uma cumplicidade evidente na sala de aula, quando um dos alunos espirra e os "santinho" surgem em catadupa, seguidos de uma ladainha impercetível. "Quem é que costuma dizer isso?", pergunta o professor. "O teu avô", respondem.
Para os colegas, o que torna o professor num exemplo é, além das qualidades pedagógicas, a capacidade de ser genuíno, diz Catarina Machado. De ser muito afetivo "sem nunca sacrificar a disciplina, o rigor, um equilíbrio que cria um ambiente de bem-estar na sala de aula", acrescenta Bruno Reis, o colega que coordenou o primeiro ciclo do colégio até ao ano passado.
Também é preciso muita energia para prender a atenção de quase três dezenas de miúdos. Com "tantas solicitações, hoje é quase preciso fazer o pino na sala de aula para chamar a atenção" das crianças, diz Lopo Rodrigues. Ou trazer chocolate para ensinar frações. "Quase todos os dias faço uma reflexão crítica, analiso o que fiz bem e o que fiz mal, tento perceber como é que posso criar empatia com os alunos, porque as crianças não são todas iguais e a obrigação é minha, não é delas."
 
Fonte: DN

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O próximo Papa no meio de evangélicos a falar do valor da vida

Como sabem a Igreja Católica irá escolher no próximo mês de Março um novo Papa que precisa de ser jovem, dinâmico, defensor da vida, alegre e corajoso para enfrentar os seus inimigos internos e externos.

Tenho vindo a acompanhar, desde há mais de 1 ano, o percurso do Cardeal de Nova York Timothy Dolan que tem todas estas características.

Nos últimos dias tenho vindo a rezar para que seja ele o eleito, confiando, porém, no poder supremo do Espírito Santo que saberá escolher o melhor, seja ele este ou outro qualquer.

Aos meus amigos evangélicos deixo aqui um vídeo de um visita que este Cardeal fez em Agosto de 2012 a uma das comunidades evangélicas mais antigas do mundo, Woodcrest Bruderhof, com origem na Alemanha.

Vejam como ele está à vontade com os cristãos não católicos, na refeição e na tertúlia que se segue, como os anima a serem consequentes com a sua fé, e em particular, ao falar da defesa da vida e como ele nos anima a estarmos todos juntos, católicos e evangélicos, nesta luta.

Vale a pena ver este vídeo até ao fim e pedía para que rezem também para que o novo Papa seja um exemplo e um modelo de Cristo para toda a Cristandade, seja ele o Cardeal Timothy Dolan ou não.


Subscreva a petição "One of Us"

