segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Mãos à obra

Há uns meses, um piloto da TAP deparou-se com uma situação que o chocou. Verificou que, diariamente, milhares de refeições confeccionadas em cantinas e outros estabelecimentos eram lançadas para o lixo, por não serem consumidas. Escandalizado, recorreu ao Presidente da República, que remeteu a questão para o Parlamento. Passou o tempo e, da casa da democracia, nem uma única resposta. O cidadão resolveu, então, recorrer a uma petição, via Internet, para que a lei europeia tivesse alterações em Portugal, a fim de poder matar a fome a milhares de pessoas, que necessitam daquelas refeições para sobreviver. A petição tem já milhares de assinaturas, que vão obrigar o Parlamento a discutir o assunto a que tentou escapar. É um bom exemplo de que, por cá, o melhor é cada um começar a tentar resolver por si aquilo que considera urgente, porque da nossa actual classe política só podemos esperar guerras desinteressantes por um poder que, graças a Deus, já não detém. Os últimos dias têm provado que estes senhores já pouco ou nada mandam: pagam o preço da irresponsabilidade com que governaram o país e estão agora a cumprir as ordens que recebem de Bruxelas. No pouco que ainda nos cabe decidir, é bom que a sociedade civil perceba, como este piloto da TAP, que, se não somos nós a fazer, nada podemos esperar dos agentes do Estado, que deveriam ter o interesse nacional como a sua principal preocupação.
Raquel Abecasis, RR online 29-11-2010 08:46

domingo, 28 de novembro de 2010

Quem quiser muda de sexo! - ou a agenda política da esquerda

Já é sem surpresa que assistimos a mais uma iniciativa legislativa estranha do governo socialista e seus adeptos da esquerda dita democrática, laica e republicana.

Desta vez, e revelando a maior das ignorâncias, querem legislar permitindo que qualquer pessoa “diagnosticada com transsexualismo” possa efectuar a mudança de sexo administrativamente, sem intervenção dos tribunais, como até agora acontece, transformando o acto num processo administrativo do registo civil.

Mas o que é o transsexualismo? Pode-se descrever como um conflito entre a alma e o corpo, onde o indivíduo possui um forte desejo, desde a infância, de ter nascido e de querer ter o sexo oposto.

Cientificamente define-se como uma forte “convicção de pertença a um sexo biológico em indivíduos que nascem com características sexuais normais do outro sexo biológico e que podem procurar mudar o seu corpo em conformidade com essa convicção”.

É preciso esclarecer que o transsexualismo NADA tem a ver com a homossexualidade, bissexualidade ou travestismo. Ou seja, não é um problema da orientação sexual (ex. homossexualismo) mas sim um transtorno da identidade de género.

Posto isto, é até completamente descabido que as associações de promoção da homossexualidade (ex. ILGA) chamem a si os transsexuais e os envolvam na sua organização, dado que uma coisa nada tem a ver com a outra. Só se entende isto como uma forma de aproveitamento que em nada beneficia quem sofre de transsexualismo.

Os transsexuais são acompanhados em Portugal por equipas de saúde multidiscilinares (compostas por médicos, psicólogos, sexólogos, endocrinologistas e cirurgiões, enfermeiros e assistentes sociais), que há décadas os avaliam e tratam até à mudança definitiva de sexo.

Não é novidade, e, sim é uma doença que precisa de tratamento! Podemos ilustrar a doença como uma alma de um homem num corpo de mulher ou o contrário. Logo, ao fim do tempo de avaliação e tratamento, para se ter a certeza de que é um verdadeiro transsexualismo e não outra coisa, surge como passo final a cirurgia de reatribuição de sexo (procedimento irreversível, se efectuado num falso transsexual traz consequências devastadoras para o doente).

Isto depois de a pessoa ser avaliada por dois especialistas sem contacto durante pelo menos dois anos, viver de acordo com o sexo que deseja e fazer terapêutica hormonal.

No fim de todo este processo, supervisionado pela Ordem dos Médicos, e de a pessoa ter sido submetida a todas estas fases de intervenção médica e psicológica, já com a correcção cirúrgica efectuada, dirige-se ao tribunal e entrega o processo para ser avaliado, sendo despachada a decisão de mudança de nome e sexo que produz efeito no registo civil. E o procedimento correcto é este!
Agora, o que estes pseudo-intelectuais propõem na prática é que qualquer individuo que tenha o diagnóstico de transsexualismo (muitas vezes o diagnóstico inicial de transsexualismo não se confirma com o tempo) e só isto, sem ter chegado ao fim do processo, possa mudar de sexo e nome, sem passar pelo tribunal, bastando dirigir-se ao registo civil.

Se esta barbaridade jurídica se concretizar, teremos todo o tipo de gente (ex. travestis, doentes mentais) a querer mudar de sexo, podendo em tese mudar de sexo quando quiserem, sendo de um sexo no Verão e de outro no Inverno. Já para não falar nas questões de segurança, custos com a saúde e vida em sociedade que tudo isto acarreta.

Depois do aborto livre e do casamento gay, chegou a mudança de sexo a pedido! O que virá a seguir?

Vivemos de facto num verdadeiro transsexualismo político. Ao que chegou este País!

Abel Matos Santos
Especialista em Saúde Mental e Sexologista
Publicado no jornal "O Diabo" de 14/09/2010

Vígilia sobre a vida nascente

Há correntes culturais que procuram anestesiar as consciências com motivações enganadoras”, denunciou Bento XVI, sublinhando que o embrião no ventre materno “não é um amontoado de material biológico”, mas um “novo ser vivo”.

Mesmo depois do nascimento – acentuou o Papa – a vida das crianças continua a ser exposta ao abandono, à fome, à miséria, à doença, aos abusos, à violência, à exploração. As múltiplas violações dos seus direitos que se cometem no mundo ferem dolorosamente a consciência de todos os homens de boa vontade.”

Daqui

Governo oculta dados sobre abortos praticados por opção

“Já vamos na terceira insistência. Os deputados do CDS-PP apresentaram essa questão em julho e esta semana renovámos a insistência para que o Ministério da Saúde nos responda”, disse à agência Lusa Ribeiro e Castro.

Três anos após a entrada em vigor da lei do aborto, os deputados solicitam ao Governo “os dados estatísticos sobre a prática legal do aborto” em 2007, 2008, 2009 e 2010 e questionam se as interrupções voluntárias de gravidez (IVG) foram executadas em estabelecimentos públicos ou particulares


Ver mais aqui (Destak)

sábado, 27 de novembro de 2010

Deputado Bacelar Gouveia quer conhecer os dados sobre o número de Abortos praticados

De acordo com uma noticia avançada pelo Observatório do Algarve, o deputado do PSD, Jorge Bacelar Gouveia, quer que a ministra da Saúde disponibilize ao Parlamento os dados sobre a realização de abortos em Portugal, para que sejam ponderadas eventuais alterações à lei.

"A Assembleia da República, no exercício das suas legítimas e constitucionais competências legislativas e políticas, não pode demitir-se de acompanhar a execução desta lei do aborto, ponderando intervenções futuras no sentido de corrigir eventuais falhas e de melhorar procedimentos, tudo com vista à máxima protecção possível do direito fundamental à vida humana de todas as pessoas, independentemente da sua condição de nascidas ou não", defende.

Segundo a mesma fonte, através de um requerimento entregue no Parlamento, com a data de 12 de Novembro, Jorge Bacelar Gouveia pergunta à ministra da Saúde, Ana Jorge, "qual o número de abortos realizados em Portugal desde o início da vigência da Lei n.º 16/2007", que despenalizou a interrupção da gravidez, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas de gravidez.

O deputado do PSD quer também saber "qual o número de casos em que a mulher fez mais do que um aborto" e "qual a percentagem de cada método abortivo utilizado, de acordo com a distinção entre o método cirúrgico e o método medicamentoso, no caso do aborto por opção".

Além do aborto por opção da mulher nas primeiras dez semanas de gravidez, a legislação portuguesa permitia já, e continua a permitir, a interrupção da gravidez em caso de perigo para a vida ou para a saúde da mulher, por malformações do feto ou violação.

"Qual o número de casos, em relação ao aborto por opção, em que a mulher recorreu ao acompanhamento de um psicólogo ou de um assistente social, nos termos do art. 6º da Portaria nº 741-A/2007" e "qual o número de casos em que a mulher, depois de realizado o aborto por opção, não compareceu à consulta de saúde reprodutiva/planeamento familiar, obrigatoriamente prevista no art. 19º da Portaria nº 741-A/2007", questiona o deputado do PSD, eleito pelo círculo de Faro.

De acordo com a noticia do Observatório do Algarve, Bacelar Gouveia, pergunta ainda à ministra Ana Jorge "qual o número de objectores de consciência registados ao abrigo do art. 6.º da Lei nº 16/2007 por cada estabelecimento de saúde" e "quantos são os casos em que nos estabelecimentos de saúde oficialmente reconhecidos a fazer abortos se decidiu recorrer a serviços de terceiros, nos termos do art. 7.º do Anexo VI da Portaria nº 741-A/2007".

Bacelar Gouveia quer saber "quantos são os casos em que os estabelecimentos de saúde públicos ou oficialmente reconhecidos para fazer abortos foram objecto da intervenção da Inspecção-Geral das Actividades de Saúde no contexto das auditorias, inspecções e fiscalizações" e se é verdade que "em matéria de abortos por opção, no distrito de Faro se regista "a maior percentagem de abortos por mulher em idade fértil de Portugal".

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

CUIDAR EM FIM DE VIDA


Colecção Ler para Cuidar nº2 José Carlos Magalhães - 188 páginas


ISBN:978-989-8218-07-0


Sendo a morte e o morrer também um produto socialmente construído, procurou-se a sua compreensão sob uma perspectiva sociológica no contexto da modernidade, abordando-se alguns contornos que revestem a experiência contemporânea de morrer. Elaborou-se uma resenha histórica do que foram os hospícios desde o século XIX e, mais detalhadamente a origem do movimento moderno dos cuidados paliativos. Procurando compreender o que são os cuidados paliativos, foram analisados alguns dos seus aspectos conceptuais. A partir de uma revisão bibliográfica sobre a enfermagem em cuidados paliativos, foram destacados alguns conceitos considerados essenciais e analisado como os enfermeiros em cuidados paliativos perspectivam as suas responsabilidades junto dos doentes em fim de vida bem como alguns dos constrangimentos que experimentam enquanto desempenham o seu trabalho. O enquadramento teórico é finalizado procurando salientar a importância da formação em enfermagem na área dos cuidados paliativos como um dos vectores centrais para o seu desenvolvimento.

COMO CUIDAR DOS NOSSOS EM FIM DE VIDA


Colecção Ler para Cuidar nº1Karen Macmillan, Jane Hpokinson, Jacquie Peden, Dennie Hycha - 200 Páginas


ISBN: 978-989-8218-06-3


A expressão «cuidados paliativos» descreve os cuidados e o apoio prestados às pessoas na fase final da vida. Quer uma pessoa passe os últimos dias de vida em casa quer esteja numa casa de saúde ou num hospital, os técnicos de cuidados paliativos e domiciliários, bem como os cuidadores pertencentes à família da pessoa doente, procuram melhorar a qualidade de vida desta última. Apoiam-na física, espiritual e emocionalmente, respeitando simultaneamente os seus desejos e a sua qualidade de vida. O guia prático sobre cuidados em fim de vida oferece aos cuidadores, pertencentes à família dos doentes, as informações médicas e de enfermagem de que eles irão necessitar, numa linguagem clara e acessível. Ajudá-los-á, assim, a entenderem a viagem que os seus entes queridos iniciaram, participando de forma eficiente e informada na equipa de cuidados paliativos e prestando um apoio físico, espiritual e emocional essencial. Fazer esta viagem com um ente querido pode ser difícil, mas também é uma das maiores dádivas que amigos e familiares podem compartilhar.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CONFERÊNCIA: CIDADES PELA RETOMA - COMPETITIVIDADE E TERRITÓRIO


Caros amigos,

A convite do Movimento Cívico "Cidades pela Retoma", a Associação FARO 1540 vai organizar, em parceria com a Sociedade Recreativa Artística Farense, no dia 3 de Dezembro (6ª feira), pelas 21h30, no salão nobre dos "Os Artistas", sito Rua do Montepio, n.º 10 em Faro, uma conferência subordinada ao tema "Cidades pela Retoma: Competitividade e Território".

Num momento de particular dificuldade económica e financeira do país, pretende-se sensibilizar os poderes públicos (nacionais e locais) para a pertinência e oportunidade de reflectir sobre o papel das cidades na retoma económica.

Assim, pretende-se com esta iniciativa, desenvolver em Faro um fórum de debate que deverá mobilizar os cidadãos a participar num exercício de reflexão colectiva sobre o papel das cidades na actual fase de desenvolvimento do país, que vise identificar e avaliar os seus recursos com potencial para o desenvolvimento económico e social e ajudar a definir uma 'agenda local para a retoma'.

Para além de diversas associações farenses, estão já confirmadas as presenças do presidente da Câmara Municipal de Faro (Macário Correia), o Director do Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve (Ilídio Mestre) e o professor universitário e Comissario da Faro Capital Nacional da Cultura 2005 (António Rosa Mendes).

Esta conferência é de entrada livre e será antecedida pela projecção (21h30) de uma sátira ao actual sistema financeiro.

Esperamos poder contar com a vossa presença!



terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Crise


Diagnósticos não faltam, medicação também não. A economia mundial e a economia nacional constantemente analisadas e vigiadas por diversas equipas de médicos de diversas especialidades. Em 2007, foi a fase do Subprime, depois em 2008 a doença declarou-se inequivocamente e chamaram-lhe Crise Financeira, tendo sido necessário avançar com dramáticas intervenções cirúrgicas, que resultaram temporariamente. Depois de meses de acentuada contracção económica, em meados de 2009 parecia que a doença estava a ficar dominada e a economia internacional começava a querer recuperar, mas foi sol de pouca dura, após alguns meses de aparente acalmia, em inícios de 2010 a instabilidade regressa em força , desta feita com um novo quadro clínico, a Crise da Dívida Soberana, pondo em causa activos até então considerados dos mais seguros e estáveis a nível internacional, títulos de dívida pública da zona Euro. De certa maneira, esta terceira fase da crise é um corolário lógico das fases anteriores, em que os Estados, com a sua intervenção no sistema bancário e em toda a economia, tentaram ao máximo, por um lado, evitar o colapso do sistema financeiro, e por outro, conter e amortecer o mais possível os efeitos sociais da paragem entretanto verificada a nível da economia real. A campanha levada a cabo pelos governos no sentido de afastar a economia mundial de um precipício semelhante ao da Grande Depressão de 29 acabou no entanto por consistir num adiamento dos problemas e num gasto antecipado das munições, na medida em que os Estados basicamente compraram os incobráveis bancários em todo o mundo desenvolvido, evitando as quebras, saneando ou mesmo nacionalizando inúmeras instituições, e foram pagando, com crédito soberano, de forma insustentável, a manutenção do nível de vida aos cidadãos eleitores, em todas estas economias que já não apresentavam qualquer dinâmica de crescimento, na esperança de que o simples passar do tempo trouxesse, por obra do destino, alguma recuperação.

Ao longo de todo o tempo, e já lá vão 3 anos, os responsáveis políticos verdadeiramente nunca reconheceram publicamente a durabilidade e profundidade da crise, afirmando sempre o seu domínio da situação, a sua confiança na evolução dos acontecimentos e a sua esperança na recuperação da economia. Tornou-se evidente a falta de sinceridade, de honestidade e de verdade ao disfarçarem a real situação das economias à população em geral e foi manifesta também uma grande incapacidade de previsão e antecipação dos acontecimentos. De resto, os nomes atribuídos às várias fases da doença foram servindo para camuflar e mascarar o problema e para manipular expectativas, senão vejamos: na fase do Subprime, a crise assumiu esta palavra de código que tinha diversas vantagens políticas, limitava desde logo a génese da situação aos EUA e mesmo aí o problema parecia limitar-se à concessão de empréstimos a estratos sociais mais baixos que rapidamente se tornaram incobráveis após o rebentar da bolha imobiliária, abalando o sistema bancário americano e afectando depois os bancos de todo o mundo, em virtude da disseminação de produtos estruturados à escala global. Estando a doença, e a sua origem, bem identificadas, seria mera questão de meses ou uns quantos trimestres, para dar a volta às dificuldades e pôr a economia de novo a crescer. Sucede que, de 2007 para 2008 a situação, ao invés de melhorar, agrava-se drasticamente atingindo o clímax a 15 de Setembro de 2008, com a falência da Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimento americano ao qual todo o sistema financeiro internacional estava exposto. Se o subprime foi talvez a fase de gestação da crise, a falência da Lehman terá sido o seu parto, de resto bem doloroso. Seguiram-se semanas dramáticas, traumáticas, com a necessidade de operações de socorro de emergência de diversos bancos nos EUA e na Europa, também em Portugal, com a nacionalização do Banco Português de Negócios. Contudo, como o enfoque da crise continuava a estar na periclitante situação do sector financeiro, isso permitiu uma vez mais aos decisores políticos dissimularem a real situação da economia e continuarem a chamar à doença Crise Financeira, tranquilizando assim a generalidade dos cidadãos e os incautos eleitores. Claro está que o desemprego ia subindo e a economia estagnava mas, se era um problema dos bancos, da alta finança, com o qual os governos iam lidando, mais tempo menos tempo estaria resolvido e ultrapassado…

Passadas que estão as ilusões e vãs esperanças recentes, neste momento é já praticamente impossível a quem quer que seja negar que estamos a viver uma profunda e duradoura Crise Económica e, tendo já passado por um período de forte recessão em final de 2008 e início de 2009, nos Estados Unidos e na Europa, muito provavelmente a ela voltaremos já no próximo ano de 2011, quer em Portugal, quer em muitos outros países, em especial na Europa. Tratemos as coisas pelos nomes: a doença, melhor, a epidemia, é grave e ninguém demonstra saber muito bem como vai ela evoluir. Já foram tentados inúmeros tratamentos possíveis, e em doses muito fortes, quer estímulos fiscais, quer monetários, mas a verdade é que o doente não reage e o quadro clínico tem vindo a deteriorar-se. Entretanto, mais ou menos a salvo da epidemia, ou bastante menos fustigados por ela, parecem estar, em todo caso, os países emergentes, pelo menos para já. Serão eles os culpados… por estarem a crescer? Desde logo, a concorrência que as economias emergentes representam para os Estados Unidos e Europa significa, naturalmente, menos crescimento no mundo desenvolvido e mais desenvolvimento no ex-Terceiro Mundo. Estas duas faces da moeda significam por um lado um início de resolução de problemas crónicos de pobreza em África, na América Latina e na Ásia, uma melhor redistribuição do rendimento mundial e, por outro lado, uma forte competição pelos recursos e ganhos de quotas de mercado aos países desenvolvidos, retirando-lhes a supremacia e mesmo hegemonia em muitos sectores da economia. Mas a Crise Económica da parte Norte da Terra, mais propriamente um pouco acima do trópico de Câncer, vai muito para além do realinhamento e nivelamento económico, e da melhoria de estatuto dos países emergentes. De resto, a própria dinâmica dessas economias, China, Índia, Brasil, África, deveria provocar sinergias positivas nos mercados dos países desenvolvidos suficientes para abafar a crise. E não é o caso. Esta crise parece ser um ajuste bem mais violento e com raízes bem mais profundas.