Participe na Iniciativa de Cidadãos Europeus “Um de nós” (“One of us”). São necessárias um milhão de assinaturas para forçar a União Europeia a legislar sobre uma cultura de Vida na Europa, impedindo o financiamento de experimentações que impliquem a destruição de embriões e a promoção do aborto em países fora da União Europeia.
Em Portugal a Federação Portuguesa pela Vida e muitas outras organizações promovem esta Iniciativa e a recolha de assinaturas.
Sobre esta Petição disse o Papa Bento XVI depois do Angelus do Domingo, 3 de Fevereiro: “Saúdo o movimento pela vida e desejo sucesso à iniciativa designada ‘Um de nós’, para que a Europa seja sempre lugar onde cada ser humano seja respeitado na sua dignidade” Em que consiste esta Iniciativa?
A Iniciativa de Cidadãos é um instrumento legislativo da União Europeia (UE) aprovado no Tratado de Lisboa, pretende aproximar as Instituições Europeias dos cidadãos e melhorar a vivência democrática dentro da UE.
A Iniciativa “Um de nós” procura recolher pelo menos um milhão de assinaturas para pedir à UE a defesa da dignidade, o direito à vida e a integridade de todo o ser humano desde a sua concepção, de acordo com o apresentado pelo Tribunal da UE na sentença do caso Brüstle/Greenpeace, em 2011, onde reconheceu no embrião o princípio do desenvolvimento humano.
Deste modo, pede-se à UE que estabeleça formas de controlo dos fundos públicos que impeçam experiências médicas que impliquem a destruição de embriões e que protejam o embrião nas áreas da saúde pública, da educação, da propriedade intelectual, e do financiamento da investigação e a cooperação para o desenvolvimento. A Iniciativa pede aos legisladores europeus que consagrem os seguintes princípios:
1. A inclusão do princípio pelo qual “não poderá ser aprovado o financiamento de actividades que destruam embriões humanos ou que pressuponham a sua destruição”.
2. A modificação dos “princípios éticos” em matéria de investigação que regem o Programa Quadro de Investigação e Inovação da UE (2014-2020) “Horizonte 2020” salvaguardando a igualdade de direitos de todos os seres humanos.
3. A alteração dos objectivos do Instrumento de Financiamento da Cooperação ao Desenvolvimento em países externos à UE, garantindo que a ajuda comunitária não é entregue a quem promove o aborto.
Quem promove?
A iniciativa é promovida por um Comité de Cidadãos composto por pessoas de Portugal, França, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Hungria, Polónia e muitos mais países, tendo apoio de diversas personalidades e organizações nos 27 Estados Membros da UE.
Em Portugal a Federação Portuguesa pela Vida é membro fundador do Comité de Cidadãos e promove a Iniciativa e a recolha de assinaturas.
O prazo para a recolha das assinaturas decorre até ao dia 1 de Novembro de 2013, sendo objectivo da Federação fazer a recolha de assinaturas até Abril de 2013.
Como aderir à Iniciativa?
Assine e divulgue em papel ou online em www.oneofus.eu
INSTRUÇÕES PARA RECOLHA DE ASSINATURAS:
1. Pode fotocopiar a folha de recolha
2. ATENÇÃO: Não se pode fazer qualquer alteração à folha de recolha, nem se pode escrever no verso da mesma;
3. Na recolha ter atenção que quem tem cartão de cidadão, deve incluir os 8 ou 9 dígitos do antigo BI seguido dos 4 dígitos adicionais (1 número, 2 letras e 1 número);
4. Devolver para Rua Artilharia 1, 48, 3ºdt, 1070-013 Lisboa até 30 de Abril de 2013
Contactos em Portugal Secretariado: Teresa Margarido Correia Email: f.p.p.vida@gmail.com Tlm: 91 087 18 73
Morada: Rua Artilharia 1, 48, 3ºdt, 1070-013 Lisboa
Outros contactos: - Leiria – Liliana Verde: prasinal@gmail.com -
Porto – Vida Norte: geral@vidanorte.org / 226063046 -
Algarve – algarve.vida@gmail.com
Se quiser ser um contacto para a campanha de recolha de assinaturas na sua cidade mande-nos um mail para f.p.p.vida@gmail.com
Saiba mais em www.oneofus.eu
Donativos
Como em ocasiões anteriores informamos que as despesas desta campanha são integralmente suportadas a título pessoal por alguns dos seus promotores pelo que se agradece qualquer contributo para ajudar a suportar o correspondente esforço financeiro. De todos os donativos (que podemos receber em numerário, cheque ou transferência para o NIB 0033 0000 4523 7432 161 05) será passado recibo pela Federação Portuguesa pela Vida.
NÃO ESQUEÇA: TODAS AS ASSINATURAS DEVEM SER DEVOLVIDAS ATÉ AO DIA 30 DE ABRIL
Obrigado!
Federação Portuguesa pela Vida Rua Artilharia Um, nº 48 – 3º Dtº 1070-013 Lisboa

Islândia pondera proibir pornografia na internet

 
 