Na economia, as questões podem ser vistas como a junção num imenso puzzle das opções e decisões dos indivíduos, das empresas, dos países, chegando-se por fim à dinâmica dos blocos económicos e à economia global. Ora, assim como qualquer indivíduo pode destruir a sua fortuna no casino e qualquer empresa pode enveredar por investimentos ruinosos, também os países e blocos económicos podem tomar decisões de investimento e estratégias erradas. Em particular, se um indivíduo ou uma família apostar num determinado projecto de longo prazo, por exemplo uma casa de habitação, ou uma segunda habitação, então é necessário que as expectativas de rendimento se materializem para fazer face ao serviço da dívida que foi contraída junto da banca. Do mesmo modo, se uma empresa se financia para poder levar a cabo um determinado projecto de investimento, é necessário que este dê frutos abundantes de forma a cobrir os custos de financiamento ao longo do tempo. Em ambos os casos, com bons investimentos, verificar-se-à um crescimento do património da família ou da empresa, com maus investimentos, um empobrecimento do património individual e, no caso da empresa, prejuízos ou mesmo a falência. À escala nacional, as crises resultam também das más estratégias e dos maus investimentos, mas não apenas resultantes da actividade económica em sentido estrito, também da performance da sociedade, do Estado, da gestão dos bens sociais, das infra-estruturas, de bens intangíveis como a justiça, a educação e formação, a saúde pública, o ordenamento do território, etc, etc. Quer a nível de países, quer a nível de blocos económicos, entram em jogo factores ainda mais profundos e de longo prazo, diríamos civilizacionais, como a demografia, natalidade e envelhecimento populacional, a estrutura da sociedade, a protecção da família, a protecção do ambiente. E todos esses factores dão o seu contributo, positivo ou negativo, a prazo, para a saúde da economia. Ou seja, quer a nível individual, quer sobretudo a nível colectivo, acabamos por colher, por vezes de forma brutal, aquilo que andámos a semear ao longo do tempo. A crise não é mais do que o saldo negativo, em cifrões, na actividade económica num dado momento, entre o que de mau e o que de bom fizemos ao longo do tempo. Por exemplo, aqui em Portugal muito se falou do desperdício que representava a construção de 10 estádios de futebol para o Europeu de 2004. Hoje em dia, com os recursos que desperdiçámos ao longo dos anos, fundos mal empregues, formação sem qualidade nem utilidade, subsídios sem critério, investimentos sem nexo a todos os níveis, talvez já não possamos levar a cabo sequer projectos que realmente modernizariam a nossa economia como o TGV para Madrid ou o novo aeroporto de Lisboa. E verificamos agora que, bem para lá da mera contracção salarial ou congelamento das pensões, há também cada vez mais fome à vista de todos, nas ruas, à noite, nas filas das carrinhas de distribuição de alimentos, e também nos centros paroquiais por esse país fora. Mas, como já sabemos, este problema não é só nosso. Noutros países da União Europeia também já há fome e quebras significativas do nível de vida. A generalidade dos países europeus está em grande dificuldade para manter os standards de qualidade dos serviços públicos, da assistência social, os apoios no desemprego. As pensões de reforma estão em risco, os salários caem, os subsídios de desemprego acabam, a protecção na doença torna-se cada vez mais cara e inacessível.

Investimos mal, durante muitos anos. E consumimos muito, em vez de investir e poupar. Tomámos a especulação imobiliária por poupança, a especulação financeira por investimento. E acreditámos que os sinais positivos dos mercados nunca nos conduziriam a um beco, onde agora estamos. Tivemos uma fé inabalável nos bens materiais, no imobiliário, no consumo. E também acreditámos que os bons tempos sempre nos sorririam. Por isso nos endividámos: não foi para criar famílias mais numerosas nem para dar educação mais completa aos nossos jovens, não. Endividámo-nos para termos mais carros, de maiores cilindradas, para fazermos mais férias, em destinos mais longínquos. Endividámo-nos para trocar de casa, de mobília, até para trocar de família. As regras morais e os costumes alteraram-se ao longo das últimas décadas e isso abriu a porta à crise demográfica que agora vivemos. Como é patente, não há sistema de reformas nem de protecção social que aguente sem vitalidade demográfica e sem a natural substituição das gerações. Ao dissociar radicalmente o sexo da reprodução, décadas atrás, abriu-se caminho ao outono ou inverno demográfico… As prioridades da sociedade inverteram-se ao longo dos anos. O tempo de lazer foi sendo progressivamente desviado da família e da prática religiosa para futilidades como o abundante telelixo ou o omnipresente futebol. Estrelas do cinema, do desporto e da música cobram mais aos fãs anualmente do que eles mesmos pagam, na qualidade de contribuintes, em impostos e prestações à segurança social, por exemplo. Essas estrelas fugazes sobem no firmamento, brilham, dilapidam fortunas e apagam-se rapidamente. As desigualdades e desequilíbrios sociais, de que todos são cúmplices, continuam a agravar-se. O abandono da agricultura, da pesca e de grande parte das artes e ofícios de outrora tem o reverso da medalha na necessidade, no caso de Portugal, de importar quase tudo. Mas esse desequilíbrio entre produção e consumo existe na Europa em geral, e nos Estados Unidos de forma bem visível nas estatísticas. Outra chaga da nossa sociedade, a droga, está claramente, correlacionada com a decadência dos valores morais e a desagregação da família, constituindo nitidamente um factor de destruição de riqueza, o principal responsável pela criminalidade e pela insegurança, e mais um contributo negativo para a economia. Claro está, nalguns países mais expostos ela é responsável pela guerra e por assassinatos em massa. Ou seja, um consumidor de cocaína nos EUA é também co-responsável pelos assassinatos dos cartéis da droga no México ou das forças de guerrilha na Colômbia.

Soluções? A curto prazo, não há milagres. A longo prazo, talvez, desde que muita coisa mude. O regresso à tradição, à religião, à família, o redimensionamento das cidades e o regresso ao campo de parte da população, a reabilitação da agricultura de subsistência, um consumo moderado e não desenfreado, a reabilitação do convívio, num mesmo tecto, das várias gerações. O bom aproveitamento da sabedoria dos velhos, da energia dos jovens, da riqueza das crianças. A proibição do aborto, a perseguição do consumo e tráfico de droga, a condenação da homosexualidade, o desincentivo ao divórcio, a condenação social da imoralidade nos meios de comunicação e no espectáculo. A dignificação do trabalho, do esforço, da aprendizagem. A valorização da poupança, a condenação da usura. … Enfim, a leitura da Bíblia, do Corão, de outros livros sagrados e sábios, onde estão as soluções, desde há muito tempo atrás…

vigília de oração pela “vida nascente” proposta pelo Papa



A Igreja do Algarve vai associar-se ao pedido do Papa para que se realize em cada diocese uma vigília de oração pela “vida nascente”.

A sala de imprensa da Santa Sé revelou no primeiro dia de Outubro passado que Bento XVI vai presidir pessoalmente a uma vigília de oração pela “vida nascente”, que terá lugar a 27 de Novembro, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

A iniciativa terá uma dimensão mundial e acontece no início do Advento, tempo litúrgico que antecede o Natal.

O prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Antonio Canizares Llovera, e o presidente do Conselho Pontifício para a Família, Cardeal Ennio Antonelli, enviaram uma carta aos presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo, convidando os bispos a promoverem celebrações e iniciativas de oração análogas na suas Igrejas.

A intenção é “promover o compromisso e o testemunho eclesial por uma cultura da vida e do amor”.

Esta iniciativa, explicou o Pontífice, "está em comum com as igrejas particulares do mundo inteiro" e seu desenvolvimento foi indicado "também nas paróquias, comunidades religiosas, associações e movimentos".

"O tempo de preparação para o Santo Natal é um momento propício para invocar a proteção divina sobre todo ser humano chamado à existência, também como agradecimento a Deus pelo dom da vida, recebido dos nossos pais", afirmou.

O Bispo do Algarve anunciou na vigília de encerramento do Lausperene diocesano que a celebração será realizada na diocese algarvia no primeiro Domingo do Advento, dia 28 de Novembro, pelas 18h, na Sé Catedral de Faro, por não se poder realizar na véspera.

D. Manuel Quintas explicou que “a diocese vai unir-se ao Papa nessa oração”. “Em comunhão com o Papa e com todas as dioceses do mundo vamos reunir-nos com o objectivo de rezar pela vida que está a nascer. Corremos o risco de não dar o devido apreço à vida humana em todas as suas fases, desde a concepção até à morte”, advertiu o prelado, considerando que “começamos a ficar com o coração um pouco endurecido a esse nível porque já não nos respeitamos”. “Há atropelos diversos à vida humana”, observou o Bispo diocesano, adiantando que a mesma celebração poderá ser também feita noutras igrejas da diocese algarvia

Fonte: Folha de Domingo

A culpa é da vontade



Um dos argumentos mais invocados pelos arautos da educação sexual reside na importância capital da informação.

Os jovens, se tiverem acesso, a informação sobre métodos contraceptivos, automaticamente, quase ipso facto evitarão todas e quaisquer DST's ou gravidezes indesejáveis, dizem.

Estes arautos esquecem (ou querem esquecer), porém, uma realidade básica da natureza humana; esquecem-se da letra da música do António Variações (ele bem sabia do que estava a falar) "A culpa é da vontade" , o busílis da questão está na educação para a vontade e o auto-controle.

E para educar para a vontade são precisas mais coisas do que umas quantas horas de educação sexual na escola...

Ingenuidades..

Textos Rádio Costa D'Oiro dias 16 a 22 de Novembro




Dia 16 (3ª feira)
A Agência Ciência Viva, sob o alto patrocínio do FINIBANCO, trouxe ao PAVILHÃO DO CONHECIMENTO, em Lisboa, o tema do sexo sob o formato de uma instalação/exposição inter-activa temporária.
Segundo os media, a mostra destina-se especialmente a crianças e jovens dos 9 aos 14 anos, sendo concebida como um enorme desenho animado em vista de uma aproximação supostamente mais descontraída a esta temática.
O tema forte, como o nome indica, é o sexo e tudo o que anda ligado com ele: os órgãos genitais e o seu funcionamento, os óvulos e os espermatozóides, as grandes mudanças que ocorrem na puberdade, os contraceptivos e o seu funcionamento.
O espaço da exposição encontra-se dividido em diferentes áreas temáticas em que as transformações da puberdade, as relações sexuais, a reprodução, os contraceptivos e os bebés dão lugar a uma série de maquinetas, jogos, painéis com desenhos e filmes que abordam todas essas questões.
Foi confirmada a presença de várias crianças no local com idades inferiores a 9 anos, visto não haver qualquer controlo de entradas, sendo certo que o tratamento das matérias versadas não é sequer adequado para jovens de 14 anos, quanto mais crianças de 9 anos.
Nalguns dos textos é proposta linguagem perfeitamente vulgar e desajustada (calão). São exibidos (numa exposição para crianças sem controlo de idade no acesso) excertos de filmes classificados para maiores de 18 anos, com imagens explícitas de cenas homossexuais.
O sexo é apresentado como algo desligado do afecto e como uma concretização de impulsos primários, como se a vivência da sexualidade nos humanos não se distinguisse, no essencial, da sexualidade animal.


Dia 17 (4ª feira)
Em muitos sectores da sociedade e até alguns responsáveis pela área governativa tendem a aceitar como coisa boa a da precocidade no início da vida sexual. Tanto fará que ela se inicie aos 18 ou aos 8 anos de idade, dependendo apenas das pessoas e da sua vontade .É feita a aberrante promoção da chamada “pílula do dia seguinte”, um expediente que visa impedir a nidação, o que faz com que na sua utilização um novo ser humano, se já concebido, vá morrer de fome.Neste último caso a mensagem surge através de um visionamento interactivo onde é dito claramente que pode ser usada para evitar a gravidez, mesmo por adolescentes, sem qualquer rigor científico e sem avisar do risco de efeitos secundários.
Na polémica exposição actualmente no Pavilhão do Conhecimento, estranhamente, não é feita ao longo do espaço da exposição qualquer menção ao auto-controlo, nem tão-pouco à educação do desejo, apesar de sabermos que é precisamente na educação do desejo que nasce uma sexualidade madura e responsável. Desvalorizar este aspecto é promover uma sexualidade superficial, promíscua e sem pensamento, assim como o é excluir-se a presença dos pais como elementos fundamentais na educação sexual dos filhos. Numa zona determinada dessa exposição, inclusive, existe um canto vedado a adultos onde as crianças recebem a informação/formação de que a sexualidade é algo só deles e que os pais não têm o direito de se intrometerem (!).
A educação dos nossos filhos é o bem mais precioso, o maior investimento. Não podemos deixar que, em matérias sensíveis, os pais sejam afastados das sua função mais nobre: educar a personalidade.

Dia 18 (5ª feira)
Há 1 mês atrás, o Partido Comunista Português tomou uma iniciativa inédita e de grande importância na defesa dos direitos da mulher.
Na Assembleia da República, o PCP apresentou uma proposta que pretende ver reconhecida a exploração na prostituição como uma violação dos direitos humanos. Dizem os seus responsáveis que se tratam principalmente mulheres e crianças que, vítimas de tráfico ou não, são exploradas, escravizadas, sem que o Estado lhes ofereça uma verdadeira alternativa. Com este Projecto o PCP tem como objectivo retirar as pessoas prostituídas da vida sem luz, sem saídas, possibilitando que todas possam aceder aos instrumentos necessários que lhes ofereçam um caminho de dignidade e de humanismo.
O PCP também propôs ainda a proibição dos anúncios na comunicação social que de forma directa ou indirecta apelem ao lenocínio e à exploração na prostituição, e a tomada de medidas de reforço da protecção das vítimas de tráfico e das pessoas prostituídas.
Esta iniciativa é uma autêntica pedrada no charco porquanto se, por um lado, os direitos das mulheres são exaltados, por outro, verificamos que na televisão, na internet e na publicidade a mulher é quase sempre reduzida a um mero objecto sexual, sem qualquer dignidade.
Infelizmente, esta foi uma iniciativa política isolada de grande mérito por parte do Partido Comunista Português. Porém, perante a hipocrisia dos restantes partidos e da sociedade em geral, muito provavelmente irá cair em saco roto.


Dia 19 (6ª feira)
Diz quem viu os 3 Toy Stories que este 3º e último é, de longe, o melhor desta saga.
Melhor não só pela qualidade da animação e dos efeitos especiais, mas melhor sobretudo pela riqueza do seu argumento.
A questão é esta:Andy, o dono dos brinquedos cresceu, prepara-se para ir à Universidade e tem que tomar uma decisão sobre o destino dos seus brinquedos de criança.O filme começa com um feed-back:Somos transportados para o mundo da imaginação e de fantasia, suspense e muita, muita acção que têm como protagonistas principais os seus brinquedos e a enorme criatividade da cabeça de Andy.
Estudos confirmam que o principal e mais importante trabalho das crianças é...brincar.Ao brincar, a criança desenvolve competências, estimula a imaginação, a criatividade, mas também a capacidade de abstração e de criação de histórias, enredos e narrativas.
Embora haja quem diga que os jogos de computador também podem ser intelectualmente enriquecedores, o melhor que se pode fazer a uma criança é colocar-lhe 2 ou 3 brinquedos à frente e deixar que invente do nada uma história igual àquela que o Andy inventou no início desta 2ª sequela do Toy Story.
No final, antes de entrar para o carro que o levará para a Universidade e posteriormente para a entrada no mercado de trabalho, Andy acena e agradece aos brinquedos da sua vida.Na realidade, foi por eles e com eles que Andy conseguiu crescer e chegar à Universidade.O filme enaltece igualmente a importância da familia, da amizade e da solidariedade, mesmo para com os que nos querem mal, bem como o valor do casamento bissexual e da fidelidade conjugal, através dos vários gags da senhora e do senhor batata.
Para quem ainda não viu, aqui fica uma proposta para o fim-de-semana.


Dia 22 (2ª feira)
No Próximo dia 27 de Novembro, em Sangalhos, os Centros de Preparação para o Matrimónio, mais conhecidos por CPM, celebram os seus 50 anos de vida.
Quem pensa que o casamento é só o Amor e uma cabana está muito enganado e quem casa sem se preparar devidamente poderá correr o amargo sabor do fracasso da sua relação.
Porisso, o CPM é um movimento da Igreja Católica que tem como objectivo dedicar-se à preparação dos noivos para o Matrimónio de forma a:
Preparar o seu matrimónio
Reflectir sobre o seu noivado
Dialogar sobre a validade das suas ideias e dos seus comportamentos
para, desta forma:
despertar ou fazer crescer a fé
validar as suas ideias e os seus comportamentos, principalmente através do testemunho de outros noivos e casais;
fazer a aprendizagem de diálogo entre os dois;
reflectir sobre situações que afectam a harmonia das relações entre os elementos do casal de modo a desenvolver atitudes de superação dessas situações;
desenvolver atitudes e valores que desencorajem o recurso ao divórcio e ao aborto, contribuindo para a estabilidade da família.
formar no âmbito do planeamento familiar, capacitando os novos casais no sentido de uma paternidade consciente e responsável.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

QUEM APOIA AS FAMÍLIAS EM PORTUGAL?


A actual situação económico-financeira de Portugal está a deixar as famílias portuguesas encurraladas numa gravíssima situação cujas consequências só daqui a alguns anos conseguiremos avaliar.

Os casais estão a ficar escravizados por uma conjuntura que os obriga a terem de trabalhar cada vez mais.

É certo que noutros tempos a vida em Portugal era dura, não havia as comodidades que existem hoje e que, por isso, quase todas as famílias viveram na pele o fenómeno sofrido da emigração que obrigou à separação de muitos agregados na esperança da consecução de melhores condições de sobrevivência para os seus entes queridos. Mas o acesso a mais comodidades não significa necessariamente melhor qualidade de vida. Se assim fosse as gerações de hoje seriam as mais felizes de sempre e isso não acontece.

Hoje, a grande maioria dos casais vive igualmente escravizada em torno da sua situação laboral cada vez mais exigente. Ambos os cônjuges trabalham fora de casa e quando regressam ao lar a empresa doméstica está dotada ao abandono, sem que nada do que é necessário para vivência familiar esteja assegurado. Tanto o marido como a mulher trabalham mais de 10 horas por dia fora de casa, sendo que um estudo recente do INE aponta que as mulheres portuguesas trabalham em média por semana mais 5 horas que as mulheres dos restantes países europeus. No caso dos homens esse diferencial deverá ser ainda maior.

Muitos casais, para fazer face às despesas mensais, têm assumido mais do que um trabalho, depois do primeiro horário laboral ou ao fim-de-semana, com o consequente prejuízo que essa situação acarreta quer para a sua saúde pessoal, quer para o bem e estabilidade de toda a família. Outros, com mais sorte, recorrem a familiares que ainda os podem apoiar.

Os que mais sofrem com esta situação são, como sempre, os elos mais frágeis, ou seja, os dependentes, que o mesmo é dizer as crianças e os idosos, sobretudo aqueles já castigados por outras situações de sofrimento como a doença.

No caso dos idosos, estes vêem-se muitas vezes abandonados, jogados para situações, que em muitos casos, nem os próprios familiares desejariam em situação normal, por não promoverem a dignidade de ninguém, condição a que qualquer ser humano tem direito, independentemente da sua classe social. Constate-se a injustiça desta situação quando vemos que foram esses mesmos idosos, que, assegurando primeiro aos seus filhos, o apoio ao crescimento e à educação, voltam agora a fazê-lo aos netos porque os seus pais, repetidas vezes não o conseguem garantir. Se não há tempo para educar os filhos, muito menos o há para visitar familiares ou amigos e as relações não se fortalecem. E as famílias não têm tempo para ser família.

Neste contexto, aqueles que ainda, nas horas vagas, se dedicam a actividades voluntariosas em prol da comunidade, totalmente gratuitas e sem quaisquer outros interesses, são autênticos heróis, muitas vezes olhados com descrédito por parte dos seus coetâneos que não acreditam que por detrás da sua dedicação não exista qualquer contrapartida.

Este é um dos problemas que mais contribui para que a taxa de divórcios continue a crescer em Portugal e para descida acentuada da taxa de natalidade e a solução para ele reside na alteração do modelo económico que temos em Portugal e na Europa, que está esgotado, estando mais do que comprovado que o mesmo não resulta e apenas nos conduz ao abismo. Mas curiosamente isto não se discute…

O mercado de emprego em Portugal é cada vez mais monopolizado por dois ou três grandes empresários e as pequenas e médias empresas vão encerrando. Vivemos num país que não produz e em que quase todos trabalham no sector dos serviços. A agricultura foi desincentivada, as pescas viram a sua frota ser abatida, as indústrias foram descontinuadas.

A manter-se esta situação, e como país hiper-desenvolvido que somos no campo das novas tecnologias, daqui a algum tempo, quando tivermos fome, restar-nos-á talvez, como única possibilidade, a de nos alimentarmos da nossa colheita digital promovida numa qualquer FarmVille.

A história da humanidade está cheia de grandes civilizações que ruíram e o conhecimento da história dá-nos a vantagem de, a partir desses exemplos, evitar voltar a cometer os mesmos erros. O declínio desses povos começou exactamente pela ruína interna e não por agressões externas. Aprendamos com o passado e escolhamos novos líderes.


Samuel Mendonça

domingo, 21 de novembro de 2010

Vivências de um oncologista pediátrico


Ana Carolina, de cinco anos, tem uma cara zangada. Não come, não quer brincar, nem conversar. Só quer sair dali. Mas está presa a uma cadeira de rodas e a um balão de soro. À menina, com elásticos amarelos a apanhar as duas tranças, meias às riscas a balançar, impacientes, numa cadeira de rodas, custa-lhe caminhar.