Em nome da defesa contra os efeitos perversos da pornografia sobre as crianças e mulheres vulneráveis, o ministro do Interior, Ogmundur Jonasson, está a preparar legislação para bloquear esse tipo de conteúdos a quem aceder à Internet na Islândia.
"Temos de ser capazes de discutir o banir a pornografia violenta, algo que todos concordamos ter efeitos danosos nos mais novos e pode ter uma clara ligação a incidentes de crimes violentos", afirmou o ministro islandês.
Além do bloqueio de endereços com conteúdos pornográficos, a nova legislação, que poderá ser aprovada este ano, inclui também impedir pagamentos por cartão de crédito para visionar esse tipo de conteúdos pela Internet.
A impressão e distribuição de pornografia já é actualmente proibida na Islândia, mas a legislação não abrange a Internet.
Até aqui esse tipo de controlo sobre a Internet foi apenas tentado em países como a China e é inédito em democracias ocidentais.
"Existe um forte consenso na Islândia. Temos tantos especialistas neste projecto, desde pedagogos a elementos da polícia que trabalham com crianças, que se tornou algo muito mais abrangente do que os partidos políticos", afirmou Halla Gunnarsdottir, assessora do ministro do Interior.
Os defensores da censura da Internet na Islândia argumentam que com o propagar das novas tecnologias que permitem o acesso móvel à Internet, como os smartphones e tablets, tornou-se cada vez mais difícil aos país e educadores impedirem o acesso das crianças à pornografia.
"Neste momento, estamos a ponderar tecnicamente qual a melhor método de o fazer. Mas seguramente, se conseguimos enviar um homem à Lua, devemos ser capazes de lidar com a pornografia na Internet", acrescentou a assessora, em declarações citadas pelo britânico "Daily Mail".
"A Islândia está a avançar com uma abordagem progressiva que nenhum outro país democrático experimentou", afirmou Gail Dines, académico e ativista anti-pornografia, durante uma recente conferência na Universidade de Reykjavik.
"Está a olhar para a pornografia numa nova perspectiva - da perspectiva das mulheres que nela surgem e como uma violação dos seus direitos cívicos", acrescentou

Fonte: Expresso

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Duas petições contra o aborto

 
 
O jornal i de hoje tem duas páginas extensas sobre a Petição Defender o Futuro. Também a Ecclesia há quatro dias noticiou a entrega na Assembleia da República da Petição Acabar com o Aborto Gratuito. Duas petições, um mesmo propósito e diferentes desafios.

O propósito é o de revelar uma vez mais que não está encerrada, em Portugal, a discussão das leis fracturantes. E que quando, como foi o caso, se tentou abafar a discussão pública (nomeadamente o parlamento chumbando esta e esta Iniciativa Popular de Referendo), mais tarde ou mais cedo, pela força das coisas, o assunto volta à baila. Desse ponto de vista tem especial importância a petição Defender o Futuro como gestos de democracia e valorização da participação cívica. Mas também a Acabar com o Aborto Gratuito como gesto de cidadania a pedir responsabilidades à actual maioria governamental pela inexplicável cortina de silêncio sobre a questão do financiamento do aborto.

Os desafios pode-se dizer são distintos embora se cruzem na questão comum: a do aborto.

O desafio da Defender o Futuro é dirigido ao centro-direita em Portugal e no sentido de que assuma a sua tradição e raiz, retome as posições então manifestadas (na votação de cada uma dessas leis) e honre o compromisso político que tomou com o Presidente da República cuja eleição e reeleição tomou como sua na altura própria.

O desafio da Acabar com o Aborto Gratuito, subscrita por defensores e adversários da actual lei do aborto, é dirigido ao Governo para que tenha finalmente o bom senso de terminar com o irrazoável e injusto financiamento estatal do aborto pelo SNS e pela Segurança Social, mas também àqueles sectores do Sim que vem revelando um enorme desencanto com a lei por que se bateram.

Aconteça o que acontecer a partir de agora, os desafios estão lançados e as circunstâncias daquelas leis não serão mais as mesmas. Ao centro-direita em Portugal de compreender o alcance e importância destas duas petições. A sociedade civil portuguesa fez o que lhe competia. Aos políticos agora de honrarem as suas obrigações.
 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A Escola da Vida

 
 
O mundo em desenvolvimento adopta, na esmagadora maioria das vezes, programas educacionais tradicionais que vigoram no Ocidente. Mas uma dupla de investigadores concluiu que saber quais são os números primos ou por que se movem as placas tectónicas em nada é relevante para as vidas das crianças pobres. A aposta num modelo que combina os conteúdos tradicionais com competências sobre literacia financeira, saúde e empreendedorismo deu origem à “Escola da Vida”. Para que também os mais pobres tenham direito a mudá-la para melhor
(...)
 