Diagnóstico: tumor no fígado. Uma dor na zona abdominal que foi aumentando, falta de apetite, prostração. A ecografia feita no hospital de Famalicão dissipou as dúvidas. Já fez quimioterapia, cirurgia. Segue-se mais quimioterapia. O cabelo não lhe caiu.

"Foi em má altura" diz a mãe, à sua beira, grávida de quase cinco meses. Adélia Azevedo, 35 anos, escriturária. Em breve dará de mamar enquanto cuida de Ana Carolina e ainda da filha mais velha, com nove anos.

Ana Carolina quer ir para casa. Tem medo de vomitar, que é o que acontece quando faz tratamento.

São crianças como ela que, todas as manhãs, Armando Pinto recebe e acompanha. É um dos oito médicos do serviço de oncologia pediátrica. Todos os dias tem de tomar decisões difíceis em relação a tratamentos e a internamentos. E dá más notícias aos pais, mas também recebe alegrias de recuperações.

Demasiadas emoções. Não é como alguns colegas que dizem que as preocupações ficam à porta de casa, no final do dia. Não. Ele leva-as para casa, assume. E, às vezes, tiram-lhe o sono.

Inquietações que agora decidiu partilhar num livro, Vivências de um médico oncologista pediátrico, edições Afrontamento. Com uma dedicatória: "Às Mães que me deslumbram na minha vida profissional".

O médico admira a "capacidade de encaixe e versatilidade que as mães demonstram quando são colocadas perante a doença dos filhos". E conta como é difícil colocar-se no papel de lhes comunicar a notícia de que os filhos estão doentes. Todas as vezes são "tão difíceis como a primeira" que o fez. "Ponho a minha melhor atitude, tento colocar bem a voz com a ideia de transmitir segurança, uso poucas palavras, comunico rapidamente a parte central da má notícia", escreve. "Por exemplo, digo assim pausadamente: Já sabemos qual é a doença, é uma situação grave, não há dúvidas, mas temos tratamentos para fazer" e fico à espera... (...) Aguardo a reacção, exploro a expressão, os gestos, a movimentação dos presentes no consultório". "A luz ao longo do túnel"

"É muito difícil ser, todos os dias, médico oncologista", diz Nuno Gil, oncologista no Hospital da Luz, em Lisboa. Depois de 26 anos de profissão, um dos deveres que mais ansiedade lhe causa é o de dar más notícias. "Custa-me muito. Se pudesse, fugia. Pensei que, com o ganhar da experiência, as coisas se tornariam mais fáceis. Mas não."

Já viu muita coisa. Mas não se conforma com o sofrimento.

"Se a evolução das pessoas não é exactamente a que gostávamos e queríamos, que é o que acontece muitas vezes, para mim, pessoalmente, é uma grande dificuldade."

Todos os dias, alguém espera de Nuno Gil a última palavra para o seu problema. À sua frente está um homem. Ainda não chegou aos 50 anos, tem um tumor no pâncreas, pode não ter mais de dois meses de vida. Vale ou não a pena fazer tratamento?

Apesar de, há tantos anos, lidar tão de perto com a morte, esta não se tornou banal para Nuno Gil. "Quando as coisas nos correm pior do que pensávamos porque não atingimos o objectivo pretendido, para mim, é devastador", diz.

O envolvimento emocional do médico com os seus doentes é fundamental para os acompanhar ao longo da doença, defende. Uma figura pública que morreu recentemente disse dele que o tinha ajudado "mais do que a ver a luz ao fundo do túnel, a vê-la ao longo do túnel".

Na parede do seu consultório, tem quadros afixados pintados por doentes. Uma mulher pediu-lhe que tomasse conta do seu cão antes de morrer. Hoje, faz parte da família do médico composta pela mulher, "responsável pela pessoa que ele é", pelo seu equilíbrio, diz, e pelos filhos.

No hospital, Nuno Gil não se resume a diagnosticar e a receitar. Não reduz a sua actividade às consultas de oncologia a doentes em tratamento ou em vigilância e à assistência aos doentes internados. Escuta-os. Procura "para lá do que a ciência ensina, para lá do que procura medir". Porque, ensina-lhe a experiência, nem tudo a ciência pode prever, explica. Interessa-lhe o "lado humano" da intervenção clínica.

Mas o melhor que ele faz, diz, "não é como médico". Dedica uma parte do seu tempo a acompanhar os doentes nos seus últimos tempos, em suas casas e junto das suas famílias. Uma atitude frequentemente vista com estranheza pelos colegas.

Numa comunicação que apresentou num congresso, contou o caso de um dos doentes que acompanhou, 58 anos, quadro da Administração Pública já aposentado. Há cerca de 6 meses tinha-lhe sido diagnosticado um adenocarcinoma do pulmão, em estado avançado (como são 75% de todos os tumores do pulmão na altura do diagnóstico). Visitou-o nos últimos dias de vida. A condição física do doente alterara-se substancialmente.

O médico que o tratava considerara que não beneficiaria de fazer mais tratamentos oncológicos. Mas Nuno Gil, aconselhou a família sobre a melhor forma de o libertar da dor e lhe dar tranquilidade, para que se sentisse o melhor possível nos últimos dias da sua vida.

"Procurei sensibilizar a família para que continuasse a expressar junto do seu ente querido os mesmos afectos e as mesmas emoções como sempre tinham feito, mesmo sabendo que poderia não haver um retorno em termos de verbalização ou expressão gestual, mas que esses afectos continuariam a ser sentidos pelo doente. E estimulei-os a nunca descurar o contacto físico (carícias, beijos), porventura mais sentidos nesta fase da vida", conta.
Médicos têm de chorar

Uma vez, num avião, Nuno Gil cruzou-se com uma psicóloga suíça, no regresso de um congresso europeu em Viena de Áustria. À conversa, durante a viagem, "disse-lhe que os médicos, nalgum ponto da sua actividade, tinham de chorar com os seus doentes". Mas a psicóloga "não concordou nada porque achou que não podemos comprometer-nos emocionalmente com os doentes. E eu não sei se é assim... Porque se hoje se valoriza tanto o quociente emocional, então é porque significa alguma coisa", considera.

Para Nuno Gil,
"não podemos só ser testemunhas de que o sofrimento existe". O oncologista acha que "temos de conseguir mitigá-lo, dentro do que é possível. E isso exige compromisso".

É o compromisso que leva Armando Pinto, no IPO do Porto, a "nunca tirar a esperança aos pais de uma criança muito doente". Explicar "o que há para dar, no que é preciso pegar e fazer, como uma tarefa", enumera.
Na sua opinião, mais do que pensar na morte "há que estar preocupado com a vida e aproveitá-la o melhor possível". E é a essa luta que se "atira". Mesmo que, por vezes, a perca.

O médico conta a história de Tomás, um menino que ainda não tinha dois anos quando lhe foi diagnosticado um cancro. Fez tratamentos, pareceu recuperar e "o tempo, traiçoeiro, cínico, foi passando".

Cinco anos depois, eis que a doença reaparece: "Estamos mal... Ele está outra vez doente... Temos que avaliar a extensão da doença e vamos tratá-lo, temos medicação para lhe fazer... Vamos em frente, não se desiste..." Balbuciou o doutor metido no papel de valente, com uma firmeza postiça, incapaz, talvez de transmitir aos pais e à criança uma esperança e um optimismo que ele interiormente já não tinha", conta no seu livro. "Vamos lá para cima para fazer um tratamento, depois vais sentir-te melhor, mais forte..." e enquanto dizia isto, sentia um arrepio, um palpitar do coração, uma sensação de descontrolo, de boca seca, de perda, de medo, de revolta, de vergonha, de tudo".

O Tomás morreu naquela tarde. "Não se podia fazer melhor", disse o médico a si próprio.

Anos depois, os pais foram visitá-lo ao hospital. A mãe estava de novo grávida. Na sala de espera outros meninos esperavam também pelo "doutor Armando".

Fonte: Público
P.S.- Ver também site português sobre oncologia pediátrica, aqui.

sábado, 20 de novembro de 2010

O Papa e o preservativo


Para quem é católico e, desde já, de forma a evitar mais histerias, aqui fica o excerto contextualizado das últimas declarações do Papa sobre o uso do preservativo:


«[…] Em África, Vossa Santidade afirmou que a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da sida. Os críticos, provenientes também da Igreja, dizem, pelo contrário, que é uma loucura proibir a utilização de preservativos a uma população ameaçada pela sida.



Em termos jornalísticos, a viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da sida, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito – uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. E mantenho o que disse. Faz mais porque é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas, agindo preventivamente, educando, ajudando, aconselhando, acompanhando. Faz mais porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida. Pude visitar uma dessas unidades hospitalares e falar com os doentes.



Essa foi a verdadeira resposta: a Igreja faz mais do que os outros porque não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno. Não tinha, nesse contexto, dado a minha opinião em geral quanto à questão dos preservativos, mas apenas dito – e foi isso que provocou um grande escândalo – que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença.



Efectivamente, acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais.
Desenvolveu-se entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria ABC, que defende “Abstinence – Be faithful – Condom” (“Abstinência – Fidelidade – Preservativo”), sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa.



Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer.
Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade.



Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?



É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.»



In Bento XVI, Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos – Uma conversa com Peter Seewald, Lucerna, 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Doenças sexualmente transmissíveis afectam mais os homossexuais, os bissexuais e os heterossexuais promíscuos

DST's afectam mais homossexuais, bissexuais e heterossexuais promíscuos

Depressão e os efeitos do aborto

Aborto-y-depresión

O sentido da sexualidade

El Sentido de La Sexual Id Ad Textos

O fracasso da Educação Sexual estatal no Reino Unido


A Inglaterra tem as taxas mais elevadas de gravidezes de adolescentes en Europa.
Apesar de 10 anos de intensos esforços do Partido do Labour, aplicando estratégias típicas de prevenção, incluíndo a ampliação da educação sexual, a crescente disponibilidade para a contraceção e o aumento do acesso ao aborto (inclusivé, sm consentimento dos pais), a taxa de natalidade entre as adolescentes continuou a aumentar de 5% a 10% por ano e 50% das gravidezes de adolescentes em Inglaterra termina emaborto”.


"(...) “Artigos médicos publicados pôem em dúvida a educação sexual actual e as estratégias do aborto para reduzir a maternidade adolescente. Não obstante e ainda que pareça mentira, estes estudos são praticamente ignorados.

Em 2002, o British Medical Journal publicou uma meta-análise sobre o assunto. Uma meta-análise é uma cuidadosa resenha sistemática, um método que deteta com precisão as pequenas diferenças, analisando benefícios e efeitos negativos. Este estudo incluíu 12 bases de dados electrónicos, 10 journais de prestigio, contacto con os autores e apurou que as estratégias de prevenção, educação sexual standard e o planeamento familiar "não atrasam o início das relações sexuais, nem melhora o uso de métodos d controlo natal entre os jóvens , nem tão pouco reduzem o número de gravidezes em mulheres jóvens”. También a mesma metanálisis “mostra que alguns destes programas aumentam as taxas de gravidez e as denças sexualmente transmissíveis.”

“90% dos pais querem que os seus filhos aprendam a abster-se da sexualidade", disse a Dra. Miriam Grossman, autora de “Unprotected” (“Sem Proteção”) na sua apresentação durante a Comissão sobre o estatuto da Mulher-CSW. Miriam Grossman, psiquiatra do Centro de Saúde Estudante da Universidade da California, explica neste livro que a noção de "sexo seguro" impele o estudantes a uma falsa noção de segurança que promove as relações sexuais casuais. E é isto o que coloca em perigo a sua saúde emocional e física..

Esta noção não é uma ideia isolada, sendo também corroborada em outros âmbitos. Por exemplo, o Jornal “Investor’s Business Daily” informa que “os adolescentes que praticam a abstinência rendem melhores resultados académicos e têm quase o dobro de probabilidade de obtr uma licenciatura na Universidade.”

- Joan Claire Robinson é assistente do Editor de Population Research Institute.
- Steve Mosher é o Presidente do Instituto de Investigação em População (Population Research
Institute)

Fonte:

http://www.sinsida.com/analisis/montador.php?tipo=noticia&categoria=analisis&fichero
=Emba9-5-10

Em Faro, casais no desemprego recorrem a associações de apoio a sem-abrigo

O número de refeições distribuídas diariamente pelo Centro de Apoio aos Sem Abrigo (CASA), em Faro, no Algarve, aumentou de 80 para 500 nos últimos 14 meses, escreve a Lusa. «Estamos a dar de comer a um por cento da população de Faro. Há 14 meses cerca de 80 pessoas recebiam refeições, mas desde essa altura que as ajudas subiram, exponencialmente, e estamos a dar alimento a 500 pessoas por dia», disse esta quinta-feira à Lusa Pedro Cebola, coordenador da CASA.
A CASA, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) fundada em Faro há três anos, iniciou o seu trabalho entregando na rua refeições aos sem abrigo, especificamente a toxicodependentes e alcoólicos, e tem actualmente cerca de 300 voluntários.«Cerca de 70 por cento das pessoas que hoje nos pedem ajuda para comer são desempregados, casais em que ambos caíram no desemprego, avós com netos à sua guarda que ficaram sem apoios sociais e reformados por antecipação ou invalidez», explicou Pedro Cebola.
Os imigrantes de países do leste europeu, principalmente ucranianos, que trabalhavam na construção civil e nas estufas do concelho de Faro, também pedem ajuda à CASA e já representam 15 por cento do público que pede ajuda alimentar, acrescentou.Na quarta-feira, a CASA recebeu 30 novos processos de pessoas que foram pedir ajuda e pelo menos 25 pessoas, com base nas despesas que têm e rendimentos, deverão ter direito a apoio.
O Centro de Apoio aos Sem Abrigo lança no Algarve este sábado, dia 20, e até 31 de Dezembro, uma campanha de Natal denominada «Casa Mágica Solidária» para angariar cerca de dois mil brinquedos para crianças e para oferecer um almoço de Natal e cabazes de Natal a 600 carenciados da região.A maioria das autarquias algarvias reforçou este ano as verbas no orçamento municipal para a acção social, com câmaras a elevarem em um terço ou quase 50 por cento os apoios sociais.O distrito de Viseu vive um problema semelhante. As famílias com fome esgotaram o armazém de comida da Cáritas diocesana.
Fonte: TVI

Portugal Solidário


No Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, a TSF e a Mota-Engil lançam o prémio Manuel António da Mota para distinguir a Instituição Particular de Solidariedade Social que mais se destaca no exercício da sua actividade.Portugal Solidário traz à antena da TSF, as histórias de quem dá e recebe solidariedade.

Portugal Solidário, é uma parceria TSF/Mota-Emgil, com coordenação de Nuno AmaralDe Segunda a Sexta-feira, às 07h40 e 18h45.
Para saber mais informações sobre o Prémio Manuel António da Mota, e para se inscrever, consulte aqui o site.

Votar o direito à vida

Quando pensamos que já batemos bem no fundo, afinal, ficamos a saber que ainda fundo maior do que o fundo em que nos encontramos:

Um casal norte-americano lançou uma votação no seu site de Internet para decidir se irá ou não abortar aquele que seria o seu primeiro filho. Os votos serão contados até 7 de Dezembro, data-limite legal para a interrupção voluntária da gravidez, mas até agora o aborto leva uma ligeira vantagem (54 por cento contra 46).

Fonte: Correio da Manhã

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Um punhado de coisa nenhuma



Constituir família continua a ser a resposta que colhe a maioria das respostas nos estudos de opinião acerca do que as pessoas desejam para as suas vidas ou ainda o que as pessoas indicam como factor determinante para a conquista da felicidade.


No entanto, os indicadores apontam em sentido bem contrário ao dos desejos expressos em tantas sondagens e estudos de opinião:


- redução do número de casamentos (apesar de uma ligeira subida dos casamentos civis no último ano),


- elevado número de divórcios (quase 30% dos casamentos),


- significativa instabilidade nas uniões de facto,


- aumento das famílias em situação de monoparentalidade (quase 12% das famílias).


Na verdade, a realidade está bem distante da expectativa expressa, do futuro sonhado.

Mas porquê esta divergência entre a meta e o realizado?

Dizia-me um advogado com larga experiência em casos de divórcio que o que mais o perturbava ao fim de muitos anos a lidar com casais desavindos, irreversivelmente desavindos, era a verifi cação que o que marcava a maior parte das discórdias era um punhado de coisa nenhuma: Insignificâncias acumuladas, desencontros e contratempos, silêncios, desencantos, cansaços, que um sorriso, uma palavra, um olhar atento, um segundo de atenção e vontade, teriam eventualmente impedido que a ruptura se instalasse.


Há quem defenda que a família está em crise, como se fosse uma construção abstracta, com vida e vontade próprias, autonomizada de quem a compõe e constitui; que a sociedade contemporânea requer formas mais versáteis e fluidas de vida comum que melhor se adequem à transitoriedade descomprometida das relações interpessoais dos nossos dias.
Contudo, a sociedade, hoje como sempre, depende de comportamentos estruturados e estabilizados, fiáveis, indutores de segurança, promotores da indispensável coesão social.

A crise estará sim nas pessoas que perderam competências de relação, que desaprenderam que amar é também intuir o outro e sentir empatia, que desconhecem e descrêem que a vida comum depende da vontade de em cada dia construir uma vida em comum.


Maria do Rosário Carneiro

Deputada do Partido Socialista

Fonte: Página 1

Um filho para a eternidade: como acolher e amar um filho condenado a morrer

A minha recomendação de leitura de hoje:O livro “Un enfant pour l’éternité”, de Isabelle de Mézerac, descreve a aventura emocionante de uma mãe diante do diagnóstico pré-natal de trisomia 18, e que decide continuar com a gravidez e acolher o seu filho condenado a morrer a partir do seu nascimento.
A leitura é muito difícil; para pessoas muito sensíveis e idealistas (como eu), é realmente doloroso.É muito duro seguir passo a passo esta mãe que quer com toda a sua alma o filho que leva no seu interior, e que está condenada a chorar a sua morte inexoravelmente anunciada.
Ao ler o livro, ficamos destroçados como ela, o seu marido e os seus filhos, diante da tormenta de sentimentos contraditórios que enfrentam penosamente durante esta espera. Este caminho conduz a um sentimento assombroso de plenitude apesar do sofrimento.
“Plenitude deste amor gratuito completamente entregue. Plenitude deste caminho realizado na verdade. Plenitude desta relação conduzida até ao fim.”
“Ir o mais longe possível na relação com aquele que vai morrer, inclusive por tratar-se de um filho que vai nascer, deixa-nos tempo para dar tudo, dizer tudo e autoriza-nos a reerguer a vida”.
A dada altura, Isabelle de Mézerac dá o seguinte testemunho: “aceitar os limites da medicina, sem enganar, olhar o nosso sofrimento de frente, sem pretender esquivar-se, enfrentar a morte na sua hora, sem querer antecipá-la, é tudo o que aprendi com Emmanuel, e é por isso que reergo a vida!”.
Ela também nos confia a reflexão de um dos seus filhos, na noite da morte do seu irmão pequeno: “olhou-me intensamente, e através das suas lágrimas garantiu-me que agora sabia que eu o teria amado, até ao fim, mesmo se ele tivesse tido uma mal-formação!”.Mal-estar em torno do diagnóstico pré-natal
A leitura deste livro causa-nos uma impressão violenta do mal-estar que rodeia a prática e o anúncio do diagnóstico pré-natal. Diante do conhecimento de uma malformação grave do seu bebé antes do nascimento, os pais encontram-se completamente vulneráveis, perdem a sua liberdade de escolha e encontram-se nas mãos dos cuidadores, os quais geralmente lhes propõem o aborto.
Isabelle de Mézerac fala de uma engrenagem infernal, de um jogo de bilhar que se converteu numa loucura, e diz que antes da intervenção de uma amiga geneticista, nem sequer sabia que era medicamente possível prosseguir com a gravidez.
No caso de malformação mortal, o aborto é o normal, e a continuação da gravidez é uma alternativa que raramente é proposta pelos médicos.
Então, fica a minha recomendação - uma dose de realidade e de amor realista: Isabelle de Mézerac, Un enfant pour l’éternitéVale muito a pena.
Via Newsletter: É o Carteiro.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Fundação Maria do Carmo Roque Pereira

A Fundação Maria do Carmo Roque Pereira é uma IPSS cuja actividade principal é uma creche e um jardim Infância na zona da Graça, em Lisboa, com 50 Crianças entre os 18 meses e os 5 anos. Apoiamos também cerca de 80 familias (mais de 250 pessoas) através da entrega de cabazes do Banco Alimentar. Funcionamos há alguns anos nos Claustros da Igreja da Graça.
Um sitio lindissimo mas com muitas limitações e algumas faltas de condições, que todos os dias vamos tentando melhorar para oferecermos o melhor serviço - a equipa que ali está é extraordinária e às vezes faz verdadeiros milagres. Como IPSS vocacionada para o apoio a famílias desfavorecidas e com muitas dificuldades, todos os dias apertamos o cinto e temos mesmo a corda ao pescoço.
Precisamos de adquirir equipamentos e materiais, e sobretudo algumas obras são necessárias para que possamos manter os requisitos mínimos exigidos pela Segurança Social e ME e assim continuarmos a nossa missão - sem isso, a nossa creche corre o risco de fechar, o que lançaria na verdadeira miséria famílias inteiras que vivem já na pobreza, devido à falta do salário das mães que teriam que deixar de trabalhar para ficar com um bebé em casa. Não imaginam a angústia que nos dá só de pensar nisso.