A definição tradicional da qualidade de uma escola no mundo em desenvolvimento tem como base o domínio dos conteúdos. Mas a utilização básica das abordagens tradicionais de ensino durante os preciosos e poucos anos em que as crianças frequentam a escola conduz apenas a uma perda de recursos e a oportunidades perdidas para os indivíduos e para as suas comunidades. As agências governamentais e as organizações que apoiam e promovem a educação de qualidade para todas as crianças têm de ir para além dos modelos tradicionais, para ajudar as crianças a desenvolverem o conhecimento, as competências e as atitudes que são relevantes para as suas vidas e que os podem retirar um dia da pobreza.

Por demasiado tempo, os governos e as organizações que investem na educação do mundo em desenvolvimento operaram sob pressupostos não questionados de que melhores qualificações nos testes consistiam a clara evidência de que os seus investimentos estavam a dar frutos. Mas se, como é argumentado neste artigo, o domínio do currículo escolar primário não é a melhor forma de melhorar as oportunidades de vida e de aliviar a pobreza nos países em desenvolvimento, então significa que este modelo não é adequado. Investir em intervenções que produzam os melhores resultados nos testes já não constitui uma abordagem válida para se alocar escassos dólares educacionais ou pouco tempo disponível para o desenvolvimento das mentes jovens. Está na altura de procurar intervenções que conduzam a um impacto social e económico verdadeiramente positivo para os mais pobres.

Artigo originalmente publicado na Stanford Social innovation Review, por Marc J. Epstein, Professor e Investigador na Management Rice University e Kristi Yuthas, responsável pela cátedra de Gestão de Sistemas de Informação na Portland State University
 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

As vantagens da indissolubilidade





No dia de S.Valentim, nos tempos "modernos", aqui deixo uma pequena provocaçãozinha...

"Quantas e quão grandes vantagens derivam da indissolubilidade do matrimônio, facilmente o entende todo aquele que refletir um instante quer no bem dos próprios cônjuges e dos filhos, quer na salvação de toda a sociedade humana.
 
Em primeiro lugar, os cônjuges têm na estabilidade absoluta do vínculo aquele sinal certo de perenidade que é exigido por sua natureza pela generosa doação de toda a pessoa e pela íntima união dos corações, visto que a verdadeira caridade não conhece limites (1 Cor 13, 8).
Ela constitui, além disso, pela castidade fiel, um sólido baluarte de defesa contra as tentações de infidelidade, quer internas, quer externas, se elas sobrevierem; excluindo qualquer ansiedade ou terror de que, pela adversidade ou velhice, o outro cônjuge se afaste, estabelece-lhe uma tranquilidade segura.
Concorre igualmente para aumentar a dignidade dos cônjuges e o seu mútuo auxílio, da maneira mais oportuna, recordando-lhes o pensamento do vínculo indissolúvel que não com vistas a interesses caducos nem para satisfação dos prazeres, mas para cooperarem juntamente na consecução de bens mais altos e eternos, é que eles contraíram o pacto nupcial que só a morte poderá dissolver.
Admiravelmente ainda, a estabilidade do matrimônio provê ao cuidado e educação dos filhos, obra de longos anos, cheia de graves deveres e de fadigas, que mais facilmente poderão realizar os pais unindo suas forças.
E não são menores os benefícios que dela dimanam para toda a sociedade. De fato, a experiência ensina que concorre imensamente para a honestidade de vida em geral e para a integridade dos costumes a inquebrantável estabilidade dos matrimônios, e que a estrita observância dessa ordem assegura a felicidade e a salvação do Estado. E que o Estado será o que forem as famílias e o que forem os homens de que se compõe, como o corpo de membros. Donde vem que todos os que defendem energicamente a inviolável estabilidade do matrimônio se tornam altamente beneméritos quer do bem privado dos esposos e de seus filhos, quer do bem público da sociedade humana."
 
Casti connubii Papa Pio XI Ponto 37

A alegria em Chesterton


 
Uma das maiores e mais importantes facetas de Chesterton é a sua relação com a alegria.

 
Para Chesterton a alegria tem algumas variantes fundamentais, mas em que todas, basicamente, consistem em estar alegre.
 

Uma dessas matizes é expressa na graça de ter nascido. Na sua Autobiografia escreve“… Eu inventei uma teoria básica e mística. Consistia no seguinte: a mera existência, reduzida aos seus limites primários, era suficientemente extraordinária e excitante. Qualquer coisa entusiasma comparado com nada…”. É incomparável a sua definição de sol como “Se um fogo fixo pairasse no ar para me aquecer ao longo de todo o dia”, no seu poema “By the Babe Unborn”.

Continua, na sua ânsia de perdurar a criança que existia em si, que existe em cada um de nós. Afirma ainda os limites de tudo: "tudo me é permitido em troca de um pouco que me é negado, como na história da Cinderela". Ou, confinar-se ao tapete da cama e imaginá-lo como uma prancha no mar que é o resto do chão do quarto. Esta ideia de permissão-restrição encontra-se na criança que segue apenas por certas zonas do passeio e não por outras, quando segue na rua com a sua mãe. É expresso na ideia da vedação ou limite: “Quando queremos remover uma vedação devemos questionar-nos sobre o motivo porque terá sido ali colocada. Defendi os sagrados limites do homem contra os poderes ilimitados do super-homem.”

Para Chesterton nós devemos ser alegres apenas pela existência, num “mínimo místico de gratidão”. Essa alegria enche o coração da maioria das crianças porque elas ainda são novas neste mundo, porque para elas o mundo é tão fascinante como o reino da fantasia. Ir de férias com os pais ou os irmãos é como ir com Alice para o País das Maravilhas ou com Suzanne para Narnia. Muitas vezes imaginamos mundos maravilhosos e não nos apercebemos da maravilha que é o nosso mundo.
 
António Campos

Anália Carmo

 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

As raparigas resistem mais às tentações

Projeto europeu lançou um manual que aborda a autorregulação de crianças, adolescentes e jovens quanto às tentações do meio envolvente. Os mais novos e os que vivem em zonas rurais são mais controlados. A monitorizarão parental faz diferença.
É fácil tropeçar em várias tentações no dia a dia. O difícil é resistir, dizer que não e fazer escolhas alternativas saudáveis. O projeto europeu Tempest - Temptations to Eat Moderated by Personal and Environmental Self-regulatory Tools debruçou-se sobre várias matérias, sobretudo na capacidade de autorregulação de crianças, adolescentes e jovens. A ideia foi tentar perceber até que ponto essa capacidade de autorregulação é crucial para aprender a lidar com tentações relacionadas, por exemplo, com a alimentação e a inatividade física, e também com a dependência de tabaco, álcool, jogos e videojogos.

O projeto decorreu entre 2009 e 2013 em nove países europeus - Portugal, Holanda, Polónia, Roménia, Finlândia, Dinamarca, Alemanha, Bélgica e Grã-Bretanha. E investigou-se em que medida a melhoria da capacidade de auto-regulação permite aos mais novos lidar com as tentações não saudáveis do meio que as rodeia. A 31 de janeiro, foi lançado o manual Tempest em Lisboa. Margarida Gaspar de Matos, da Universidade Técnica de Lisboa e Centro da Malária e Doenças Tropicais, que coordenou o projeto no nosso país, adianta que o próximo passo é estender os conceitos trabalhados - de autorregulação, de consumo exigente e informado, de coesão social para adoção de alternativas saudáveis - às crianças e jovens de todo o país. Nesse sentido, está a ser estudada uma parceria com a Secretaria de Estado do Desporto e da Juventude para que sejam realizados workshopsde formação a nível nacional em várias áreas, não só na alimentação e sedentarismo, mas também ao nível de outros comportamentos de saúde como consumo de substâncias, violência, risco sexual.

O Tempest analisou realidades e verificou que as crianças mais novas resistem mais às tentações, nomeadamente no domínio da alimentação, do que os adolescentes e jovens. O papel da monitorização parental nas escolhas ajuda a explicar este cenário. Na adolescência, a autonomia social é maior e a acessibilidade a produtos, a influência dos amigos, a diminuição da influência da família e ainda a ativação hormonal própria dessa etapa do crescimento condicionam a autorregulação.

Um dos grandes desafios passa precisamente por, na puberdade, transferir para o jovem uma automonitorização e autorregulação que anteriormente estava nas mãos dos pais. Há alguns problemas nesse caminho e que estão identificados: cérebro em maturação, turbulência hormonal própria da idade, maior circulação por contextos sociais mais vastos, menor supervisão parental, mais contatos com os amigos. Torna-se assim complicado resistir às tentações, sobretudo na presença dos colegas. Além disso, nessas idades, dá-se pouca atenção a punições e aos riscos associados a certos comportamentos considerados de risco. 