Por isso, me dirigo a todos a pedir a vossa ajuda.
Quer seja com donativos em dinheiro, ofertas de bens, ou até contactos directos com empresas que nos possam ajudar quer monetariamente quer com oferta de produtos (por exemplo, não conhecem ninguem na RENOVA para que nos possam oferecer papel higiénico? Era menos uma despesa...).

Aqui ficam algumas das coisas que precisamos:

Triciclos
Utensílios de cozinha (nomeadamente um passevite e um passador semi industrial)
Electrodomésticos (especialmente uma máquina de lavar roupa)
Estantes (em princípio temos que ser nós a comprar pois há normas de segurança a cumprir)
Caminhas novas
Uma mesa e cadeiras para a sala dos mais pequeninos
Equipamentos lúdicos para o jardim
Aquecedores (o espaço é enorme e muito difícil de aquecer)
Fundos para actividades dos meninos no exterior da instituição (o transporte sai caríssimo porque é exigido um autocarro com cadeirinhas de criança)
Caixa de exterior para guardar brinquedos grandes
Fotocopiadora
Vasos grandes
Várias coisas necessárias para a segurança do jardim (cerca, protecções nos troncos de árvores, etc.)

Precisamos ainda de cimentar o acesso à creche, de pintar os claustros, e o nosso grande sonho é conseguir arranjar o jardim pondo relva e a respectiva rega (ninguém conhece uma empresa de jardinagem de boa vontade?
Também temos orçamentos para quem quiser ajudar financeiramente essa obra)

tudo é bem vindo.... e assim, grão a grão.....
deixo-vos já o nosso NIB - Fundação Maria do Carmos Roque Pereira - 0035 0355 0000 0255 8301 3 (CGD) (não esqueçam de pôr o vosso nome para identificarmos a transferência!) e peço-vos o favor de passar a palavra.
A Fundação passa recibo de donativo que desconta 130% no IRS (para isso precisamos do nome, morada e NIF), e até apresentamos os recibos das compras para confirmarem em que se gastou o valor doado caso queiram dar uma ajuda para alguma coisa específica da lista acima.

Prometo que serão compensados com a amizade e Oração de todas as crianças e funcionárias da creche, e acima de tudo com as nossas, é claro
OBRIGADA E FELIZ NATAL

Thereza Ameal (Amêndoa)
Miguel Ameal
Susie Ambrósio (Directora de Serviços)

contactos: mcrp@sapo.pt

(Recebida por e-mail)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Textos Rádio Costa D'Oiro dias 9 a 15 de Novembro



DIA 9 DE NOVEMBRO
Em Portugal, as famílias com filhos a cargo, em especial as famílias numerosas, são as que têm maiores índices de pobreza e são as que sofrem mais privações económicas – todos os indicadores o mostram claramente;
· São também as mais vulneráveis a alterações nos rendimentos da família motivadas por situações de baixa de salários, desemprego, doença e outras;
· Contudo, todas as alterações já aprovadas e em projecto vêm diminuir de forma particularmente acentuada e desproporcional em relação aos outros agregados o rendimento per capita disponível.
· Portanto:
Não existe, neste momento, nas actuais políticas qualquer preocupação de equidade no tratamento das famílias com filhos, em especial das famílias numerosas.
Sendo Portugal o país no Mundo que está a envelhecer mais rapidamente e constituindo este aspecto um factor de grande redução da sustentabilidade económica e social do país, comprometendo de forma particularmente grave o futuro, mais difícil se torna compreender como não só não se assiste à construção de um plano que permita alterar este estado de coisas como, pelo contrário, as famílias com filhos, em particular as numerosas sejam especialmente sobrecarregadas com o ónus da actual situação.
Este texto foi extraído do último comunicado da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas

DIA 10 DE NOVEMBRO
Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente.Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. (…) é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.
Este texto foi extraído de um texto da autoria do Dr Pedro Afonso, médico psiquiatra.

Dia 11 DE NOVEMBRO
O Ministro das Finanças desafiou o país a encontrar possíveis cortes eficazes na despesa pública que simultaneamente:minimizem o aumento de impostos;minimizem a redução salarial.
A associação In Familia sugeri algumas medidas concretas:
- Extinguir o subsídio social na maternidade nos casos de interrupção voluntária da gravidez (cfr. Dec-Lei 105/08).
Se foi retirado o abono de família para casais que ganham 800 euros/mês, porquê manter um subsidio de maternidade a quem não quis a maternidade?
- Cobrar pelo segundo e subsquentes abortos.
Aumentam as mulheres que fazem do aborto um contraceptivo, contra a lei da interrupção voluntária da gravidez. Quem aborta por planeamento familiar deve pagar com o seu dinheiro, e não com o dinheiro de todos.
- Liberalizar a Educação sexual
A recente Lei 60/2009 implica supérfluos custos de formação e contratação de professores, materiais, entre outros. Tornar a disciplina opcional reduzirá enormemente as respectivas despesas. O impacto destas 3 medidas é imediato.
Segundo um estudo recente da Federação Portuguesa pela Vida, nos últimos 3 anos o Estado desperdiçou mais de 30 milhões de euros com abortos a pedido da mulher, ou seja, cerca de 10 milhões de euros anuais. As medidas 1 e 2 acima indicadas reduziriam drasticamente esse valor, e corrigiriam o previsível futuro agravamento pela tendência de aumento dos abortos anuais em Portugal.
Este texto é da autoria da associação inFamilia

Dia 12 DE NOVEMBRO
O casamento feliz não é nem um contrato nem uma relação. Relações temos nós com toda a gente. É uma criação. É criado por duas pessoas que se amam. O nosso casamento é um filho. É um filho inteiramente dependente de nós. Se nós nos separarmos, ele morre. Mas não deixa de ser uma terceira entidade. Quando esse filho é amado por ambos os casados - que cuidam dele como se cuida de um filho que vai crescendo -, o casamento é feliz. Não basta que os casados se amem um ao outro. Têm também de amar o casamento que criaram.
O nosso casamento é uma cultura secreta de hábitos, métodos e sistemas de comunicação. Todos foram criados do zero, a partir do material do eu e do tu originais.Foram concordados, são desenvolvidos, são revistos, são alterados, esquecidos e discutidos.
O casamento é um filho carente que dá mais prazer do que trabalho. Dá-se de comer ao bebé mas, felizmente, o organismo do bebé é que faz o trabalho dificílimo, embora automático, de converter essa comida em saúde e crescimento.Também o casamento precisa de ser alimentado mas faz sozinho o aproveitamento do que lhe damos. Às vezes adoece e tem de ser tratado com cuidados especiais. Às vezes os casamentos têm de ir às urgências. Mas quanto mais crescem, menos emergências há e melhor sabemos lidar com elas.
Este texto foi extraído de uma crónica de Miguel Esteves Cardoso no jornal “Público”

Dia 15 DE NOVEMBRO
Os livros que li dão a ideia de que os casamentos felizes dão muito trabalho. Mas se dão muito trabalho como é que podem ser felizes?
Quando vemos o trabalho que os filhos pequenos dão aos pais, parece-nos muito e mal pago, porque não estamos a receber nada em troca. Só vemos a despesa: o miúdo aos berros e a mãe aflita, a desfazer-se em mimos.
É a mesma coisa com os casamentos felizes.
Os pais felizes reconhecem o trabalho que os filhos dão mas, regra geral, acham que vale a pena. Isto é, que ficaram a ganhar, por muito que tenham perdido. O que recebem do filho compensa o que lhe deram. E mais: também pensam que fizeram bem ao filho. Sacrificam-se mas sentem-se recompensados.
Num casamento feliz, cada um pensa que tem mais a perder do que o outro, caso o casamento desapareça. Sente que, se isso acontecer, fica sem nada. É do amor. Só perdeu o casamento deles, que eles criaram, mas sente que perdeu tudo: ela, o casamento deles e ele próprio, por já não se reconhecer sozinho, por já não saber quem é - ou querer estar com essa pessoa que ele é.
Se o casamento for pensado e vivido como uma troca vantajosa - tu dás-me isto e eu dou-te aquilo e ambos ficamos melhores do que se estivéssemos sozinhos -, até pode ser feliz, mas não é um casamento de amor. Quando se ama, não se consegue pensar assim.
Assim como o primeiro dever do médico é não fazer mal ao doente, o primeiro cuidado de um casamento feliz é não inventar e acrescentar conflitos desnecessários. (....)
Este texto foi extraído de uma crónica de Miguel Esteves Cardoso no jornal “Público”

domingo, 14 de novembro de 2010

Perseguições pós referendo


Jornal i:


Deu também a cara pelo movimento contra o Interrupção Voluntária da Gravidez. Não arriscou demasiado?


Kátia Guerreiro (fadista):


Sei de artistas que deram a cara pelo "não" e que ficaram sem trabalho. Do outro lado da barricada, duvido que isso tivesse acontecido. Sou uma mulher muito corajosa, se cair um bocadinho levanto-me. Achei que tinha esse direito e dever e que seria possível uma discussão mais séria. Houve muita manipulação política. Fui naive.