As crianças e adolescentes do sexo feminino apresentam uma capacidade de autorregulação superior. Resistem mais a atitudes menos saudáveis do que os rapazes que, por seu turno, demonstram uma melhor perceção da qualidade de vida. Outro dos grandes desafios passa exatamente por isso, ou seja, por resistir às tentações sem preocupações excessivas e sem perder a perceção da qualidade de vida. Por outro lado, as crianças que vivem em meios rurais apresentam uma capacidade de autorregulação superior, nomeadamente no domínio da alimentação. A menor oferta de tentações alimentares nos meios em que circulam, um maior contacto com alimentos naturais e saudáveis, um menor poder económico associado a essas regiões do país, sustentam esta realidade.

Dizer não às tentações constantes, diárias, e adquirir e manter um estilo de vida saudável são tarefas difíceis e um teste às competências de autorregulação. Segundo o Tempest, nas crianças, estas competências estão ligadas à possibilidade de alternância rápida entre tarefas, de foco da atenção ou do controlo emocional. Nos adolescentes e jovens, a autorregulação remete para a capacidade de manter um equilíbrio interno e a longo prazo, de automonitorizar atividades, de manter a motivação e a resiliência no confronto com experiências negativas e em situações de insucesso.

Pode ser difícil, mas não é impossível. Há algumas estratégias que podem ajudar crianças, adolescentes e jovens a melhorarem as suas competências de autorregulação e a resistir às tentações, mantendo um estilo de vida saudável. Criar e enraizar hábitos saudáveis a nível pessoal, familiar e entre amigos; evitar contextos propícios a tentações; manter as escolhas saudáveis; tentar distrair-se com outras atividades; planear ações definindo e fixando objetivos pessoais e desenvolvendo planos pessoais para os concretizar.

Há também algumas dicas para resistir às tentações alimentares. Comer sentado à mesa e em grupo, tomar o pequeno-almoço em família, são alguns dos hábitos recomendados. O projeto europeu destaca igualmente a importância da regulação da exposição de anúncios publicitários e do preço dos alimentos saudáveis. Acima de tudo, o Tempest quer "educar consumidores exigentes, capazes de identificar riscos, geri-los, confrontá-los e fazer escolhas alternativas saudáveis".

Daqui.

Chesterton e as mulheres

O desejo apaixonado de colocar o amor entre um homem e uma mulher em termos de Paraíso. A absoluta necessidade de se encontrar um sentido para a vida (Autobiografia, Ed Diel). Schopenhauer imagina que as mulheres são as melhores encarregadas para cuidar das crianças, porque elas mesmas são "infantis, fúteis, limitadas"…É certamente estranho que o nome "filósofo" tenha sido dado a um literato - por mais brilhante que seja - capaz de defender a assombrosa ideia de que amamos aquilo a que nos assemelhamos. De facto, toda a teoria de Schopenhauer sobre a infantilidade das mulheres pode ser refutada com a mais simples e breve das respostas. Se as mulheres são infantis porque amam as crianças, então os homens são efeminados porque amam as mulheres.


Em “Os Disparates do Mundo”, Ed Diel: “Nada poderá algum dia superar essa enorme superioridade do sexo feminino que consiste em mesmo o descendente masculino nascer mais perto da mãe do que do pai. Ninguém que atente nesse tremendo privilégio da mulher pode acreditar, um instante sequer, na igualdade dos sexos…A carne e o espírito da feminilidade rodeiam a criança desde o nascimento como as quatro paredes da casa; até o mais insignificante ou o mais brutal dos homens foi feminizado pelo nascimento. O homem nascido de mulher tem os seus dias contados e cheios de misérias, mas ninguém pode medir a obscenidade e bestial tragédia que seria a herança do monstro homem nascido de homem."
 
 


 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O retrato dos jovens em 2013


É notório um prolongamento da idade juvenil, que hoje se mostra de maneira precoce porque fortemente estimulada e, simultaneamente, dilata-se exageradamente dado que a saída do meio parental ocorre após a estabilidade afetiva e profissional, esta última perturbada pelo desemprego crescente.

A instabilidade, que atinge diversas dimensões essenciais da vida, da economia até à atividade profissional, da vertente educativa à política, faz dos jovens, neste tempo "líquido", a parte mais fraca e vulnerável da sociedade.

Os jovens são caixa de ressonância da crise da sociedade, com conotações culturais diversificadas em função das condições, contextos e formações.

O amadurecimento social não constitui uma aspiração determinante dos jovens. Eles vivem um "presentismo" sem futuro, onde a experiência tem valor em si mesma, passando-se de uma a outra sem finalidade e sem distinguir os limites entre objetivo e subjetivo, fazendo da experiência pessoal uma coisa pública, criando relações globais que confluem numa "ciberidentidade". com a possibilidade de aceder a outras visões do mundo e de produzir reflexões que vão para além de si próprio e dos seus horizontes.

A tecnologia é um traço central da identidade jovem, é uma força que dá centralidade à sua vida. O labirinto das redes oferece espaço para novas procuras. Apoderam-se do saber sem olhar para a autoridade. Os jovens tomam posição sem medo perante as informações, rompem os sistemas hierárquicos, escolhem os temas e problemas mais significativos segundo a própria subjetividade, guardam distância das lógicas das instituições e dos partidos.

A experiência da construção de si próprio assume contornos novos: as novas gerações tornam-se filhas de si próprias, distanciando-se dos adultos, desde que elas se tornem companheiros de uma vida partilhada e não obstáculos de autoridade de um processo de afirmação.

A afirmação da identidade no corpo é vivida muitas vezes com forte tensão. O modo de vestir, o look, as tatuagens ou os piercings fazem parte da construção da própria personalidade, afirmações do domínio sobre o corpo. O modo como se apresentam é uma linguagem, um distintivo. A relação com o corpo é um meio para marcar a individualidade, expressão de autoestima.

O desconforto de ser si próprio, as dúvidas sobre a própria identidade vivem-se e resolvem-se no grupo que oferece modelos e suporte. O olhar de quem está próximo é essencial para a autoestima.

As culturas juvenis são uma visão que nos ajudam a decifrar a vida em perspetiva do futuro. As tecnologias intervém na experiência das pessoas e permitem a ampliação das potencialidades humanas. O ambiente digital faz parte do quotidiano, é uma extensão do espaço real da vida do nativo digital. Procuro, encontro, desfruto quando preciso. Implica seleção, possibilidade de comentário e interação. Os jovens estão mais prontos para a interação do que para a interiorização. Mas estas duas dimensões devem ser conjugadas.

A dificuldade no desenvolvimento harmonioso das capacidades de relacionamento consigo próprio e com os outros, de gerir e interpretar as próprias emoções conduz à insatisfação e, por vezes, à depressão.

A ausência de uma conceção integrada do amor e a facilidade de paixões fortes, unida a uma vida sexual intensa constituem um desafio às comunidades educativas, a começar pela base familiar, tantas vezes inexistente.

O equilíbrio emotivo entre autonomia e dependência, entre escolha da felicidade e realidade sem saída, gera ansiedade e angústia. Esta cultura possui uma linguagem que é preciso entrar e que se exprime num género de música, de arte, com uma gramática própria.

Carlos Azevedo

O não nascido, Chesterton



Se as árvores fossem altas e a relva curta
Como num conto louco
Se aqui e além um mar fosse azul
Quebrando uma monótona palidez



Se um fogo fixo pairasse no ar
Para me aquecer ao longo de todo o dia
Se um cabelo farto e verde crescesse em grandes colinas
Eu saberia o que fazer

Encontro-me na escuridão; sonhando que existem
Grandes olhos frios ou bondosos
E ruas sinuosas e portas mudas
E homens vivos para além (delas)



Que venham as nuvens da tempestade: é melhor uma hora,
E que se vão para chorar e lutar,
Do que todas as eras em que reino
Nos impérios da noite.



Penso que se me dessem licença
Para neste mundo aparecer
Eu seria bom ao longo de todo o dia
Em que eu estivesse neste mundo encantado



Não ouviriam de mim uma palavra
De egoísmo ou de escárnio
Se eu ao menos pudesse encontrar a porta,
Se eu ao menos tivesse nascido

Fonte: Daqui