Como ajudar os filhos meninos a entrar na puberdade



Sabemos que o crescimento não é igual nem tem o mesmo ritmo em todas as fases do desenvolvimento. A adolescência nos faz pensar, em primeiro lugar, na brusca mudança do ritmo do desenvolvimento. A puberdade supõe a transformação física do menino em um adulto. E isto ocorre em poucos meses, durante os que sofrerá mais mudança que durante os últimos anos juntos.
Se consideramos que na adolescência há diversa fases, a puberdade se apresenta como a primeira e como a mais brusca em sua aparição e conseqüência imediatas. Costuma-se distinguir na adolescência três fases:


1. A puberdade, ou a primeira adolescência.

2. Uma adolescência média (que abrangeria o período entre os 14 e os 16 anos).

3. Uma adolescência superior, que terminaria em torno dos 20 ou 21 anos. A puberdade supõe uma série importante de mudanças físicas e mentais e de maturidade da personalidade que devemos ver detalhadamente.As mudanças físicasPor puberdade se entende o conjunto de mudanças psicofísicas que supõem o início da adolescência. Puberdade e adolescência não querem, portanto, significar o mesmo.


Não há uma correspondência exata entre puberdade fisiológica e puberdade mental. Quando o desenvolvimento físico já está completo, na maioria das ocasiões, não podemos falar de verdadeira maturidade mental e emocional.


NOSSO FILHO DEVE SABER O QUE LHE ESTÁ OCORRENDO


As mudanças físicas vão ser numerosas. É fundamental que nem os pais nem o menino sejam pegos de surpresa. Antes de que se inicie este processo deve haver uma conversa pai-filho, para que o garoto vá compreendendo seu significado e sentido. Isto não vai solucionar seu desconcerto ante o descobrimento do novo mundo de sua intimidade, mas será uma ajuda muito importante. E, sobretudo, será uma porta cada vez mais firme de confiança entre ambos.


É IMPORTANTE ESTABELECER AS BASES DE UMA VERDADEIRA CONFIANÇA E COMPREENSÃO


O primeiro aviso costuma ocorrer com a voz. Um dia parece gripado, como se estivesse rouco. Esta rouquidão irá e virá. Progressivamente a voz se tornará grave. Alguns meninos passam uma fase, breve, na qual têm freqüentes altos e baixos tonais. Nunca há regras fixas, alguns seguem com tom de voz aguda durante um tempo (em ocasiões, inclusive mais aguda que antes, para seu desespero). Mais de 75% dos garotos aos treze anos já “mudou a voz”.


Em torno dessa idade, também aparece o primeiro esboço de pêlos nas pernas, braços e nas axilas, assim como na região do púbis. Os sapatos aumentam o número e costumam aparecer os primeiros “pêlos” de bigode. O nariz, às vezes, fica desproporcional durante um tempo. Este crescimento rápido e sem harmonia de certas partes de seu corpo não apenas pode causar inquietude, mas também certos problemas de coordenação motora, porque não têm tempo de adaptar-se a suas novas proporções.


Em 80% dos meninos, começa aos treze anos o que familiarmente se costuma chamar o “estirão”. Isto não ser verá completado, na maior parte dos casos, até os quinze ou dezesseis anos. A estatura é um motivo freqüente de preocupação e inquietude nesta idade. Com freqüência se medem e se comparam entre si. Para nenhum é algo indiferente.


Ao final dos catorze anos, os órgãos genitais já apresentam forma adulta. Entre os treze e catorze anos todos os meninos já tiveram sua primeira ejaculação noturna. Mas isto não que dizer que possamos falar de completa maturidade sexual. Se aos quinze anos todavia não se produziu essa primeira ejaculação noturna devemos recorrer a um especialista, para que comprove se o atraso é devido a alguma disfunção orgânica ou simplesmente a um período de maturidade mais lento.


A saúde costuma ser excelente. Além disso, o momento é de grande apetite. Desfrutam comendo, sobretudo os que fazem esportes.


O sono se regulariza, ainda que seja o menino quem prefira escolher a hora de deitar. Neste ponto há que ter cuidado, porque alguns tendem a escutar música ou ver televisão até altas horas da noite, porém não devem dormir menos de oito horas.
É possível que atravessem fases de certo cansaço físico. É natural, seu organismo está crescendo muito depressa e pode ser que necessitem um pequeno reforço, determinado por consulta médica.
Cada caso é único. O que se procurou fazer foi oferecer a pauta mais freqüente do desenvolvimento físico na puberdade.


O desenvolvimento mental


Costuma-se considerar que o desenvolvimento mental de um indivíduo está completo ao final da adolescência. O mais significativo é que o menino possui uma lógica ligada ao concreto, e se restringe a combinações simples; o adolescente já é capaz de manejar símbolos complexos, argumentar por meio de hipóteses e deduções que não se encontram ligadas de forma imediata com a realidade concreta que lhe oferece a experiência.


A chave de todo este processo mental reside no domínio do pensamento abstrato. Por exemplo, uma criança entende o que significa que uma coisa é bonita, ou que disse uma mentira, mas não é capaz de entender a beleza, a verdade etc. O adolescente já entende.


É este o motivo de que surja a necessidade de afiançar suas idéias, rebelando-se contra seu mundo anterior, que considera infantil e falto de justificação. A sua opinião cobra singular significado. Mas para poder opinar é imprescindível a reflexão.


A REFLEXÃO, A CRÍTICA E A AUTO-CRÍTICA PERMITEM AO ADOLESCENTE CONHECER MELHOR O MUNDO QUE LHE RODEIA E A SI MESMO


O adolescente de catorze anos necessita interpretar, justificar etc. Seu mundo é aberto ao futuro, cheio de possibilidades e novidades.
A curiosidade do adolescente é insaciável, ainda que nem sempre está na linha do que deve aprender ou estudar. É curioso ver como, quando se interessa por um tema, recolhe infatigavelmente informação, analisa e pode chegar a acumular tal quantidade de dados que surpreenderá a qualquer perito.
Mas o que mais lhe interessa descobrir e analisar é seu próprio mundo interior. Um novo eu se apresenta diante dele, o que faz com que toda a realidade seja vista e compreendida a partir de uma nova perspectiva.


O descobrimento da personalidade


“Desconcerto” costuma ser a palavra-chave para expressar as reações do menino e as de seus pais. A causa mais imediata deste desconcerto é que tudo está mudando e ele não está tomando parte ativa nesse processo. As mudanças ocorrem e vão mais rápido do que ele é capaz de assimilar.
O traço mais significativo é o início do descobrimento da própria personalidade. Esta é, sem dúvida, a razão que, em última instância, justifica a rebeldia da adolescência. Rebeldia que, pelas dificuldades que comporta, tanto para o próprio adolescente como para os que com ele convivem adquiriu um sentido pejorativo. E isto é errôneo, pois essa rebeldia é o único meio para que o adolescente adquira autonomia e se converta em um ser livre e responsável de seus atos.
Esta rebeldia se manifesta em detalhes muito infantis, na maior parte das ocasiões. E, sobretudo, costuma ser grupal. A turma será o âmbito próprio das primeiras experiências do adolescente. Aqui está se falando de uma rebeldia bem encaminhada, e não de formas patológicas que desembocam em comportamentos anti-sociais e marginais.
Essa nova capacidade de utilização da inteligência, junto a uma imaginação mais rica, explica, em parte, a difícil adaptação do adolescente à realidade e a complexidade de suas relações com os demais e consigo mesmo. Assim, com freqüência, trata de superar sua insegurança, timidez e sentimentos de inferioridade, criando um mundo imaginário onde seu domínio e poder são totais.
Este mecanismo de evasão é normal em si próprio; patológico, se o adolescente não é capaz de superá-lo. Outras vezes, a insegurança e o sentimento de inferioridade se disfarçam de prepotência, de insolência, até de violência. Estaríamos em outra situação limite, que poderia desembocar em delinqüência.O descobrimento do euÉ evidente que a consciência que o adolescente forja de si mesmo e do mundo que lhe rodeia não depende apenas de sua nova capacidade de abstração, que é um processo evolutivo da inteligência comum a todas as pessoas, mas de vários fatores.
As experiências anteriores, a vida familiar e o ambiente no qual viveu, o desenvolvimento e educação que se deu à sensibilidade, a atitude que aprendeu e adota ante a cultura, são fatores que condicionam a atitude que o adolescente adota sobre si mesmo – embora não sejam totalmente determinantes: a pessoa humana é livre por natureza.
Se o descobrimento do mundo interior da pessoa se realiza no momento em que a estabilidade emocional é mais precária, a crise de personalidade pode chegar a converter-se em uma verdadeira crise espiritual.
Os pais devem estar especialmente atentos nestes momentos, embora não devam causar uma sensação de intromissão na intimidade do filho.


NA ADOLESCÊNCIA A VIDA INTERIOR SE DESPERTA, EM SEU SENTIDO MAIS PLENO


O descobrimento da intimidade, de que é uma pessoa única, diferente de todas as demais, costuma dar lugar a diversas manifestações. É freqüente que comece por fechar-se em si mesmo, passando longas horas “pensando” em... nada concreto e em tudo em geral.


Aqui a imaginação desempenha um papel fundamental, pois lhe proporciona a possibilidade de ensinar, realizar, derrotar. Em suma, oferece-lhe a imagem que gostaria de oferecer ao exterior, e que considera que não coincide com a real, repleta de reações que nem ele compreende.


Nessa busca em seu interior, os demais ocupam um lugar muito especial. Da mesma forma que ele se analisa e critica, em constante processo de auto-afirmação, analisa e crítica os demais. Necessita modelos, pautas de conduta atrativas para imitar, ”heróis” que dêem sentido a seu mundo, que descobriu cheio de defeitos e injustiças.


É neste momento que a imagem dos pais, sobretudo a da mãe no caso dos meninos, fica mais estacionada. O adolescente descobre que são simplesmente pessoas, com defeitos – virtudes agora se vêem poucas –, além disso, os pais parecem não se dar conta de que ele já é um adulto.
A reflexão e a meditação requerem certas condições de isolamento que nem sempre são entendidas pelos pais, ao interpretá-las auto-marginalização. Essa solidão é necessária, e deve ser respeitada. Isto é especialmente importante se durante este período de descobrimento da própria intimidade pretendemos ensinar-lhe que respeite, por sua vez, a intimidade dos demais.

Adaptação do Capítulo I do livro “Seu filho de 13 a 14 anos”, de Vidal Sánchez Vargas e Miguel Ángel Esparza.
Publicado no Portal da Família em 23/08/2007